terça-feira, 28 de março de 2017

Salvador Fernandes Zarco “Cristofõm Cólon”

O Alentejano que descobriu a América

Cinco séculos depois das viagens épicas começadas em 1492, estão descobertas evidências conclusivas sobre a nacionalidade de Salvador Fernandes Zarco, português de Cuba,  nasceu na Herdade de Columbaes, perto da vila de Cólos, actual concelho de Cuba, mais conhecido pelo seu pseudónimo de "Cristóvão Colombo".
Comecemos por perceber que as várias teorias quanto à origem do navegador são apenas um dos muitos pormenores que fazem parte da enorme teia de mentiras construída nesse período.

Trata-se de uma gigantesca trama histórica organizada com fins políticos bem definidos e com pleno êxito, como a extensa literatura sobre os factos demonstra quanto à redacção que a História acabou por ter.
O descobridor da América é considerado a segunda pessoa mais conhecida do mundo e também a segunda sobre quem mais se escreveu até hoje, logo a seguir a Cristo.
Envolto em mistérios, que incluíam a sua própria identidade e origem, o navegador foi polémico em vida, bateu o pé a monarcas e afrontou a própria Igreja, no debate do seu mais valioso tesouro: o conhecimento.
O primeiro testemunho registado pela História quanto à sua origem data de 1486, no livro de contas de Pedro Diaz de Toledo, que se refere a Colombo como "El Portugues".
Nunca foi considerado espanhol - aliás, os textos espanhóis classificam-no sempre como "um estrangeiro em Espanha" - mas tem-se tentado fazer crer que seria italiano, nascido em Génova, teoria ora desacreditada, com base em factos históricos não muito difíceis de assertar.

Factos

Dois factos contribuíram para que a confusão vingasse: razões de peso por parte do português para não tornar públicas as suas origens e o próprio nome, e as conspirações políticas de D. João II, incluindo os atentados de 1484 que fizeram a coroa não querer levantar ondas e serviram para esconder alianças estratégicas.
  •     O primeiro documento referindo Cristóvão Colombo em Espanha, é um documento de 5 Maio 1487 de um pagamento feito a Cristóvão Colombo estrangeiro
  •     Casou com uma fidalga portuguesa, algo pouco provável para um estrangeiro comerciante
  •     Revelou ter conhecimentos científicos, e falava mais que uma língua, algo pouco provável para um tecelão.
  •     Não apenas adquiriu esta sólida formação teórica, mas também participou em viagens secretas ao serviço da Coroa portuguesa por todo o Atlântico, tendo em pouco tempo acesso a informações secretas do Estado português, tornando-se amigo íntimo do rei. As próprias Tabelas que usou na sua 1ª. Viagens à América (1492-1493) tinham acabado de ser feitas em Portugal e constituem o mais avançado que o mundo possuía.
  •     Quando Bartolomeu Dias, em 1488, regressou da sua viagem ao cabo da Boa Esperança, embora estivesse há quatro anos em Espanha, desloca-se a Lisboa para assistir à sua chegada, falar com o rei, navegador, estudar légua a légua a rota seguida, etc. Esta viagem foi mantida em segredo pelos cronistas portugueses do tempo, o seu conhecimento ficou-se a dever ao próprio Colombo
  •     Colombo escrevia em português ou Castelhano (aportuguesado), nunca em italiano ou latim
  •     Em 21 anos que viveu em Castela/Espanha, NUNCA foi identificado como italiano ou genovês, o mesmo aconteceu com os dois irmãos.
  •     Cristóvão Colombo quando se dirigiu para Castela tinha como informador o cónego português Fernam Martins Toscanelli, em correspondência com Cristóvão Colombo, escreveu: Não me surpreende, pois, por estas e por muitas outras coisas que sobre o assunto poderiam ainda dizer-se, que tu, que és dotando de uma tão grande alma, e a muito nobre nação Portuguesa, em que todos os tempos tem sido sempre tão enobrecida pelos mais heroicos feitos de tantos homens ilustres, tenhais tão grande interesse em que essa viagem se realize
  •     Assinaturas de Cristóvão Colombo                                      
  •     Joan Lorosano júris consulto espanhol referiu-se a Colombo como um tal que afirmam ser lusitano
  •     O Pleyto de la Prioridad 1532, pelos filhos de Pinzón, duas testemunhas, Hernán Amacho e Alonso Belas referiram-se a Cristóvão Colombo como o infante de Portugal
  •     Presidente da Real Sociedad de Geografia (na altura) Ricardo Beltrán e Rózpide escreveu: el descobridor de América no nació en Genova y fué oriundo de algún lugar de tierra hispana situado en la banda ocidental de la Peninsula entre los cabos Ortegal y San Vicente
  •     Em correspondência trocada com D. João II, este refere-se a Colombo como: meu fiel amigo (um pouco estranho se D. João II tivesse recusado os seus intentos
  •     Em Castela, Cristovão Colombo sempre foi conhecido como português (nos pagamentos capitulo 2 do contador-mor Janeiro de 1486, este chamou português duas vezes, mas o nome foi deixado em branco
  •     A Condessa de Lemos escreveu numa carta que ele era seu sobrinho, carta reescrita por D Duarte de Almeida (Perestrelo) a João III
  •     Estadia demorada de Cristóvão Colombo em Portugal, para falar com tempo e dos pormenores da viagem, com João II, no seu regresso da América, aproveitando depois,para ver alguma da sua família. (passou vários dias em Portugal antes de comunicar a grande notícia aos reis de Castela)
  •     Vários nomes dados às terras descobertas por si, com origem portuguesa (de referir que Cuba só existia uma antes de Colombo realizar a viagem, a vila alentejana
  •     Títulos de Cristóvão Colombo foram dados, depois da morte, a descendentes da coroa portuguesa e nunca a italianos.
Um plebeu e um nobre, um ignorante e um sábio

Seria impensável considerar que um plebeu cardador de lãs de Génova pudesse ter a cultura fenomenal demonstrada pelo navegador, saber latim, grego, espanhol, português, hebraico, ser versado em filosofia, cartografia, cosmografia e navegação… ou vir a casar com uma nobre, como ele fez em 1479 ao desposar D. Filipa Moniz Perestrelo, filha de Bartolomeu Perestrelo, capitão donatário de Porto Santo, descendente de Egas Moniz e familiar de D. Nuno Álvares Pereira. era uma nobre portuguesa da ilha de Porto Santo , na Madeira , Portugal residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago desde a morte do pai, Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante D. Henrique, de ascendência presumivelmente italiana, de Placência, e um dos povoadores e primeiro capitão do donatário da ilha do Porto Santo.

Da união nasceu um filho em 1480, Diogo Colombo. Ficou viúvo em 1485 a partir daí Cristóvão Colombo viveu em Castela, onde foi amante, em viúvo, de Beatriz Enríquez com quem teve um filho, em 1488, Fernando Colombo. Colombo ofereceu os seus serviços aos reis de Castela para alcançar terras do oriente por via oeste. Em 1492 Colombo chega às (Colombo havia chegado às ilhas das Caraíbas
isso era impossível no século XV. Impossível.
Para além disso, D. Filipa Moniz não poderia ter casado sem autorização do Rei – o que aconteceu, porque casou de facto: basta que um dia apareça a ordem régia, provavelmente na poeira de alguns arquivos religiosos guardados sem consulta posterior, para neles se encontrar... o nome verdadeiro do marido.
 Antes de casar-se era uma das doze elogiosas Comendadoras do Mosteiro de Todos os Santos em Lisboa da Ordem Militar de St. James, o que significa que ela tinha um comendário. Seus dois filhos, Ferdinand Columbus e Bartolomeu Colombo , descreveu-a como uma "nobre Comendadora", residente no Mosteiro de Todos os Santos.
A partir de 1485 Colombo reside em Castela. Chegando a Córdova com a corte, teve um caso amoroso, no Inverno de 1487-1488 com uma moça humilde por nome Beatriz Enríquez da qual nasceu, a 15 de agosto de 1488, Fernando Colombo. A esta moça deixa Colombo, no seu testamento, a renda anual de 10.000 maravedis, presumivelmente como compensação pelos danos causados à sua honra.

O Nome

Sabendo-se hoje que "Cristóvão Colombo" foi um pseudónimo, a verdade é que "Colombo" nunca ele se chamou, mas sim "Colon", como é referido em todos os documentos da época.
Uma das teorias mais populares é que terá ido para Castela como espião do Rei D. João II, mas então porque não se lhe conhece um nome "de facto" desde que nasceu?
Outro mistério: porque não se interessou Portugal pela proposta descobridora de Cristóvão, numa ocasião em que todas as suas prioridades estavam voltadas para os Descobrimentos e acabou o navegador por oferecer os seus serviços à coroa espanhola?
Outro ainda: porque se lhe sabem todos os passos desde que chegou a Espanha com o plano da viagem e até que a concretizou em 1492 - todos os documentos, todas as relações, até à sua morte em 20 de Maio de 1506… mas nada anterior a isso? Sabe-se que esteve em Portugal, mas não há registos... Porquê?

Data de nascimento

Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447. No Diário de Bordo da Santa Maria escreveu: "yo he andado veinte y três años en la mar, sin salir della tiempo que se haya de contar". Este assento data de 21 de Dezembro de 1492, durante a primeira viagem: 23 no mar mais 8 em Castela, mais 14 até à idade de poder navegar, tinha 45, portanto nasceu em 1447. Nove anos depois (teria portanto 54) numa carta aos reis católicos escrita em 1501, comenta assim a sua condição de navegador: "ya pasan de quarenta años que yo voy en este uso" - com os 14 de infância, aí estão os 54, em 1501 - logo, nascido em 1447. Duas referências pelo próprio.

Recuemos então meio século e olhemos para o Alentejo.
Era nesse tempo Duque de Beja o Infante D. Fernando, filho de D. Duarte, sobrinho do Infante D. Henrique, de quem foi nomeado herdeiro e de quem recebeu o título de Duque de Viseu.
Dos nove filhos que sua prima Beatriz lhe deu, Leonor viria a ser Rainha, por casamento com D. João II e Manuel viria a ser Rei, aquele que enviou Vasco da Gama para a Índia.

D. Fernando era, portanto, um nobre de cinco estrelas.
O rapaz prendeu-se de amores (ou de calores, não se sabe), para aí um ano antes da prima, com uma rapariguinha de boas famílias, filha de João Gonçalves Zarco, cavaleiro do reino e descobridor de Porto Santo e da Madeira… e zás, a moça engravida. Chamava-se Isabel Gonçalves Zarco.

O Dr. Manuel Luciano da Silva diz no seu livro que o produto dessa relação "foi baptizado" com o nome de Salvador Fernandes Zarco - suponho que tenha simplesmente usado uma conjugação do verbo "baptizar" com o significado de "dar um nome", uma vez que nesses tempos era muito complicado fazer o correspondente acto religioso a um filho ilegítimo.
Portanto, aqui estão as razões para ser discreto em relação ao nome e às origens: era bastardo.

Nestas circunstâncias, o Infante D. Fernando fez o que os nobres faziam: despachou a moça para "longe" de Beja para ter o rebento. Foi assim que ela foi parar 20 quilómetros mais a norte, a uma terra chamada Cuba, onde o rapaz nasceu…

E porquê Cuba? Nunca se saberá ao certo, mas há duas razões lógicas: para além da distância do burgo de D. Fernando, há indícios de que por aquelas paragens haveria familiares da jovem Isabel Zarco. Numa pequena aldeia a menos de 15 quilómetros de Cuba, chamada Albergaria dos Fusos, foi recentemente encontrada uma pedra tumular com o nome "Zarco" claramente inscrito.

Esta lápide está na Igreja de Nossa Senhora do Outeiro, cuja origem remonta ao Século XV e que pertenceu ao Convento de Santa Clara de Beja, terra de D. Fernando
Este Convento, por seu turno, deu origem ao Convento de Santa Clara no Funchal, Ilha da Madeira, fundado por João Gonçalves Zarco, pai da mãe do navegador, portanto seu avô.
Não serão demasiadas coincidências?

Quando, em 27 de Outubro de 1492, Colon descobriu a ilha a que chamou Cuba, disse que era "o lugar mais bonito do mundo" - será que foi só pela sua beleza ou cedeu à tradição portuguesa de chamar ao sítio onde nascemos "o mais bonito do mundo"?...

Quanto à legitimidade de berço, muitos bastardos chegaram a altas posições na monarquia portuguesa, uma vez que o seu sangue nobre não podia ser ignorado e era comum "dar a facada no matrimónio"

Não se sabe bem quando Salvador Fernandes Zarco passou a ser Cristóvão Colon, mas sabe-se que depois sempre assumiu ambos os nomes.
Para além de outros indícios que chegaram até nós.
Um deles é o monograma que colocou à esquerda da sigla em muitos documentos, como aqui ->
Sílvia Jorge da Silva descobriu, em 1989, que o monograma é feito a partir da junção das letras "S", "F" e "Z", como em Salvador Fernandes Zarco, assim:


Voltamos ao grego "Xpo" - Cristo é sempre referido como o "Salvador", portanto, nada mais transparente.

A seguir vem "ferens" - é uma forma frequentíssima, muito usada na idade média, de abreviar "Fernandes" ou "Fernandez".

Finalmente, repare-se no "S" final - tem uma forma estranha, mas que deixa de o ser se a invertermos: ficaremos perante a décima letra do alfabeto hebraico, "Lamed"… que significa "Membro, Falo, Zarco"
"Colon", em grego, significa também "Membro, Falo, Zarco"…
... e esta?

A propósito, como é sabido, "Fernandes" significa "filho de Fernando".
Nas situações como a do filho de Fernando e Isabel, era usual o varão tomar o apelido da mãe.
Portanto, cá está o Salvador Fernandes Zarco.
Muitas outras provas existem mas não vou enumerar mais.

Residência em Porto Santo


Terá Afonso Sanchez, nascido na vila de Cascais, onde tem uma rua com o seu nome, atingido o Brasil ou com maiores dúvidas a América do Norte, em 1486? Será este o piloto anónimo de Colombo?

Afonso Sanchez, que terá chegado ao arquipélago da Madeira com dois ou três tripulantes, todos muito enfermos, onde então se encontrava Cristóvão Colombo por ser casado com a filha do donatário da Ilha de Porto Santo, acabando por morrer com os seus companheiros na casa deste, que os acolheu. Este piloto, muitas vezes denominado Piloto Anónimo, terá por reconhecimento fornecido a Colombo todas as informações que possuía do achamento de terras para além do Grande Mar Oceano, fazendo com que o dito Colombo partisse de imediato para Castela, oferecendo os seus préstimos para a descoberta do caminho por Ocidente para as Índias.
O diário náutico de Afonso Sanches ficou na posse de Cristovão Colombo, que dele se aproveitou (e muito bem) para redescobrir a América em 1492, seguindo as indicações do navegador Cascalense.

Onde Aprendeu a Navegar

Em 1476: João Coelho visita algumas ilhas das Caraíbas; ia a bordo de um dos seus navios um marinheiro de nome, Salvador Fernandes Zarco, futuro Cristóvão Cólon, pseudónimo ou firma, utilizado ao serviço de Espanha a partir de 1492.
Era regra na altura dentro da Ordem de Cristo, que qualquer capitão ou Cavaleiro da Ordem teria que mostrar a sua bravura e Fidelidade a Ordem, em funções subalternas, antes de assumir qualquer função de comando.

As Bandeiras Pessoais do Cristóvão Colon

As Bandeiras de Salvador Fernandes Zarco, “ Cristofõm Cólon”.

A coroa por cima das siglas do nome pode significar a sua origem nobre, ou uma viagem Real.

Há em Portugal 74 Famílias Brasonadas, cada uma tem o seu Brasão específico a sua própria bandeira com os seus símbolos característicos. Conheço muito bem o Brasão do Navegador Cristóvão Colon (Colombo).

Será que o Cristóvão Colon teria alguma bandeira própria? Descobri que o Navegador usou duas
Bandeiras Verdes Pessoais em estandartes nas caravelas.
Como é que poderia encontrar um documento coevo, que desse a referência verdadeira sobre essas Bandeiras Verdes?
Depois de muito procurar, por muita sorte, encontrei uma referência extraordinária.

O Diário de Bordo da primeira viagem que o Navegador fez, dá- nos a descrição do desembarque na Ilha de São Salvador, no dia 12 de Outubro de1492.
Cristóvão Colon relata-nos o episódio.
As suas próprias palavras em espanhol no Diário de Bordo:

“Y el Almirante salió a tierra en la barca armada, y Martín Alonso Pinzon y Vicente Anes su hermano, que era capitán de la Niña. Saco el Amirante la bandera real y los capitanes con dos banderas de lacruz verde, que llevava el Almirante en todos los navios por seña, comuna F y una Y; encima de cada letra su corona, una de un cabo de lacruz e outra de outro”.

Tradução em Português:

“E o Almirante desembarcou numa barca armada e Martin Alonso Pizon e Vicente Anes, seu irmão, que era o capitão da caravela Niña. O Almirante exibiu a Bandeira Real e os capitães eriçaram os estandartes com as duas Bandeiras Verdes que o Almirante levava em todos os navios como suas insígnias, com a letra F e com a letra Y; em cima de cada letra havia uma coroa, uma dum lado da cruz e a outra do outro lado da cruz.”
Eis as duas Bandeiras Verdes Pessoais do Cristóvão Colon:

     Que tipo de Cruzes são estas Cruzes?
Qual é a análise das letras nos lados de ambas as cruzes?
Quais são os significados das letras F e Antes de respondermos a estas perguntas
temos primeiro que fazer uma revisão das Cruzes que existiam em Espanha e
Portugal na época dos Descobrimentos.

A Conspiração

Eram tempos conturbados, em 1483 houve uma conspiração para matar o Rei, organizada pelas Casas de Bragança e Viseu com o apoio dos reis católicos e fidalgos portugueses, entre os quais o próprio Colon. D. João II resolveu a coisa, mandou executar os conspiradores, o Duque de Bragança foi degolado em Évora e o rei apunhalou pessoalmente o irmão da rainha.

Quem conseguiu, fugiu para Espanha, incluindo o nosso Cristóvão, em 1484.
Por volta de 1484, enquanto Colombo negociava com D. João II, a realização de uma expedição à India, o rei resolveu secretamente enviar uma caravela à explorar a rota marítima que este lhe indicou. Colombo terá ficado furioso com esta traição do rei, e esta terá sido a causa porque foi para Castela.
Mas D. João II teria, anda assim, um papel para ele.

"VOLTA QUE ESTÁS PERDOADO..."

Desiludido com as recusas dos reis espanhóis em aceitar o seu plano, o navegador escreveu ao monarca português a pedir perdão e este aproveitou de imediato e respondeu-lhe para Sevilha, perdoando-lhe, convidando-o a voltar e garantindo-lhe a segurança. Chamou-lhe 
"xpovam collon, nosso espicial amigo en sevilla" e esclareceu: "porque por ventura terees algum reçeo das nossas justiças por razam de algumas cousas a que sejaaes obligado, nós por esta nossa carta vos seguramos polla vinda, estada, e tornada, que não sejaaes preso, reteudo, acusado, citado, nem demandado por nenhuma cousa ora que seja civil ou crime, de qualquer qualidade".
Em 1488, Cristóvão vem a Lisboa e encontra-se com o Rei, mas descobre, com surpresa, que ele não o apoiará numa expedição para ocidente, embora não lhe explique porquê, mas… outra surpresa, promete-lhe todo o apoio, em segredo, para convencer os reis católicos a contratá-lo...

Os reis espanhóis eram consideravelmente ignorantes, comparados com a cultura portuguesa. D. João II achou que eram fáceis de enganar… e conseguiu-o, com Colon como peão.

Dizer que ele foi um espião ao serviço do rei não explica bem as coisas, ele foi um agente, sim, um instrumento usado pela coroa portuguesa, mas sem saber como nem porquê. Ele queria concretizar um plano, e o rei proporcionou-lho, intervindo com a influência e ajuda necessárias para que os espanhóis embarcassem na aventura. Portanto, agarrou a oportunidade, sem nunca ter percebido as razões.

Foi nessa ocasião que Bartolomeu Dias regressou a Lisboa com a notícia de ter dobrado o Cabo da Boa Esperança, o que confirmou o que o rei já sabia: que era por aí que chegaria à Índia. Mas sucedeu uma coisa estranha: isto foi em 1488 e Portugal só enviou Vasco da Gama dez anos depois... porquê?

A resposta explica porque D. João II precisava de Colon.

Donde veio o dinheiro?

Não foi fácil, no entanto, mas D. João II empenhou-se em que Colon desse o rebuçado a Castela.
Para começar, Isabel a Católica não tinha dinheiro que chegasse para a aventura, participou com um milhão de maravedis, mas não era suficiente.
Cristóvão contribuiu com os 250.000 que faltavam!
Bom, onde é que ele arranjou esse dinheiro?

Constou que banqueiros o financiaram, mas então porque é que nunca nenhum apareceu depois a reclamar os lucros?

Por outras palavras, só pode ter sido o rei português a fornecer os fundos em falta, para garantir o plano… mas não existem provas disso, é claro.

Existem, sim, provas do grande empenhamento do monarca na concretização da viagem, ao ponto de ter enviado a Cristóvão, no dia 1 de agosto, dois dias antes da partida da expedição, um precioso instrumento científico de navegação em hebraico, o "Roteiro Calendário", ou "Tábuas de Declinação do Sol".

Parece generosidade a mais... a menos que houvesse um motivo forte...
Mas D. João II morreu em 1495 e já só foi D. Manuel que enviou Vasco da Gama para Oriente, em 8 de julho de 1497. Finalmente, Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia, onde chegou a 17 de abril de 1498.

Também, então o Brasil já podia ser "descoberto", o que Pedro Álvares Cabral fez em 22 de abril de 1500, aproveitando a segunda viagem marítima para a Índia.

Mas então donde vem este misterioso personagem, sem uma identidade clara e origens assumidas, que no entanto tem acesso à corte, à nobreza e aos mais altos círculos da nação?...

Viagem de Regresso Novo Mundo

Aqui fica um relato interessantíssimo e muito pouco conhecido.

Depois da tão almejada descoberta do Mundo Novo, na viagem de regresso, seria natural supor que o almirante estivesse ansioso por dar as boas novas aos reis espanhóis.
  • ·       No entanto, ao invés de rumar directo a Castela, apanha uma tempestade que o leva para os Açores.
  • ·       Logo a seguir, nova tempestade e… quem diria, vai parar a Lisboa!
  • ·       Chega ao Restelo a 4 de Março de 1493 e pede para falar com o Rei, que só o recebeu cinco dias depois, porque estava na Azambuja, fugido da peste.
  • ·       Passou três dias com D. João II.
  • ·       Quando partiu, a 11 de Novembro, não regressou à nau, foi até Vila Franca de Xira visitar a Rainha, com quem esteve até à noite.
  • ·       Depois disso, foi dormir a Alhandra.
  • ·       Voltou a embarcar no dia 13.

Nova etapa… desta vez até Faro, onde esteve até à noite do dia 14, isto com uma tripulação espanhola ansiosa por regressar a casa e desconfiada destas andanças, os reis católicos à espera de saber que o Novo Mundo tinha sido descoberto e lhes pertencia… e ele a passear-se por Portugal!

Estranho, não é verdade?...

A ÍNDIA DESEJADA

Os interesses comerciais da Europa viravam-se todos então para as riquezas da Índia - mas o Império Otomano tinha imposto um bloqueio aos países cristãos e só Génova e Veneza podiam ir buscar as especiarias e outros bens ao Oriente através dos territórios muçulmanos.

Essa a razão porque Portugal queria descobrir o caminho marítimo para a Índia: para furar o bloqueio turco-egípcio.

No entanto, Cristóvão queria precisamente chegar à Índia, mas viajando para Ocidente… porque não se interessou D. João II por essa proposta?
Muito simples.

Porque já sabia que existiam terras a ocidente e que estas não eram a Índia das riquezas mas apenas um belo continente de povos seminus, muita vegetação e pouco ouro.

E como sabia?

Porque conhecia viagens anteriores às Américas, feitas em segredo.

Vigorava então uma política de sigilo, para não despertar as cobiças da concorrência espanhola. 68 anos antes da descoberta de Colon, a Carta Náutica de 1424, de Zuanne Pizzigano, mostrava as "Antilhas", com nomes portugueses: Antília, Satanazes, Soya e Ymana - Manuel Luciano da Silva veio a descobrir em 1986 que estas "Antilhas" são de facto a Nova Escócia, Terra Nova, Península de Avalon e Ilha Prince Edward.


Para sul, acredita-se que a "descoberta" do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500 tenha sido apenas a "descoberta oficial" de uma terra já antes visitada em segredo por portugueses.
Existem testemunhos da presença portuguesa na América do Sul em 1493 (Estêvão Fróis em carta dirigida a D. Manuel) e mesmo cerca de 1480 (testemunho de colonos pioneiros ao francês Jean de Léry)

Vitória da experiência em Tordesilhas

Na volta da viagem à América, em 1493, Cristóvão Colombo fez uma escala em Lisboa para visitar o rei de Portugal, D. João II. Um gesto corajoso. O soberano estava dividido entre dois conselhos: prender o genovês ou reclamar do papa direitos sobre as terras descobertas.

Para sorte de Colombo, decidiu pela segunda alternativa. Como a reivindicação não foi atendida, acabou sendo obrigado a enviar os melhores cartógrafos e navegadores da Ordem de Cristo, liderados pelo experiente Duarte Pacheco Pereira, a Tordesilhas, na Espanha, para tentar um tratado definitivo, mediado pelo Vaticano, com os espanhóis. Apesar de toda a contestação a seus atos, a Santa Sé ainda era o único poder transnacional na Europa do século XV. Só ela podia mediar e legitimar negociações entre países.

O cronista espanhol das negociações, frei Bartolomeu de las Casas, invejou a competência da missão portuguesa. No livro História de las Indias, escreveu: "Ao que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos das coisas do mar, que as nossas gentes". Sem a menor dúvida. Era a vantagem dada pela estrutura secreta da Ordem.

Não deu outra. Portugal saiu-se bem no acordo. Pelas bulas Inter Caetera, os espanhóis tinham direito às terras situadas mais de 100 léguas a oeste e sul da ilha dos Açores e Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória imaginária, que ia do pólo norte ao pólo sul, foi esticada para 370 léguas, reservando tudo que estivesse a leste desse limite para os portugueses - o Brasil inclusive.

O verdadeiro Cristóvão Cólon!

Diz-se que assentamos nos ombros de gigantes quando se trata de novas descobertas e trabalhos científicos no mundo. No livro “Cristóvão Colon (Colombo) era Português”, de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, pode ler-se e ver-se o quanto os dados recolhidos durante mais de 40 anos são irrefutáveis.

Toda a evidência histórica coligida pelos autores ao longo desse período aponta para o facto de que Colombo não é originário de Génova, como se tem acreditado até hoje, mas sim de Portugal, que foi autor da maior parte das descobertas de novas terras nos séculos XIV e XV.

Para começar, o navegador nunca assinou o seu nome como “Colombo”, mas sim como “Cristofõm (Cristóvão) Colon”. Duas Bulas Papais do Papa Alexandre VI (1492-1503), em Roma, mostram claramente o nome “Cristofõm Colon”.
Foi uma antiga tradução a partir de latim, que substitui “Colon” por “Colombo”, que deu origem a toda a confusão. Além do mais, Colombo (Colon) usou uma bênção críptica, o seu monograma, uma cifra das suas iniciais, e a sua própria Sigla, a sua “marca registada”, em toda a correspondência que trocou com o filho Diogo, para encobrir a sua verdadeira identidade.

Também, todas as ilhas descobertas por si e para Espanha foram bautizadas com nomes portugueses.

A rigorosa investigação levada a cabo por Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, verificando com rigor todos os factos, em Roma, Portugal e noutros países, e a comunicação que manteve com diversas pessoas ao longo desses anos, prova não só que o navegador era português, mas que Portugal descobriu a maior parte das ilhas e terras durante a era dos descobrimentos, incluindo o continente americano pelo português Miguel Corte Real em 1502, com as famosas inscrições na Pedra de Dighton em 1511, no estado de Massachusetts.

Resta agora que todos os historiadores, epigrafistas e arqueólogos reconheçam a evidência e os factos contidos no livro “Cristóvão Colon (Colombo) era Português”  a incluam nas suas publicações científicas, como uma “Bula” de que Cristóvão Colon era Português!

CIÊNCIA: O ADN

Provada que está a nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon, o Dr. Manuel Luciano da Silva, médico de profissão, propôs que se fizesse ainda uma espécie de "prova dos nove", de natureza científica: um teste de ADN.
O processo científico é relativamente simples.
A raça humana possui 46 cromossomas dispostos em 23 pares, contidos em cada célula.
O mais pequeno desses pares, o 23, determina o sexo da pessoa, na mulher é XX, no homem XY.
Os cromossomas são compostos por moléculas de ácido desoxirribonucleico, ou ADN, que a ciência é capaz de analisar.
O curioso é que o cromossoma Y do par 23 não se modifica JAMAIS, de geração em geração, ao longo de milhares de anos.
Portanto, através da análise do ADN de um parente masculino de Cristóvão Colon, pode fazer-se uma comparação com análise semelhante dos portugueses que se acredita serem seus familiares - se o cromossoma Y for igual, bingo!

Colón não era italiano, nem francês nem espanhol

Esse "Y" foi já extraído das ossadas do filho Fernando e do irmão Bartolomeu do navegador, sepultados na Catedral de Sevilha, pelo professor de medicina legal José Lorente, da Universidade de Granada, que anunciou o facto no canal Discovery, em Maio de 2005, confirmando que os "Y" de ambos são, de facto, iguais.
Começaram então a aparecer pessoas que se diziam descendestes de Colon, vindas da Catalunha, Valência, Baleares, sul de França, Lombardia, Ligúria e Piemonte - um total de 477 pessoas.
O professor Lorent fez colheitas e análises de TODOS os candidatos.
Conclusão: 477 resultados negativos. Nenhum era parente do navegador.
Está cientificamente provado que Cristóvão Colon não era italiano, nem francês, nem espanhol
Será de perguntar... Que seria então?
Mesmo para além de todas as provas documentais que existem, a resposta salta aos olhos, não é verdade?
Formou-se uma equipa em Portugal, dirigida pela professora Eugénia Guedes da Cunha, antropologista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e pelo professor Francisco Corte Real, do Instituto de Medicina Legal. Essa equipa integra técnicos nacionais e antropologistas da Universidade de Granada, que pretendem analisar restos mortais de nobres portugueses.
Com a aprovação do Arcebispo de Coimbra, a Delegação do Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) autorizou o projecto, mas um grupo de cientistas que integrava o antropólogo forense Miguel Botella, de Granada, foi impedida de o concretizar.
A Universidade de Coimbra apresentou ao governo um novo pedido, mas foi bloqueado pela direção nacional do IPPAR e pela Ministra da Cultura, sem resultados até ao momento, segundo declarações do Dr. Manuel Luciano da Silva, há poucos dias, por telefone, que desabafou: "Nenhum governo pode bloquear o avanço da ciência e a pesquisa da História!"

Visitas a Portugal

Colombo saiu de Portugal para Espanha, em  1485, mas voltou ao país várias vezes. Nunca deixou de o visitar, nem de manter uma forte ligação com o mesmo. A documentação existente regista algumas destas visitas, e a forma cordial como foi recebido. 

1485: Um ano depois de sair de Portugal regressa para se encontrar com o próprio rei (D. João II), assistindo à apresentação na Corte dos resultados obtidos pelo físico e astrólogo mestre José Vizinho das medições da altura do sol feitas na Guiné. Não existe qualquer sinal de conflito entre ele e o rei.
1488: Está de novo em Lisboa, para assistir à chegada de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança (África do Sul). Terá ido depois a Beja, para assistir na presença do rei à apresentação dos cálculos que foram nela efectuados. D. João II trata-o nesta altura por "especial amigo", o que revela a intima ligação entre eles. 
1493: No regresso da sua primeira viagem à América, em Março de 1493, dirige-se para os Açores, permanecendo vários dias na Ilha de Santa Maria. Depois veio directamente para Lisboa, onde ficou durante 10 dias, tendo mantido conversações com D. João II. Antes de chegar ainda fez escala em Faro (Algarve). A sua prioridade foi informar o rei de Portugal e receber as suas instruções.  
1496: No regresso da 2ª. Viagem às Indias dirigiu-se para os Açores, e depois para a costa do Alentejo, onde chegou a 8 de Junho 1496. Aportou em Odemira, mais precisamente em Vila Nova de Milfontes. A direcção escolhida foi intencional, como faz questão de referir Hernando Colón (Hist. Colón, cap. LXIV), tendo inclusive anunciada na véspera. Permaneceu em Odemira dois ou três dias, pois só chegou a Cádiz no dia 11/6/1496. Ignora-se os contactos que aqui teve, assim como a razão da escolha desta vila alentejana. 
1498: Após ter jurado fidelidade a D. Manuel I em Toledo partiu para a sua 3ª. Viagem. Dirigiu-se primeiro para a Ilha da Madeira, onde foi recebido como um herói. Depois de afastar alguns dos seus inimigos rumou para Cabo Verde, e a partir daí foi finalmente ao continente americano, para ver as terras que D. João II lhe havia falado.  
1502. No fim da vida, quando sabe que portugueses estavam cercados por mouros em Arzila (Marrocos), adia a sua partida para a 4ª. Viagem à América de modo a preparar-se convenientemente para os ir defender. Dirigiu-se depois para Arzila, fazendo questão de ser o primeiro (português) a fazê-lo. Só depois é que se dirigiu para o seu destino.  
1504: Colombo e o seu filho ocultaram a rota que tomaram no seu regresso, na última viagem às Indias. Não existem registo que tivesse aportado nas Canárias. O mais certo é que tivesse tomado a rota que seguiu na 1ª. e 2ª. viagem, dirigindo-se para o mar dos Açores (Santa Maria) e depois para as Costas de Portugal (Odemira, Vila Nova de Mil Fontes, pertencente à Ordem de Santiago de Espada). 

Análise documental

Os autores portugueses instalam Colombo, com provas exaustivas, precisamente na citada herdade alentejana. O próprio Paolo Toscanelli, célebre cosmógrafo italiano que se correspondeu com Cristóvão Colombo, em carta dirigida de Génova a Lisboa, datada de 1474, exalta Portugal entusiasticamente e trata o almirante por português. Diz:

 «Não me surpreende, pois, por estas e muitas outras coisas que sobre o assunto poderiam ainda dizer-se, que tu, que és dotado de uma tão grande alma, e a mui nobre Nação Portuguesa, que em todos os tempos tem sido sempre enobrecida pelos mais heroicos feitos de tantos homens ilustres, tenhais tão grande interesse em que essa viagem se realize».

Já o seu filho, Hernan Colon, isto é, Fernando Colombo, radicado em Espanha, manifesta o estranhíssimo do desconhecimento absoluto da naturalidade de seu pai, e tem as seguintes palavras flagrantes na sua obra biográfica Vida del Almirante:

«Ele quis que fosse desconhecida e incerta a sua origem e pátria».

Após a chegada ao continente americano por Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, nos séculos XV-XVI, essas terras passaram a ser denominadas de Índias Ocidentais, contrapondo-as às Orientais, mas sempre realçando o designativo de Ásia, tanto com o sentido imediato de território longínquo e exótico, para o viajante europeu, como, principalmente, com o de Assiah ou “Mundo”, cuja conquista espiritual teve a primazia da Gesta Dei Per Portucalensis.
  
O professor Mascarenhas Barreto – assim como os seus seguidores portugueses, o último Manuel da Silva Rosa em parceria com Eric J. Steele  – acredita no seu livro, que é a sua tese, ter sido Salvador Gonçalves Zarco um espião português de D. João II posto ao serviço dos reis católicos de Espanha. Não penso assim, pois nem os acontecimentos da época, com cronologia provada e documentada, e nem tampouco o direito canónico me permitem admitir essa ideia. Porque se Colombo pertencia à Ordem de Cristo, só o Geral da mesma poderia decidir sobre o aprazar ou emprestar a prazo o navegador à Coroa, mas nunca o rei, pelo menos legitimamente, pelo que os conhecimentos detidos pelo almirante à Ordem os devia e à Ordem, na pessoa do seu Geral, devia prestar contas detalhadas, ou sejam os relatórios com todos os pormenores, e nunca à pessoa do monarca: este ficaria a par do indispensável, a fim de saber se o seu «investimento» corria ou não bem, e pouco mais.
Foi sempre assim ao longo do processo das descobertas Marítimas, pelo que esta posição de independente de Cristóvão Colombo ante a Coroa não era excepcional. Por isso tive ocasião de dizer algures: todos sabiam que a Escola de Sagres sabia, mas nem todos sabiam o que a Escola de Sagres sabia.

Mesmo assim se sabe que essa legitimidade do Instituto Militar de Cavalaria e Religião sujeito, por um lado, ao Governador e Mestre Geral, que era quem se correspondia directamente com o Rei, e por outro lado à Mesa Bispal e logo ao Papa, veio a ser ostensivamente anulada e apropriada por D. João II, quando assassinou nos paços de Setúbal D. Diogo, Mestre da Ordem de Cristo e 4.º duque de Viseu, por pertencer ao partido da Casa de Bragança, que o rei detestava e acabou extinguindo (só sendo restaurada no reinado D. João IV), e por ambicionar o domínio da Ordem, então senhora dos mares e terras conhecidos, o que significava um incomensurável poder e uma indiscritível riqueza exclusivos à sua real pessoa.

Decepando a linhagem bragantina que conduzia até ao primeiro rei de Portugal, ordenando a execução em 1483 do duque de Bragança, e levando à fuga do marquês de Montemor, do conde de Faro e de outros acusados; amordaçando o clero que se opunha a tal política de “quero, posso e mando”, ficando como exemplo geral a decapitação pública do bispo de Évora, D. Garcia de Meneses, em 1484, e executados, presos ou mandados para o degredo muitos outros; dominada a Ordem de Cristo pelo assassinato do seu Mestre e Governador, também em 1484, o qual também era irmão da mulher do rei, D. Leonor, declaradamente favorável ao partido da Casa de Bragança, ficava assim D. João II com o terreno político-social livre de opositores, inteiramente aberto para o que quisesse fazer e como entendesse... e com tudo isso não se livrou a morrer de forma estranha, diz-se, por envenenamento.
             
Foi nesse ambiente que se encetaram as negociações entre Cristóvão Colombo e D. João II, as quais continuaram depois de ele já estar aprazado aos reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Estou mais em crer que terá havido uma concordata sobre o empréstimo do almirante português aos reis do país vizinho, negociações essas levadas a cabo com a ingerência directa, ainda assim discreta, das Ordens de Cristo e de Montesa, cujos embaixadores negociavam em nome dos seus Administradores, e cuja ambição maior, secreta mas que se apercebe em várias partes dos escritos do almirante, seria a realização do velho sonho sinárquico dos antigos Templários, de quem eram descendentes directo: o de unir o Oriente ao Ocidente e neste edificar o Templo ou Casa da Jerusalém Celeste, visão propícia à III Idade, e o espaço da sua inauguração só podia ser numa terra virgem, livre e desconhecendo o que fosse mal e pecado, logo num continente novo, e a tanto ficou destinado o quinto continente – a América.

Aliás, ainda em Baza o almirante teria assegurado a Fernando e a Isabel que a sua façanha seria consagrada «à reconstrução do Templo» 16. Adianta mais na sua obra muito curiosa, que deixou inédita, intitulada Libro de las Profecias, em que se jacta de ter sido o escolhido do Céu para descobrir o Novo Mundo. Nesse livro de revelação divina escrito por Colombo há períodos interessantíssimos, como, por exemplo, os dois seguintes que traduzo do castelhano para português: 

«Quem duvida que este lume não foi do Espírito Santo, assim como de mim, o qual com raios de claridade maravilhosa consolou com a sua santa e sacra Escritura a voz muito alta e clara com 44 livros do Velho Testamento, e 4 Evangelhos com 23 Epístolas daqueles bem-aventurados Apóstolos, avivando-me a que eu prosseguisse, e de contínuo sem cessar um momento me avivam com grande pressa?» – «... e digo que não somente o Espírito Santo revela as coisas por vir às criaturas racionais, mas que no-las mostra por sinais do céu, do ar e das bestas quando lhe apraz.»
             
Face a quanto disse até aqui, não deixa de opor-se o que será o busílis da questão: se Cristóvão Colombo era português, por que optou por Espanha em vez, como seria natural, do seu próprio país?
             
Certamente em razão das ideias egocêntricas e das atitudes repressivas de D. João II e à maior aceitação do seu projecto por parte dos reis católicos, principalmente de D. Isabel, os quais certamente queriam tomar parte na diáspora marítima que até então tinha Portugal como único donatário universal. De maneira que a concordata de ceder Cristóvão Colombo a Espanha só podia ser feita em primeira mão pelas Ordens de Cristo e de Montesa , vindo depois as Coroas interessadas. Assim se refrearia também a desmurada ambição de D. João II e se abriria caminho para firmar, como esse acto legítimo, a posterior partilha do Mundo entre Portugal e Espanha pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Tanto assim é que, após a chegada de Cristóvão Colombo às Antilhas em 1492, no ano seguinte iniciam-se de imediato conversações em Madrid sobre o domínio dos mares, requeridas pela Coroa portuguesa.
             
De acordo com Manuel J. Gandra , o conflito entre Colombo e D. João II deveu-se ao facto deste soberano entender controlar e orientar todo o processo para o seu próprio proveito. O reinado cesarista deste “Príncipe Perfeito”, como o alcunhou a História, ainda assim não deixando de ser assassino, e quanto no seu reinado e brilhou como luzes de Cultura e Conquista, não sendo tanto mérito seu mas mais da iniciativa dos da sua corte, é exclusivamente o resultado das ideias “humanistas e iluministas” provindas de Itália, abrindo a Renascença, entradas em Portugal reinava ainda D. Afonso V.
             
As represálias contra a nobreza que se lhe opunha, paralelamente à supressão dos concelhos e à espoliação da Ordem de Cristo, que se transforma no centro de reação anti principesca, de cujas caravelas as suas insígnias são substituídas pelas armas reais – das quais já eliminara também a cruz de Avis –, enfraqueceram substancialmente as energias nacionais.
           
 D. João II não entendeu o simbolismo expresso nas Armas portuguesas, determinando a modificação da disposição dos escudetes, dentro do Escudo de Armas de Portugal, na denominada “Operação de endireitar o Escudo”, efectuada em 1485.
            
O monarca deseja que Cristóvão Colombo o sirva incondicionalmente; sabe da sua sabedoria de mar e que, ademais, é conterrâneo alentejano pertencente à melhor cepa da árvore genealógica nacional. Isto mesmo explicita ele em carta ao almirante:«Cristóbal Colon.

             «Nós D. João [...] vos enviamos muito saudar. [...] E quanto à vossa vinda cá, certo, assim pelo que apontais como por outros respeitos para que vossa indústria e bom engenho Nos será necessário e prazer nos há muito de virdes porque o que a vós toca se dará tal forma de que vós deveis ser contente. [...] E por tanto vos rogamos e encomendamos que vossa vinda seja logo e para isso não tenhais pejo algum e vos agradeceremos e teremos muito em serviço.
Avis, 20 de Março de 1488.
 A Cristóvam Colom nosso especial amigo em Sevilha.»
            
 O certo é que Cristóvão Colombo (grafado na carta de dois modos diferentes, o último notoriamente português arcaico) não atendeu ao pedido do monarca, pois ao dirigir-se a D. João II, escreveu-lhe:

«Vós recebestes a Cristóvão Colombo, como amigo, desejastes vê-lo, e o agasalhastes no princípio com muita humanidade. Depois disto não cometeu delito algum, e deliberais sobre tirar-lhe a vida: proceder assim é faltar ao direito das gentes, e querer atropelar sem pejo as leis mais santas da sociedade»

(carta transcrita por D. Diogo de Souza em sua História de Portugal, p. 697, Lisboa, 1852). Referindo-se a este rei, Colombo já afirmara antes:

 «[...] digo milagrosamente, porque fui ter a Portugal, cujo rei entendia de descobrimentos mais do que nenhum outro: Ele (Deus) lhe atalhou a vista, ouvidos e todos os sentidos, que quase em 14 anos não lhe pude fazer compreender o que digo».

Contudo também não foi fácil ao navegador tornar aceites os seus projectos na corte de Castela, como desabafa numa carta endereçada aos monarcas castelhanos:

 «Já sabem vossas Altezas que andei sete anos em vossa corte importunando-vos por isto; nunca em todo esse tempo se achou piloto nem marinheiro, nem filósofo, nem de outra ciência que todos não dissessem que a empresa era falsa; que nunca eu encontrei ajuda de ninguém salvo de Frei António de Marchena, depois daquela de Deus eterno».
             
Esse Frei António de Marchena professaria no mosteiro de La Rabida da Ordem Terceira de São Francisco na Província de Espanha, sendo português de nação, cujo nome nos documentos mais recentes não condiz com o nos mais antigos, que confirmam o na carta de Colombo, como demonstra com todo o rigor a resposta que lhe deu Isabel, a Católica:

«Parece-nos que seria bom que levásseis convosco um bom astrólogo e parece-nos que seria bom para isso Frei António de Marchena, porque é bom astrólogo, e sempre nos pareceu que se conformava com o vosso parecer».

 Por seu turno, Las Casas também diz:

             «Segundo parece por algumas cartas de Cristóbal Colon escritas por sua mão (que eu tive nas minhas) aos Reis desta Isla Espaniola, um religioso que tinha por nome Frei António de Marchena foi quem muito o ajudou, para que a Rainha se persuadisse e aceitasse a petição. Nunca soube a que Ordem pertenceu, mas creio que fosse a de São Francisco, por conhecer que Cristóbal Colon, depois de Almirante, sempre foi devoto daquela Ordem. Tampouco consegui saber quando, nem em que ponto, nem como o favoreceu ou que entrada teve com os Reis o já dito Padre Frei António de Marchena.»

É muito natural que o consignado autor desconheça que tipo de intervenção exerceu o religioso português junto da corte castelhana. Para também não será de admirar que fosse ele o intermediário nas negociações do aprazamento de Cristóvão Colombo entre a Ordem de Cristo, o rei português e os reis de Aragão e Castela.

A verdade é que ele acompanhou sempre o almirante nas suas viagens ao Novo Mundo. Na primeira, e pela lista incompleta da equipagem que chegou até aos nossos dias, também figuravam os nomes de dois grumetes portugueses: «João Arias, filho de Lopo Arias, de Tavira, e Bernaldim, criado de Afonso, marinheiro do piloto João Rodrigues, de Mafra». Também a transação comercial com os naturais fez-se em moeda portuguesa, como relata Colombo aos soberanos espanhóis: «Vi dar 16 novelos de algodão por três ceotis de Portugal, que é uma branca de Castela...» O ceotil (nome derivado de Ceuta) foi mandado cunhar por D. João I, em comemoração exclusiva da primeira empresa marítima dos portugueses em África no ano de 1415, de que resultou a conquista dessa praça africana para o domínio português. Ademais, nos escritos que deixou à posteridade, em latim e castelhano, verifica-se nos escritos do almirante nessa última língua, bastando uma análise muito superficial, que a ortografia castelhana é arrevesada e a maioria dos termos são portugueses ou, então, aportuguesados, pois que muitos vocábulos pertencem, a rigor, à língua portuguesa, e a construção sintáxica, como era na época, é, positivamente, lusitana.
            
  Ainda que tenha oferecido a Espanha a glória inigualável da descoberta do caminho marítimo para a América, assim iniciando um novo ciclo da Civilização, contudo os louros da vitória foram depostos na cabeça do mercador italiano Américo Vespúcio, que afinal nem sequer deu o seu nome, Américo, ao continente descoberto, América, porque o seu nome verdadeiro era Alberico 23, e os naturais da costa americana onde Colombo chegou, os Amariques. Mas o poder do vil metal agitado pela política viciosa de sempre, fez cair o justo e levantar o injusto!... De maneira que Vespúcio nada teve a ver com o processo marítimo, apenas o secundou ou menos que isso, se levar-se em conta que mesmo antes de Colombo os Portugueses da Escola Naval de Sagres já haviam chegado à Terra Nova e ao Labrador 24. Vespúcio não era português nem de Sagres, mas Colombo era, e aí recolheu as informações necessárias ao sucesso da sua empresa.

O italiano genovês (a quem alguns historiadores posteriores deram-lhe gratuitamente parentesco com Cristóvão Colombo, ponto de partida da ideia in substanciada do almirante ter sido genovês) não passou de um comerciante fretador de navios, para ir sacar o que não lhe pertencia, perseguindo de longe a esquadra expedicionária, como também fez com a de Pedro Álvares Cabral. Como homem de negócios num país governado pelo papado, convinha aos reinos vassalos de Roma manter com esta as melhores relações político-económicas. O mais que Vespúcio fez, foi aproveitar-se (deixando-se aproveitar...) de tudo quanto os outros fizeram, inclusive de boa parte do conhecimento de navegação e instrumentos náuticos. A sua fama assenta nisso, e nada mais!... Cristóvão Colombo, por sua vez, foi votado ao ostracismo e à miséria, que geralmente é a recompensa dada aos Grandes Homens pelos pobres de espírito cujo agradecimento nunca vai além do interesse imediato, e é assim que consigna, no seu Diário, esta frase dolorida, referindo-se a si próprio:

 «O que te está sucedendo agora é a recompensa dos serviços que prestaste a outros amos».

Outros amos são os reis de Aragão e Castela, o que desmente formalmente a origem espanhola de Colombo, porque o seu verdadeiro amo era o rei de Portugal.
 Rei de Portugal, repressor e narcisista, portanto, tirano e egocêntrico, cuja última fase da repressão foi preparada pelo Concílio de Tentro e executada pelos “cães de fila” da ortodoxia oficial cesarista, os dominicanos (domini canes) através da Inquisição.

  A carta do monarca português ao que seria almirante, citada anteriormente, era um “salvo-conduto” para ele entrar no reino sem «que sejais preso, retido, acusado, citado, nem demandado por nenhuma causa ora cível ora crime de qualquer qualidade». Isto demonstra que Colombo não andaria nas melhores relações tanto com D. João II como nas boas graças do Santo Ofício, talvez por suspeita de partidário da Casa de Bragança, e talvez também por suspeita de heresia por simpatia às ideias cabalísticas dos sefarditas judeus.

Seja como for, o certo e que ele não atendeu ao convite do rei e ficou-se por Sevilha. Tudo isso leva-me a deduzir que terá sido com grande contrariedade que D. João II foi forçado a ceder “Cólon-Zarco” ao reino vizinho, só o tendo feito talvez por motivos político-sociais que as leis diplomáticas impunham, assim não podendo dispor do almirante para espantalho dos seus «espalhafatos de navegação», ele que não era da Ordem de Cristo e tampouco alguma vez fora ao mar. «Só o estar em Sintra e sentir o cheiro do mar, causa-me náuseas», confessou uma vez quando, por razões de Estado, contrariado teve que ir aos paços de Sintra, pois que a detestava...

Pela leitura esotérica, antes, teosófica da sua sigla, Cristóvão Colombo desvela-se o Adepto Real que foi. Os três S da sua assinatura criptográfica são os mesmos do culto pentecostal do Paracleto, que tanto os Cátaros como os Templários e os descendentes destes, os Cavaleiros de Cristo, evocavam como Sanctus Spiritus Salvatorem, que inscreviam em listeis e representavam por três S. Esse culto esteve ligado à Ordem Livery Collar, sediada no País de Gales, colar esse formado por 18 letras S, numa sequência senária das iniciais do lema Templário Sanctus Spiritus Salvatorem. Foi introduzida em Portugal pelo príncipe plantageneta John of Gaunt, ou João de Gante . O primeiro português a granjear a distinção do Livery Collar foi D. Afonso Furtado de Mendonça, em pleno reinado de D. João I.

Essa Milícia gália era para os ingleses o que a de Cristo era para nós, portugueses, e a de Montesa para os espanhóis. E tanto uma como as outras possuíam raízes Joaquimitas, logo, Parúsicas ou vocacionadas ao Advento.
 Outra Ordem, da mesma natureza e também gália, era a Rose Collar, colar esse constituído por 24 letras S, numa sequência senária do mesmo lema Templário, tendo suspensa a “Rosa de cinco pétalas” (dobradas) à qual os ingleses chamam “Tudor”. Foi Grão-mestre desta Ordem Sir Thomas Moore , que ainda viveu no mesmo século de Cristóvão Colombo, este que, ao colaborar com a Coroa espanhola, salvou a Aliança Luso-Britânica de dissolver-se, num subtil jogo diplomático, ao interferir junto da Coroa britânica por intermédio dos reis espanhóis, evitando assim que D. João II causasse mal maior ainda à harmonia política ibérica e europeia, e Portugal pudesse ter parte activa e a “parte de leão” na “partilha do Mundo”, que foi o resultado do Tratado de Tordesilhas entre os monarcas ibéricos.

O emprendiento marítima de Colombo foi, pois, planeado em Portugal e encetado em Espanha. Ele uniu a Península Ibérica e foi seu pontífice ante a América, o quinto continente, sob o signo de Aquarius, anunciando já o Ex Occidens Lux pelo prenúncio do Ex Oriens Umbra!

Igualmente é comum acreditar-se, nos meios historiográficos, que Cristóvão Colombo foi um converso judeu aventureiro, um marrano, castiço ou “cristão-novo”, por causa da sua documentação conhecida estar recheada de elementos mais judaicos que cristãos, de notórias características messiânicas, pelo que, sem nenhuma outra análise, o remetem ao cabralismo sefardita.

Está provado que no sangue de Salvador Gonçalves Zarco corria a fina essência da Nobreza de Portugal, e também os factos dos judeus terem tido uma importância inquestionável nos vectores cultural, religioso, político e económico da Idade Média e da Renascença. A tradição rabínica, patrística, era o elo de ligação entre a Sinagoga e a Igreja, entre as Escrituras Velha e Nova, como também o assento do Cognoscio Secretum que era a Tradição Iniciático Ocidental: a Kaballah, acasalada indissociavelmente com a Gnose, assim sendo o “espírito encoberto” tanto do dogma e magistério eclesial como sinagogal.



segunda-feira, 27 de março de 2017

Descoberta do Brasil Sancho Brandão 

D. Afonso IV de Portugal
07 de Fevereiro de 1325 -28 de maio de 1357
Entre 1325 e 1357 D. Afonso IV de Portugal concedeu o financiamento público para levantar uma frota comercial e ordenou as primeiras explorações marítimas, com apoio de genoveses, sob o comando de Manuel Pessanha. Em 1341 as ilhas Canárias, foram oficialmente descobertas sob o patrocínio do rei Português. A sua exploração foi concedida em 1338 a mercadores estrangeiros, mas em 1344 Castela disputou-as, concedendo-as ao castelhano D. Luís de la Cerda. No ano seguinte, Afonso IV enviou uma carta ao Papa Clemente VI referindo-se às viagens dos portugueses às Canárias e protestando contra essa concessão. Nas reivindicações de posse, sucessivamente renovadas pelos dois povos, prevaleceu, no final, a vontade do rei de Castela sobre estas ilhas.
Em 1353 foi assinado um tratado comercial com a Inglaterra para que os pescadores portugueses pudessem pescar nas costas inglesas, abrindo assim caminho para o futuro Tratado de Windsor em 1386.

As primeiras explorações marítimas permitiram cartografar e estudar as correntes e ventos predominantes no Atlântico, o que deu a Portugal um grande avanço cientifica relativamente as outras nações Europeias.

Como rei, D. Afonso IV é lembrado como um comandante militar corajoso, daí o cognome de Bravo. A sua maior contribuição a nível económico e administrativo foi a importância dada ao desenvolvimento da marinha portuguesa. D. Afonso IV subsidiou a construção de uma marinha mercante e financiou as primeiras viagens de exploração Atlântica. As Ilhas Canárias foram descobertas no seu reinado.
D. Afonso, cognominado o bravo, não se esqueceu do pedido paterno. Cercado de homens de grande valor, como o fidalgo Diogo Pacheco, o bispo do porto, e o almirante Peçanho, investiu contra o mistério dos mares. O fracasso de várias tentativas não o demoveu de sua ideia.

A Viagem de Sancho Brandão

Desde 1339 que o nome do Brasil aparece em mapas e planisférios. Os portugueses sabiam muito mais sobre as terras situadas a Oeste do que reconheciam publicamente. O continente sul-americano não foi descoberto por acaso. Os navegadores da Ordem de Cristo já lá tinham estado antes.
Às expedições sucediam-se expedições. Um dia aportou em Lisboa um dos capitães, Sancho Brandão.
Desgarrando-se no castigado por tempestades e impelido por uma corrente misteriosa, o capitão Sancho abordara uma nova terra, habitada por homens nus e opulenta em árvores de tinta vermelha. Tentara contorná-la, navegando para o norte. Não o pôde, porém descobriu mais ilhas. Carregando consigo alguns homens e algumas produções da terra, Sancho e seus marinheiros velejaram para Portugal, ansiosos para incrustarem na coroa portuguesa a glória do primeiro descobrimento nos mares do ocidente.
A viagem de Sancho Brandão pode ter sido uma das centenas de missões de puro reconhecimento e estudo, visando sobretudo a Oceanografia e a Meteorologia, efectuadas pelos Portugueses. Poderia ter como objetivo estudar os ventos e correntes para Alem das Canárias.

Afonso IV baptizou a grande ilha com o nome de Ilha do Brasil; indicando que era o local onde encontrava-se a árvore pau-brasil.

Em 12 de fevereiro de 1343 como era de praxe, comunicou ao Papa Clemente VI (Pierre Roger 1291 – 6 de dezembro de 1352), o auspicioso acontecimento, em carta escrita de Montemor-o-Novo. E assim se expressou: —

< < Diremos reverentemente a Vossa Santidade que os nossos naturaes foram os primeiros que acharam as mencionadas ilhas do occidente...– dirigimos para alli (ilhas do occidente) os olhos do nosso entendimento, e desejando pôr em execução o nosso intento, mandámos lá as nossas gentes e algumas náos para explorarem a qualidade da terra, as quaes abordando as ditas ilhas, se apoderaram, por força de homens, animaes e outras cousas e as trouxeram com grande prazer aos nossos reinos>>

(Documento do Archivo Secreto do Vaticano, livro 138, folhas 148 e 149).Juntou-se á carta um mapa da região descoberta e nele se vê a inscrição – Insula do Brasil ou de Brandam.
Juntou-se à carta um mapa da região descoberta e nele se vê a inscrição: Insula de Brasil; Desde então os portugueses monopolizaram o comércio do pau-brasil. Tanto assim que, em documentos do século XIV constam os nomes Brasil ligado ao de Portugal. Os Brasil de Portugal diziam os ingleses no fim do século

    He locketh as a sparhawk his eyen Him nedeth not his colour for to dyen With     Brasil, no with grain, of Portugal

E em 1376...

     and Brasil of Portugali

Possível Rota Sanches Brandão e a descoberta acidental do Brasil.


Análise da Viagem

Desgarrando-se do mar do ocidente, castigado pela tempestade

Pode muito bem ser uma tempestade Tropical
A época das tempestades tropicais no Atlântico, é entre o começo de Junho e o final de Novembro.
Se a Viagem teve início entre junho e outubro e muito possível ter encontrado uma tempestade tropical.

e impelido por uma corrente misteriosa,

Talvez a Corrente Equatorial do Norte e a Corrente das Guianas desconhecidas na altura
A região do Atlântico equatorial é uma complexa região dominada pela presença de correntes de grande escala para o oeste e contra correntes” e de ventos, dependentes da época do ano, tempestades tropicais, e mais moderadamente também se constatou a influencia do “El Niño” . Conhecimentos que não existiam na altura.
Pelo que as descrições de Sancho Brandão são mais que plausíveis “e impelido por uma corrente misteriosa”.
Isto também quer dizer que a corrente das canarias não era misteriosa, e já era do conhecimento dos Portugueses.

o capitão Sancho alfim abordava uma terra magnífica, habitada por homens nus, opulenta em árvores da tinta vermelha.

Talvez Terras do norte do Brasil, na região de Fortaleza ou a norte desta

Tentara contorná-la, navegando para o norte.

Corrente das Guianas

Não o pôde,

Poderá querer dizer duas coisas: Não encontrou os limites norte da ilha ou as condições atmosféricas não o permitiam.
A primeira opção è a mais provável, pois o regime de correntes e ventos facilitam a navegação para norte

porém descobriu outras ilhas.

Corrente das Antilhas, talvez algumas ilhas das Antilhas ou as ilhas dos Açores no regresso
Tavez tenham passado pelos Açores e descoberto algumas destas ilhas

 Ref. Em 2 de Março de 1450 o Infante de Portugal doou ao fidalgo flamengo Joe van den Berge, natural de Bruges, e vulgarmente conhecido por Jacome de Bruges, umas ilhas açorianas. No documento de doação há uma referência à descoberta por Sancho Brandão. (1342/1343?) Talvez na viagem de regresso a Portugal.
As ilhas Flores e Corvo foram doadas em 1464 a uma senhora de Lisboa, D. Maria de Vilhena. O flamengo Guilherme van den Haagen, em nome da donatária, recebeu o documento de doação. Nesta também há uma referência à ilha do pau-brasil

Carregando consigo alguns homens e algumas produções da terra, Sancho Brandão e seus bravos marinheiros velejaram para Portugal,

Devem ter seguido a corrente do golfo passando pelos Açores

 ansiosos para incrustarem na coroa portuguesa a glória do primeiro descobrimento nos mares do Ocidente.

Orgulhoso pela vitória conseguido e grato ao valente marujo que lhe dera uma terra nova, Afonso IV batizou a grande ilha do pau vermelho com o nome de Ilha do Brasil ou de Brandão.

Outras provas da Viagem

Os grandes mapas do século XIV, posteriores a 1343, inserem uma ilha no Oceano Atlântico, aproximadamente na posição actual da região nordeste da América do Sul e com uma configuração semelhante à desta. Isso significa que após o ano de 1343 a América do Sul foi explorada pelos portugueses e considerada uma possessão (Ordem Cristo).

Em 1375, Carlos V, então Rei da França, determinou a um cartógrafo de Maiorca que copiasse o mapa português, com ordens de também corrigir e ampliar este mapa com base nas explorações efectuadas entre 1343 e 1375. Neste mapa encontra-se a tal onde era encontrado o pau-brasil, com a conformação e posição aproximada da América do Sul.

No mapa-múndi de Ranulf Nyggeden, elaborado em 1360, também encontra-se o desenho da América do Sul, citada como ilha "Ilha do Brasil". Encontra-se ele no British Museum, em Londres.

A América do Sul também aparece em outras importantes cartas cartográficas, como a de Nicolao Zeno (ano de 1380), Bechario (1435) e Andrea Bianco (1436 e 1448). Este último oferece uma explicação que elucida perfeitamente o caso. Diz ele que a está distante do Cabo Verde, no mar Atlântico, em cerca de 1500 milhas, ou seja, a actual distância aproximada do Cabo Verde até a região mais oriental da América do Sul.

Em um Mapa de 1482, feito pelo cartógrafo Gracioso Benincasa, em Ancona, em Itália, indicando:
·                       Costa portuguesa;
·                        Costa africana;
·                       Isola de Braçill»;
·                     «Antília».
Essa carta geográfica encontra-se na Biblioteca Nacional de Paris (Etnografia, 11, 132.c.XVI) podendo nela ser vista a "ilha de Brasil”, sua formação e localização geográfica na América do Sul. Neste mapa encontra-se a tal "ilha", onde era encontrado o pau-brasil, com a conformação e posição aproximada da América do Sul.

No mapa de Pêro Vaz Bisagudo que e uma copia de um antigo mapa português enviado ao Vaticano também apresenta a ilha do pau-brasil a distância de 1550 milhas do Cabo Verde. O bacharel João Martim, cosmógrafo e médico da esquadra de Cabral, em carta ao rei de Portugal, datada de 01 de Maio de 1500, indica ao seu soberano para procurar o Mapa Bisagudo que era muito antigo, diz ele, e onde se encontraria a localização verdadeira da terra na qual Cabral aportara, vejamos o texto original:

Quanto, Senor, el sytyo desta terra mande vosa alteza traer um mapamundi que tyene pero vaaz bisagudo e por ahi podra ver vossa alteza el sytyo desta terra, em pero aquel mapamundi non certifica esta terra ser habytada ou no: és mapa mundi antiguo.

Ou seja, a esquadra de Cabral não apenas estava se deslocando intencionalmente para o ocidente, aniquilando por completo a mentira de que estaria tentando contornar a África para chegar à Índia, como também conhecia a localização da América do Sul, o seu destino verdadeiro.

Com o nome "ilha do brasil" aparece no globo terrestre de Martim Behaim, elaborado em 1487 e reproduzido na Alemanha em 1492, antes do "descobrimento da América" (a reprodução é de Março e o descobrimento em Outubro).

Conclusão


Analogia com a viagem Pedro Alvares Cabral
A 9 de Março de 1500 zarpou de Belém
A 14 desse mês, a armada passou ao largo do arquipélago das Canárias (6 Dias)a 22 alcançou as ilhas de Cabo Verde, (+ 8 dias)
Entre os dias 29 e 30, a esquadra encontrar-se-ia a 5º N (+ 8 dias)
Ultrapassada a linha equinocial, por volta de 10 de Abril, a rota terá sido corrigida para su-sudoeste, passando a frota a cerca de 210 milhas a ocidente do arquipélago de Fernando de Noronha. (+ 10 dias)
Por volta do dia 18, a armada encontrar-se-ia na altura da Bahia de Todos-os-Santos (13º S),       ( + 8 dias) ……..
Frota de Pedro Alvares Cabral demorou 32 dias até Fernando de Noronha.
Se a viagem se Sancho Brandão teve início em Junho e muito possível que em Agosto tenha chegado ao Brasil.
Possível Fita do Tempo da viagem de Sancho Brandão
Se Sancho Brandão sai-se de Portugal em meados de Junho 1342 (Fins Primavera inicio Verão)
Demoraria 6 dias até as Canarias, por volta de 27-28 junho estaria ao largo das Canarias
Mais 10 dia até Cabo Verde, por volta de 10-11 Julho estaria ao largo de Cabo Verde
Quatro ou cinco dias depois apanhou uma tempestade tropical que o obrigou a rumar para Sul 16-17 julho
Rumou novamente para ocidente impelido pelo Corrente norte Equatorial e a Corrente das Guianas desconhecidas na altura
É muito possível que tenha aportado ao norte do Brasil no início/meados de Agosto e 1342, talvez na região de Fortaleza ou a norte desta.
Contornou o Brasil para norte seguindo a corrente das Guinas
Posteriormente segui-o a corrente das Antinhas avistou mais ilhas
Deve ter partido das Antilhas nos finais de Novembro início de Dezembro
Chegou a Portugal antes de 12 de Fevereiro de 1343 única data comprovada
Por isto tudo acho muito possível que esta viagem tenha sido efectuada pelo Capitão Sanches Brandão

Quais as razões da viagem de Sancho Brandão

Sancho Brandão deve ter sido dos primeiros capitães formado na Escola de Capitania fundada em Tomar pela ordem Cristo/Templários.
Várias razões podem ter dado origem a esta viagem:
  • Estudo das correntes para além das Canarias
  • Comprovação de alguma carta já existente muita antiga de origem Templária
  • O puro acaso, ter sido arrastado por correntes????

Com uma embarcação com estas características das usadas na altura é tecnicamente possível efectuar uma viagem ao Brasil com toda a segurança.
Obs. Devo lembrar que um pescador Algarvio na década de 50, emigrou para o Brasil com a namorada utilizando um barco a remos de pesca “Chata”, e demorou cerca de dois meses na travessia.
Num veleiro com cerca de 12 metros demora-se 6 dias ate as Canarias 8 dias das Canarias a Cabo Verde e 25 dias ate Porto Seguro,

Outros Factos relevantes param a época

Em 1347 ocorreu um sismo que abalou Coimbra, tendo causado enormes prejuízos, e em 1348 a peste negra, vinda da Europa, assola o país.
De todos os problemas foi a peste a mais grave, vitimando grande parte da população e causando grande desordem no reino. O rei reagiu prontamente, tendo promulgado legislação a reprimir a mendicidade e a ociosidade.

Durante o período de 1357 a 1383 poucas referências existem a grandes viagens no entanto, foram efectuadas viagens de caris científicos.

Outras Viagens a Costa do Brasil

Em 1438 um Naufrágio dum navio português na "Ilha Fernando de Noronha".
A principal prova é o Mapa de Andrea Bianco, datado de 1448, baseado em informações recolhidas em Portugal, o que prova que antes desta data houve varias viagens a Costa do Brasil

Em 1471 A descoberta do Brasil foi concluída. A partir deste ano sucedem-se os relatos de viagens de exploração da costa brasileira. 

Viagem de Fernando Telles (1473)

Em 1473 chegou em Lisboa o açoriano Fernando Telles, mostrou o seu roteiro e apresentou o mapa duma longa costa, com muitas ilhas, furos e rios, declarando que essa costa pertencia à grande ilha das sete cidades. Era a costa do Norte do Brasil, entre Maranhão e Ceará, com o delta do rio Parnaíba.


Viagem de João Coelho (1476)

Em 1476 João Coelho visita algumas ilhas das Caraíbas; ia a bordo de um dos seus navios um marinheiro de nome, Salvador Fernandes Zarco, futuro Cristóvão Cólon pseudónimo ou firma, utilizado ao serviço de Espanha a partir de 1492. (Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447 pelo que teria cerca de 29 anos).

Viagem de Pero Vaz da Cunha " Bizagudo". (1487)

O navegador Gonçalo Coelho, em 1487, desembarcando na foz do rio Senegal, travou relações com o Príncipe Bemoín, a quem disputavam a sucessão ao trono daquele Estado. Por isso, quando Coelho voltou a Portugal, o Príncipe mandou com ele uma embaixada a D. João II, para pedir armas e navios.

Escusou-se o Rei, alegando que a Igreja proibia tal fornecimento aos infiéis. No ano seguinte, 1488, tendo Bemoín sido atraiçoado por alguns dos apaniguados, foi expulso do Reino do Senegal, mas decidido a dominar a revolta, embarcou numa caravela portuguesa a veio a Portugal suplicar o auxílio do monarca.
D. João II recebeu-o com honrarias adequadas  um príncipe, dedicou-lhe festejos e foi seu padrinho de baptismo, passando o senegalês a chamar-se como ele João. Por este triunfo de conversão, o Soberano armou o Príncipe "Cavaleiro" e apressou-se a transmitir a notícia ao Papa Inocêncio VIII.
Depois, enviou uma forte esquadra de 20 navios a escoltar o recém-baptizado João. Era comandada por Pero Vaz da Cunha " Bizagudo", seguindo nela João Coelho e um frade dominicano, Mestre Álvaro, que encabeçava um grupo de clérigos com a missão de evangelizarem os indígenas. Contudo ao chegarem ao Senegal, Pero Vaz da Cunha "Bizagudo", assassinou o Príncipe de Bemoín e regressou com a esquadra a Portugal passando pelo Brasil.

Pedro Vaz da Cunha, o Bizagudo, em 1487, partindo de São Jorge da Mina no Gana - dirigiu-se para a costa do Brasil, onde terá feito o primeiro mapa das suas costas. Há notícia que no mesmo ano João Fernandes Andrade fez idêntica viagem. 

 Segundo Rui de Pina e Garcia de Resende, o "Bizagudo" não foi punido,
"(...) por não querer El-Rei envolver no crime outros culpados(...)
Esta sentença foi logicamente interpretada como uma dissimulação real, devendo-se o perdão a uma proeza marítima que Pero Vaz da Cunha tivesse recentemente cometido e que lhe valera a nomeação de comandante da frota embaixada.

Quando Pedro Álvares Cabral, em 1500, largou de Lisboa com destino à Índia, mas também com a missão primordial de oficializar a descoberta do Brasil, levava uma pequena nau de mantimentos, tão frágil que não poderia suportar com a passagem do Cabo das Tormentas, Boa Esperança, e já fora, à partida, programada para regressar ao Reino com a notícia do "redescobrimento".
O seu comandante, André Gonçalves, foi portador de 2 cartas para D. Manuel I. Uma de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada, e outra, do baixarel Mestre João, "cristão-novo" e cirurgião do rei, que foi com Álvares Esteves o primeiro a observar e a representar graficamente a constelação do "Cruzeiro do Sul", no hemisfério austral.
Do relatório de Caminha, ao descrever a rota para o Brasil, consta:

" E assim seguimos o nosso caminho por este mar, de longo, até que terça feira das Oitavas da Páscoa, que foram a vinte e um dias de Abril, estando a ilha de S. Nicolau do arquipélago de Cabo Verde a obra de 600 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topámos alguns sinais de terra (...)

Portanto a "terra" demandada tinha surgido " no nosso caminho", do lado oposto do Oceano Atlântico, numa volta " de longo", propositadamente exagerada. E narra:

" Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios por essas árvores, deles verdes e outros pardos, grandes e pequenos, de maneira que me parece haverá muitos nesta terra (....)" .

E mais adiante acrescenta " Trouxemos papagaios verdes", nos quais decerto se inspirou o cartógrafo que iluminou o " Planisfério d'Este" os de "Cantino". E aqui temos a origem da pseudo originalidade do topónimo " Terra dos Papagaios" das "lettere" publicadas por Francesco Montalbodo em 1507 e atribuídas a Vespúcio. Os papagaios verdes tinham vindo para Lisboa, despertando interesse. Na outra mensagem enviada ao Rei por Mestre João, se informa:

" (...) Quando, Senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz da Cunha, " Bizagudo" e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica se esta terra é habitada ou não. É um mapa-múndi antigo ".

Por conseguinte, já existia no Reino um " mapa antigo", que delineava o litoral brasileiro, decerto com alguns topónimos como era usual, mas que fora traçado antes de uma exploração pelo interior em que tivessem avistado indígenas. E permite-nos depreender que o reconhecimento da orla marítima da " Terra de Vera Cruz" se devesse ao próprio Pero Vaz da Cunha "Bizagudo" ou a outro português, Gonçalo Coelho, nomeado por Jean de Léry.

Um importante mapa, o de Pero Vaz Bisagudo, que era cópia do primeiro mapa português de registro oficial da nova terra descoberta (existente no Vaticano), no qual a "Ilha do Brasil" situava-se a 1550 milhas de Cabo Verde. É o mesmo mapa mencionado numa carta enviada ao Rei Dom Manuel, pelo cosmógrafo e médico da Armada de Cabral, João Martim, datada de 1º de maio de 1500, na qual este sugere que o soberano português procure "no mappa de Bisagudo, a verdadeira situação da terra que Cabral descobriu de novo" (Esta carta está na Torre do Tombo, em Lisboa, em "Corpo Chronológico", parte 3, maço 2, documento nº 2).

Viagem de João Coelho (1487) (1487)

O historiador francês Jean de Lévy, estando no Brasil de 1556 a 1558, registou depoimentos dos mais antigos e considerou ser o continente centro Sul americano ".... a quarta parte do mundo, já conhecida dos portugueses desde cerca de oitenta anos que foi primeiramente descoberta" .

Chama ao Brasil " Terra de Gonçalo Coelho ".
Por este cálculo se conclui que a costa brasileira teria sido abordada pela primeira vez em 1487.
Estêvão Fróis, em 1514, tendo sido preso pelos Espanhóis sob a acusação de se achar instalado em território atribuído a Castela pelo Tratado de Tordesilhas, escreveu ao rei D. Manuel I, pedindo que o resgatasse e justificando que se limitara a ocupar

 " a terra de Vª Alteza, já descoberta por João Coelho, o da Porta da Luz, vizinho de Lisboa, há vinte anos e um ".

Isto significa que o invocado navegador teria atingido aquela região - actual Venezuela - em 1493, no prosseguimento da descoberta do seu primo direito Gonçalo Coelho. Por conseguinte os Portugueses vogavam por aquelas águas muito antes de Cristóvão Colon, que só atingiu a " Punta de Hierro " na 3ª viagem de 1498. E também - pelo menos - 5 anos antes da de Alonso de Hojeda e 6 anos antes, em relação à fantasiada expedição de Américo Vespúcio.
Duarte Pacheco Pereira, fornece uma informação geográfica que permite localizar a região onde Estêvão Fróis fora preso, já que, depois de indicar a rota, diz:

"...no ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde é achada e navegada uma tão grande terra firme, com muitas ilhas adjacentes a elas  ".

Só poderia tratar-se do arquipélago constituída pelas ilhas Margarita, Tortuga, Culeja, Coche e ilhéus venezuelanos, a oriente de Caracas e a ocidente da " Punta de Hierro". A mesma que S.F.Zarco “Colon” abordara, afirmando ser " terra firme ", embora não a tivesse contornado e poderia ser de uma pequena ilha.
Na mencionada 3ª viagem de 1498, Colon, em vez de seguir a rota habitual das ilhas Canárias para a Espanhola - República Dominicana - principal base das Caraíbas, inflectiu para Sul, permanecendo 2 dias no arquipélago de Cabo Verde, onde contactou com portugueses.
E Las Casas relata:

" Torna o Almirante a dizer que quer ir para o Sul das Caraíbas, porque quer ver a intenção do Rei Dom João de Portugal, por certo, que dentro dos seus limites de Castela havia de achar coisas e terras famosas".

Noutras passagens refere explicitamente as viagens que antes de 1495 os portugueses faziam a Ocidente, nomeadamente ao Brasil (cfr. Jaime Cortesão, A Colonização do Brasil, p.27-32).

Gonçalo Coelho chegou à altura do polo Antártico, a 53 graus, "tendo encontrado grandes frios no mar". Terá também chegado ao arquipélago das Maldivas ou Falkand.

Vasco da Gama (1497)

Vasco da Gama, em Julho de 1497, quando partiu em direcção à Índia, foram-lhe dadas instruções precisas para se aproximar das costas do Brasil, mas sem aportar. O relato de um dos pilotos, o célebre "Piloto Anónimo", é muito claro ao identificar que estavam a navegar junto a terras a Ocidente, mas que não correspondiam à India, pois não tardaram em afastar-se das mesmas navegando para Oriente (Cabo da Boa Esperança).

Na "Relação da Viagem", em Agosto de 1497, regista indícios muito claros de terras no poente: "indo na volta do ... a Sul e a quarta do Sudoeste, achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam contra Susoeste muito rijas, como aves que iam para terra".

Noutras passagens refere explicitamente as viagens que antes de 1495 os portugueses faziam a Ocidente, nomeadamente ao Brasil (cfr. Jaime Cortesão, A Colonização do Brasil, p.27-32).

Investigações recentes dão conta de uma expedição portuguesa que entre Dezembro 1498 e Maio de 1499 explorou profundamente o Amazonas, através do curso do rio designado por "Colpho Grande" até cerca de 500 milhas do mar, reconhecendo as embocaduras do Rio Pará e Tapajós.

A descoberta foi realizada com base na análise da cartografia da época (mapas de Pesaro, Egerton Ms 2803 e Roselli, de origem portuguesa, transmitidos a Espanha e Itália por Vespucio e outros) , mas também com base em fontes espanholas.´

A conhecida expedição de Vicente Yanes Pinzón e Diego Lepe, que em fins de 1499, alegadamente terá tocado no território brasileiro, encontra no mesmo uma cruz colocada por anteriores expedições portuguesas (cfr. Alfredo Pinheiro Marques, Portugal e o Descobrimento do Atlântico, p.108).

Viagem de Duarte Pacheco Pereira (1498)

Duarte Pacheco Pereira, em 1498, fez uma longa viagem de exploração não apenas pelas costas do Brasil, mas também pela da Venezuela, deixando-nos um relato preciso do facto. O seu objetivo parece ter sido o de identificar na costa brasileira do Amazonas, o ponto na Foz do Turiaco onde passava o meridiano do Tratado de Tordesilhas. Terá atingido este lugar entre Novembro ou Dezembro de 1498, constatado que o mesmo em termos estratégicos não interessava a Portugal, o que levou a ocultar a expedição durante vários anos. 
Viagem de Duarte Pacheco Pereira em 1498: ao Atlântico Sul e exploração da costa americana ao norte do Amazonas. Em 1498, D. Manuel mandou secretamente o capitão Duarte Pacheco Pereira explorar a América do Sul e verificar a sua posição astronómica. Duarte se reporta ao D. Manuel nos seguintes termos

E por tanto, bem-aventurado Príncipe, temos sabido e visto como no terceiro ano de vosso Reynado do hano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte oucidental, passando além da grandeza do mar ociano, honde he achada e navegada huma tam grande terra firme com muitas e grandes Ilhas adjacentes e ella que se estende a setenta graaos de Ladeza da linha equinocial contra o polo arctico..... por esta costa sobredita do mesmo circulo equinocial em diante por vinte e oyto graaos de Ladeza contra o polo antarctivo he achado nella munto e fino brasil, com outras muitas couzas de que os navios deste Reyno vem grandemente carregados.

Ao citar as coordenadas da terra com abundante e fino pau-brasil, Duarte Pacheco não deixa dúvidas que se tratávamos da América do Sul.
Duarte Pacheco regressou a Portugal e, posteriormente, serviu de guia na viagem de exploração de Pedro Álvares Cabral. Estranhamente (e misteriosamente) os livros de história brasileiros não citam a presença de Pacheco na expedição de Cabral

Pêro Vaz de Caminha em sua carta de 1º de Maio de 1500 diz
e assy seguimos nosso caminho por este mar, de longo, até terça-feira de oitavas de paschoa, que foram vinte e um dias de Abril, que topamos alguns signaes de terra.
Navegar de longo no linguajar da época, significava; atravessar; Assim a esquadra de Cabral saiu de Lisboa para atravessar o Oceano Atlântico e não para costear a África ou dela se afastar ligeiramente com receio de calmaria, como conta a história oficial

Também cabe ressaltar que em nenhum momento do percurso a esquadra de Cabral foi atingida por tempestades que os impelissem à uma mudança no plano elaborado em Lisboa
Texto de Duarte Pacheco Pereira sobre suas descobertas na América do Sul em 1498 (2 anos antes de Cabral), tendo viajado até 28º 30' S (próximo ao Cabo de Santa Marta Grande

Noutras passagens refere explicitamente as viagens que antes de 1495 os portugueses faziam a Ocidente, nomeadamente ao Brasil (cfr. Jaime Cortesão, A Colonização do Brasil, p.27-32).
Investigações recentes dão conta de uma expedição portuguesa que entre Dezembro 1498 e Maio de 1499 explorou profundamente o Amazonas, através do curso do rio designado por "Colpho Grande" até cerca de 500 milhas do mar, reconhecendo as embocaduras do Rio Pará e Tapajós.


A descoberta foi realizada com base na análise da cartografia da época (mapas de Pesaro, Egerton Ms 2803 e Roselli, de origem portuguesa, transmitidos a Espanha e Itália por Vespucio e outros), mas também com base em fontes espanholas.´

A conhecida expedição de Vicente Yanes Pinzón e Diego Lepe, que em fins de 1499, alegadamente terá tocado no território brasileiro, encontra no mesmo uma cruz colocada por anteriores expedições portuguesas (cfr. Alfredo Pinheiro Marques, Portugal e o Descobrimento do Atlântico, p.108).

O roteiro anónimo da 1ª. Viagem de Pedro Alvares Cabral à India (1500-1501), descreve a aproximação intencional da armada às costas do Brasil, de modo a oficializar a sua descoberta. Na esquadra de 12 navios seguia um pequeno navio, uma caravela, que tinha como objetivo aportar ao Brasil, e formalmente registar a posse do território e regressar de imediato a Portugal, o que foi feito.
Brasil, e formalmente registar a posse do território e regressar de imediato a Portugal, o que foi feito.

Estratégia montada por D. João II

Toda a estratégia montada por D. João II, envolvendo o próprio Cristofõm Colon, ou Cristóvão S.F.Zarco “Colon”ou Salvador Fernandes Zarco, mais conhecido pelo nome falso de "Colombo", pressupõe o conhecimento de terras a Ocidente antes de 1492. Os testemunhos são abundantes, não apenas de portugueses, mas também dos italianos, espanhóis e franceses.  

A descoberta do Brasil está ligada ao conhecimento pelos portugueses das correntes e ventos do Atlântico Sul, o que foi concluído em 1471. A partir deste ano sucedem-se os relatos de viagens de exploração da costa brasileira.
Os navios que se dirigiam para Sul de África, ao passarem perto da Guiné, constatavam que levavam muito menos tempo quando se afastavam da costa africana e navegavam perto da costa da América do Sul. Esta rota foi a rota seguida, em 1497, por Vasco da Gama.

Os navios que regressavam do Sul de África, em direcção a Lisboa, eram empurrados para o Brasil. O tempo de navegação era também muito menor se navegassem perto do Brasil. Esta passou a ser a rota recomendada.
A descoberta do Brasil terá ocorrido acidentalmente, por volta de 1448. A principal prova é o Mapa de Andrea Bianco, datado de 1448, baseado em informações recolhidas em Portugal. Nesta mapa aparecem representados os descobrimentos portugueses no Atlântico Sul, até Cabo Verde e o Rosso (cabo Roxo). A Sudoeste das ilhas de Cabo Verde e Rosso surge uma grande terra, com a seguinte inscrição: "Ixola Otinticha xe longa a poniènte 1500 mia" ( Ilha Autêntica a poente à distância de 1500 milhas). O Brasil fica exactamente a 1520 milhas a poente das ilhas de Cabo Verde. A Ilha representada ajusta-se completamente à costa brasileira. 

A corte portuguesa depois da morte do Infante D. Fernando, em 1470, procurou controlar as expedições para Ocidente no hemisfério Sul, impondo crescentes limitações às expedições nessa direcção, nomeadamente de portugueses.
 D. Afonso V, desde 1471, atribui ao principe e futuro rei D. João II, a responsabilidade da Guiné, proibindo em 1474 que alguém fizesse uma viagem para os mares da Guiné, qualquer que fosse o nome que dessem a estes mares, sem a autorização do principe. A coroa portuguesa já em 1.10.1470 havia chamado a si o monopólio de vários produtos obtidos nestas terras e mares: pedras preciosas, goma-laca e pau-brasil...

O francês Jean de Léry que visitou o Brasil de 1556 a 1558, registou os depoimentos de antigos colonos, que lhe confirmaram que "a quarta parte do mundo, já era conhecida dos portugueses desde cerca de oitenta anos que foi primeiramente descoberta". A descoberta teria ocorrido, portanto, em fins da década de 70 do século XV.

No Tratado de Alcáçovas de 1479, Portugal em troca das Canárias garante a soberania dos mares e e terras a Sul deste arquipélago. No ano seguinte, nas novas negociações com Castela / Espanha  introduz no texto do Tratado de Toledo de 1480, uma emenda que lhe garante também a soberania sobre as terras que ficavam a Ocidente das Canárias, isto é, o Brasil. Este facto revela, segundo o historiador espanhol Juan Manzano y Manzano que os portugueses conheciam a sua existência nesta altura.

Pedro Vaz da Cunha, o Bizagudo, em 1487, partindo de São Jorge da Mina no Gana - dirigiu-se para a costa do Brasil, onde terá feito o primeiro mapa das suas costas. Há notícia que no mesmo ano João Fernandes Andrade fez idêntica viagem. 

João Coelho de Lisboa, também em 1487, comandou uma expedição ao Senegal, na ida ou na vinda terá aportado às Indias. A afirmação é de Estevão Fróis, em 1513, que foi preso pelos espanhóis no Haiti (Hispaniola), território que segundo o Tratado de Tordesilhas pertenceria a Espanha.

Por não concordar com a prisão, escreveu a D. Manuel I, afirmando que estava a ocupar terras que pertenciam a Portugal: "a terra de Vª. Alteza, já descoberta por João Coelho, o da Porta da Luz, vizinho de Lisboa, há vinte anos e um". A expedição não foi em 1494, mas em 1487 conforme se comprova por documentos régios. 
Colon, em 1498, quando se dirigiu para Sul das Ilhas de Cabo Verde, afirmou que ía à procura do continente que D. João II lhe falara existir a Ocidente. Esta conversa só podia ser anterior a 1488.
Os tripulantes de um navio francês, aprisionado em 1532 quando regressava clandestinamente do Brasil, afirmam que tinham provas que os portugueses estavam estabelecidos nesta região do mundo antes de 1491.

O espião inglês Robert Thome, informa Henrique VII, em 1527, que os portugueses antes de S.F.Zarco “Colon”: "O rei de Portugal já tinha descoberto algumas ilhas que estão contra as ilhas de Cabo Verde, e também uma certa parte do continente em direcção ao Sul, a que se chamava Brasil".

Nos anexos à Crónica de Nuremberg de 1493, diz-se que Martin Behain, havia navegado na companhia de "Jacob Carnus de Portugal" ao Sul da linha do Equador ao "alter orbis", isto é, "Outro Mundo", a que na denominação romana se designava antípodas. S.F.Zarco “Colon”também se referiu ao continente que encontrou na Venezuela, como "alter Orbis", e outros depois usaram o mesmo nome para designar a actual América do Sul.

Colon, quando a 6 de Setembro de 1492, zarpou de La Gomera (Gomeira, Canárias) na direcção da "India" (América), é informado que três caravelas de Portugal estavam perto da Ilha de Ferro (Isla del Hierro), isto é, entre as Canárias e o continente americano, para controlarem a sua expedição, de forma a garantirem que não entrava nos domínios definidos no Tratado de Alcáçovas-Toledo (1479-80), que abrangia grande parte da América do Sul.

O Brasil, segundo o historiador espanhol Juan Manzano y Manzano, teria sido descoberto pelos portugueses em fins do Verão ou Outono de 1493.
É cada vez mais consensual que Portugal já conhecia a existência do Brasil, antes de 1492 mas a verdade é que não tinha condições para assegurar estes vastos territórios dadas as guerras que mantinha com Castela, nomeadamente pelo controlo do Norte de África e a costa da mina (Gana), a sua principal prioridade. 
Afonso Gonçalves, piloto, em Novembro de 1494, zarpou na direcção do Brasil, tendo sido recompensado por carta régia de 11.6.1497 (menos de um mês antes de embarcar na armada de Vasco da Gama).

Nas negociações do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, Portugal fez mais uma vez questão de contemplar o domínio absoluto deste vasto território. A justificação dada pelos negociadores portugueses foi que os navios vindos do Cabo da Boa Esperança precisavam de espaço para fazerem manobras, daí terem exigido 370 léguas a Ocidente das ilhas de Cabo Verde. A verdade era outra, como o próprio S.F.Zarco “Colon”escreverá.

 Durante as conversações deste Tratado os reis católicos informaram S.F.Zarco “Colon”que os portugueses sabiam de um continente localizado a Ocidente entre o cabo da Boa Esperança e o paralelo das Canárias, o que corresponde ao actual Brasil.
O próprio Colon, em Agosto de 1498, escreve com toda a clareza que se dirigiu das ilhas de Cabo Verde na direcção do Brasil por cinco razões:
A averiguar da terra firme, continente, que D. João II lhe falara existir a "austro", isto é, a Sudoeste.

Os conflitos durante as negociações com Castela deveram-se ao facto de Portugal, pretender assegurar a posse deste continente. Exigindo que o meridiano fosse fixado a 370 "léguas" (sic) das Ilhas do Açores e das ilhas Cabo Verde.
D.João II tinha "por cierto" que dentro dos seus limites "avía de hallar cosas y tierras famosas".

D.João II tinha grande empenho (inclinação) em enviar navios a descobrir a Sudoeste. Os portugueses acharam inclusive canoas que saiam da costa da Guiné, que navegavam na direcção de oeste com mercadorias.
A direcção para Ocidente devia ser percorrida seguindo o paralelo da Serra Leoa, calculando a latitude a partir da Estrela do Norte (estrela polar), seguindo depois para Sul. S.F.Zarco “Colon”viu-se impossibilitado de seguir esta ultima instrução do rei, como refere, devido ao calor que encontrou, limitando-se a seguir o paralelo  até atingir Terra Firme.
Colon, contraria assim a versão corrente que D. João II (falecido em Outubro de 1495) estaria apenas envolvido nas expedições em torno de África. Como se prova estava também empenhado em explorar o Sudoeste do Atlântico, sabendo da existência de um continente nessa direcção.

Recorde-se que a bordo da 3ª. Viagens de Colon, na qual atingiu Terra Firme, seguiam pelo menos dois portugueses. Esta expedição violava de forma ostensiva o Tratado de Tordesilhas, só pode ser realizada com a prévia autorização de D.Manuel I, um facto ignorado pela historiografia oficial. Nas Ilhas de Boavista e de Santiago do arquipélago de Cabo Verde, os seus navios foram abastecidos de víveres. Rodrigo Afonso, escrivão da fazenda do rei de Portugal, ofereceu-lhe tudo o que havia na ilha da Boavista.

O melhor registo histórico destas viagens para ocidente é feito pelo próprio S.F.Zarco “Colon”no Memorial de la Mejorada (Julho de 1497), no qual acusa D. Manuel I de ter violado o meridiano de Tordesilhas enviando expedições portuguesas em várias direções:
Para a Índia contornando África, e ultrapassando já na altura o Cabo da Boa Esperança;
Para poente na direcção das Índias espanholas e Sudoeste (Brasil);
Para Norte na direcção do Pólo Ártico, isto é, da Terra Nova
Colombo confirma deste modo, e de forma inequívoca, as expedições portuguesas antes de 1497, ao continente americano.
Estas expedições portuguesas para Ocidente, são alvo de uma dura crítica neste Memorial, mas também na Relação da Terceira Viagem, concluído em Agosto de 1498. Colon, afirma que D.Manuel I, ao contrário de D. João II não estaria a respeitar os limites estabelecidos no Tratado de Tordesilhas, nomeadamente a poente.
Vasco da Gama, em Julho de 1497, quando partiu em direcção à Índia, foram-lhe dadas instruções precisas para se aproximar das costas do Brasil, mas sem aportar. O relato de um dos pilotos, o célebre "Piloto Anónimo", é muito claro ao identificar que estavam a navegar junto a terras a Ocidente, mas que não correspondiam à India, pois não tardaram em afastar-se das mesmas navegando para Oriente (Cabo da Boa Esperança).
Na "Relação da Viagem", em Agosto de 1497, regista indícios muito claros de terras no poente:
"indo na volta do ... a Sul e a quarta do Sudoeste, achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam contra Susoeste muito rijas, como aves que iam para terra".

Duarte Pacheco Pereira, em 1498, fez uma longa viagem de exploração não apenas pelas costas do Brasil, mas também pela da Venezuela, deixando-nos um relato preciso do facto. O seu objectivo parece ter sido o de identificar na costa brasileira do Amazonas, o ponto na Foz do Turiaco onde passava o meridiano do Tratado de Tordesilhas. Terá atingido este lugar entre Novembro ou Dezembro de 1498, constatado que o mesmo em termos estratégicos não interessava a Portugal, o que levou a ocultar a expedição durante vários anos. 
Noutras passagens refere explicitamente as viagens que antes de 1495 os portugueses faziam a Ocidente, nomeadamente ao Brasil (cfr. Jaime Cortesão, A Colonização do Brasil, p.27-32).

Investigações recentes dão conta de uma expedição portuguesa que entre Dezembro 1498 e Maio de 1499 explorou profundamente o Amazonas, através do curso do rio designado por "Colpho Grande" até cerca de 500 milhas do mar, reconhecendo as embocaduras do Rio Pará e Tapajós.
A descoberta foi realizada com base na análise da cartografia da época (mapas de Pesaro, Egerton Ms 2803 e Roselli, de origem portuguesa, transmitidos a Espanha e Itália por Vespucio e outros) , mas também com base em fontes espanholas.´

A conhecida expedição de Vicente Yanes Pinzón e Diego Lepe, que em fins de 1499, alegadamente terá tocado no território brasileiro, encontra no mesmo uma cruz colocada por anteriores expedições portuguesas (cfr. Alfredo Pinheiro Marques, Portugal e o Descobrimento do Atlântico, p.108).
O roteiro anónimo da 1ª. Viagem de Pedro Alvares Cabral à India (1500-1501), descreve a aproximação intencional da armada às costas do Brasil, de modo a oficializar a sua descoberta. Na esquadra de 12 navios seguia um pequeno navio, uma caravela, que tinha como objectivo aportar ao Brasil, e formalmente registar a posse do território e regressar de imediato a Portugal, o que foi feito.
A viagem foi iniciada com total discrição. O próprio rei D. Manuel I estava fora de Lisboa, para não levantar suspeitas. Portugal retardou o mais que pode a notícia, e só a comunicando um ano depois, quando desembarcou em Lisboa os sobreviventes da esquadra de Cabral. A corte portuguesa jogava no segredo.
Mestre João, físico e cosmógrafo de D. Manuel I, que participou na armada de Pedro Álvares Cabral, na informação que prestou ao rei, indicava que o Brasil era a "Ilha Autêntica" que estava no mapa-múndi que pertencia a Pero Vaz da Cunha "o Bisagudo".

Pero Vaz de Caminha, cronista da expedição, na sua célebre carta ao rei, refere explicitamente uma viagem anterior. Ao descrever a primeira missa em solo brasileiro, diz que Nicolau Coelho trouxe muitas cruzes, com crucifixos que "haviam ficado da outra vinda". Nicolau Coelho foi capitão de um dos navios da expedição de Vasco da Gama (1497-1499).

O Planisfério dito de Cantino (1500-1502) mostra claramente que o Brasil já estava cartografado no ano em que Pedro Alvares Cabral o "achou". As enormes dimensões que o Brasil tem neste mapa mostram que os portugueses tinham a perfeita noção que não se tratava de uma simples ilha, mas de um continente distinto da Asia.
Recorte do planisfério dito de Cantino 1502 -costa leste da América do Sul

Neste mapa surge um curioso acidente geográfico muito a poente do meridiano de Tordesilhas designado "Golfo Fremoso", o qual não aparece em nenhum outro documento estrangeiro antes de 1506. O primeiro a fazer referência ao mesmo é justamente o esboço de um mapa de Bartolomeu Colon, feito neste ano onde regista o "Golfo Formoso". Este topónimo confirma de forma inequívoca as explorações portuguesas em profundidade pela costa setentrional das Índias espanholas antes de 1506. A informação de Bartolomeu “Colon” terá sido recolhida em Vespúcio que se mudou de Lisboa para Sevilha no final de 1504.
Uma análise mais atenta do planisfério revela outras expedições portuguesas antes de 1502, e que serviram de base à sua feitura. 

Gonçalo Coelho, em Maio de 1501 é enviado numa expedição para as costas do Brasil, constituída por três embarcações, provavelmente caravelas. Comandou uma nova expedição entre Junho de 1503 e 1504, com seis navios, quatro nunca regressariam. A frota dirigiu-se para as ilhas de Cabo Verde, e atingiu ilha de Fernando de Noronha em 10/8/1503, onde naufragou o navio de comando. Um grupo de navios prosseguiu o rumo para Sul durante cinco meses atingido o Cabo Frio, onde construíram uma feitoria. O mapa de Maiolo (Fano, Itália, 1504) identifica o Brasil como "Terra de Gonçalo Coelho".

Estas viagens foram durante muito tempo objecto de enorme polémica, até que foi descoberta uma acta notarial de Valentim Fernandes de Moravia, datada de 20/5/1503, integrada no códice de Peutinger, na Biblioteca de Esturgarda, nas quais se confirma que Gonçalo Coelho chegou à altura do polo Antártico, a 53 graus, "tendo encontrado grandes frios no mar". Terá também chegado ao arquipélago das Maldivas ou Falkand.

Parte superior do mapa de Waldseemuller 1507

É possível que não só tenha chegado ao extremo Sul do continente, como é evidente pela análise do mapa de Waldseemuller de 1507, como tenha inclusive navegado na costa ocidental da América do Sul. Há vários relatos que testemunham que quando Fernão de Magalhães, em Outubro de 1520, chegou ao estreito que actualmente tem o seu nome, tinha consigo um mapa da região. O piloto genovês António Pigafetta nos relatos da 1ª viagem à volta do mundo  refere..." este [Fernão de Magalhães], tão hábil como valente, sabia que era preciso passar por um estreito muito oculto,  que tinha visto representado numa carta feita pelo excelente cosmógrafo Martin da Boémia, que o rei de Portugal  D. Manuel I  guardava na sua tesouraria...."  

Mapa de Waldseemuller 1507

Americo Vespúcio viveu em Portugal entre 1499 e 1505, nos seus escritos divulgados por toda a Europa afirma que participou nestas expedições de Gonçalo Coelho a mando do D. Manuel I. Nunca foi encontrado qualquer registo da sua participação nas mesmas. As suas alegadas descobertas, com as quais pretendeu ocultar os feitos de Colon, foram elaboradas com base em relatos dos marinheiros portugueses, com quem contactou durante os 5 anos que viveu em Lisboa.

A redescoberta do Brasil

Viagem de Pedro Alvares Cabral

Domingo, 8 de março de 1500, Lisboa. Terminada a missa campal, o rei d. Manuel I sobe ao altar, montado no cais da Torre de Belém, toma a bandeira da Ordem de Cristo e a entrega a Pedro Álvares Cabral. O capitão vai içá-la na principal nave da frota que partirá daí a pouco para a Índia. Era uma esquadra respeitável, a maior já montada em Portugal com treze navios e 1 500 homens.  Além, do tamanho, tinha outro detalhe incomum. O comandante não possuía a menor experiência como navegador. Cabral só estava no comando da esquadra porque era cavaleiro da Ordem de Cristo e, como tal, tinha duas missões: criar uma feitoria na Índia e, no caminho, tomar posse de uma terra já conhecida, o Brasil.
A presença de Cabral à frente do empreendimento era indispensável, porque só a Ordem de Cristo, uma companhia religiosa-militar autônoma do Estado e herdeira da misteriosa Ordem dos Templários, tinha autorização papal para ocupar - tal como nas Cruzadas - os territórios tomados dos infiéis (no caso brasileiro, os índios).

A redescoberta do Brasil esse feito de Cabral simbolizara somente a oficialização política do que já fora descoberto de facto, vários anos antes, por navegadores lusitanos... Destaque-se a política de "segredo" que então se praticava e a espionagem que genoveses e espanhóis tinham organizado em Lisboa

Pouco depois de Duarte Pacheco ter relatado a D. Manuel I os resultados da sua viagem e de o informar sobre a existência de um continente no hemisfério ocidental, fundeou no Tejo, a 10 de Julho de 1499, a nau Bérrio, primeira embarcação da armada de Vasco da Gama a regressar a Lisboa, trazendo a notícia - e as provas - do descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia, facto que desencadeou, desde logo, uma febril actividade por parte da Coroa portuguesa nos domínios diplomático, organizativo e militar, destinada a estruturar a primeira ligação comercial oceânica euro-asiática.

A divulgação deste evento - que suscitou grande admiração e curiosidade na Europa - teve importantes repercussões internacionais sobretudo em Castela e Veneza, os dois estados europeus cujos interesses eram mais duramente atingidos pela nova situação. O rei de Portugal certamente não desconhecia que o sucesso da frota de Vasco da Gama provocaria profunda decepção em Castela, uma vez que os Reis Católicos estavam empenhados, desde 1492, em atingir esse mesmo objectivo. O conhecimento dessa realidade, bem como a conveniência em obter um rápido reconhecimento internacional dos direitos portugueses à rota do Cabo, levaram D. Manuel I a actuar muito rapidamente junto das cortes castelhana, imperial e pontifícia.

A 12 de Julho, dois dias após o acontecimento, o Venturoso apressou-se a escrever a Isabel e Fernando para comunicar-lhes o feliz sucesso da empresa, não esperando sequer pela chegada do comandante da expedição. Na missiva salientava-se a existência de grandes e ricas cidades, sublinhava-se a descoberta dos circuitos mercantis orientais e de minas de ouro; realçava-se a carga de especiarias (canela, cravo, gengibre, noz-moscada, pimenta e outras) e de pedras preciosas (incluindo rubis) trazida pelo navio comandado por Nicolau Coelho e forneciam-se informações - que posteriormente se verificaram ser erróneas - sobre a natureza cristã das populações "índias", embora com reservas sobre a ortodoxia das suas crenças e ritos.

O monarca lusitano informou também, em diferentes datas, o imperador Maximiliano I, o papa Alexandre VI, o colégio dos cardeais e D. Jorge da Costa, cardeal de Portugal e influente membro da Cúria romana, das novas da Índia. Numa missiva datada de 28 de Julho de 1499, dirigida ao primo, Maximiliano de Habsburgo, D. Manuel I utiliza, pela primeira vez, além dos títulos herdados do seu antecessor, os de "senhor da conquista, navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia", forma simbólica de afirmar perante os outros príncipes cristãos o direito português ao monopólio de acesso ao Índico, baseado na primazia da descoberta e nas antigas concessões papais.

Na epístola dirigida ao cardeal Alpedrinha, datada de 28 de Agosto, após o regresso da nau São Gabriel, sob o comando de João de Sá, o rei fornecia-lhe importantes dados de natureza geopolítica, económica e religiosa sobre o Oriente. Enviava-lhe, também, cópias das cartas remetidas ao papa e ao colégio dos cardeais, solicitava-lhe - apesar de afirmar explicitamente que as doações apostólicas reconheciam os direitos da Coroa de Portugal às terras orientais - a sua intervenção junto do pontífice e dos cardeais no sentido de, em sinal de júbilo pelo feito, obter a confirmação das bulas anteriormente outorgadas, medida destinada a precaver a eventualidade do aparecimento de concorrentes europeus ou contestação por parte de Castela.

O relato que, depois de 29 de Agosto, Vasco da Gama transmitiu a D. Manuel I sobre o complexo quadro geopolítico vigente nas fachadas africana e asiática do Índico, bem como as preciosas informações fornecidas por Gaspar da Índia5 induziram o monarca a concluir que a implantação portuguesa no Oriente iria deparar com significativas dificuldades devido à existência de uma numerosa e influente comunidade muçulmana que controlava as redes comerciais índicas, tendo recebido com visível hostilidade a frota portuguesa que aportou a Calecut.

Regimento de D. Manuel I para a armada de Pedro Álvares Cabral à Índia, 1500. Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
O relato que, depois de 29 de Agosto, Vasco da Gama transmitiu a D. Manuel I sobre o complexo quadro geopolítico vigente nas fachadas africana e asiática do Índico, bem como as preciosas informações fornecidas por Gaspar da Índia  induziram o monarca a concluir que a implantação portuguesa no Oriente iria deparar com significativas dificuldades devido à existência de uma numerosa e influente comunidade muçulmana que controlava as redes comerciais índicas, tendo recebido com visível hostilidade a frota portuguesa que aportou a Calecut.
Armada de Pedro Álvares Cabral no Livro de Lisuarte de Abreu, c. 1558-1564. The Report Morgan Library, Nova Iorque

O entendimento de que a penetração comercial lusitana nos circuitos mercantis orientais encontraria séria oposição esteve na base da decisão real, provavelmente a conselho de Vasco da Gama, de enviar uma grande armada que demonstrasse o poderio militar de Portugal e que funcionasse como importante suporte das pretensões lusas em estabelecer uma feitoria e uma missão na capital do Samorim. O poder de fogo da esquadra deveria, ainda, exercer uma função dissuasória face ao surgimento de eventuais resistências.

A recepção em Castela das novas oriundas de Portugal contribuiu para agravar o descrédito de Cristóvão Colombo perante os Reis Católicos6 e levou-os a introduzir importantes modificações na sua política relativamente ao poente. No último trimestre de 1498, o Almirante do Mar Oceano enviara aos seus soberanos uma relação e uma pintura sobre a "terra firme grandíssima" que tinha descoberto na sua terceira viagem, bem como informações sobre a existência de pérolas na parcela da orla marítima sul-americana baptizada de Costa de Pária. Com base nos relatos e no mapa colombianos, D. João Rodríguez de Fonseca, representante de Isabel e Fernando para os assuntos das "Índias", autorizou Alonso de Ojeda, João de la Cosa e Américo Vespúcio, bem como Pedro Alonso Niño e Cristóvão Guerra, a empreenderem viagens na região ocidental (1499-1500).

Os resultados alcançados por Vasco da Gama convenceram os Reis Católicos a ignorar definitivamente o exclusivo concedido a Colombo, autorizando a celebração de capitulações com outros candidatos que pretendessem efectuar explorações nas paragens ocidentais em busca da Ásia. Como consequência dessa nova orientação política, partiram, em finais desse ano, as expedições capitaneadas por Vicente Yáñez Pinzón e Diogo de Lepe (1499-1500), seguindo-se, no ano imediato, as de Rodrigo de Bastidas (1500-1502) e de Alonso Vélez de Mendoza (1500-1501).

A determinação régia em incrementar as viagens castelhanas ao hemisfério ocidental, promovidas por andaluzes, tinha por objectivo alcançar o Oriente conforme revela a seguinte passagem da edição de 1516 das Décadas de Pedro Mártir de Anghiera referente a um trecho da costa sul-americana reconhecido pelos homens de Pinzón: "tinham percorrido já 600 léguas pelo litoral de Pária e, segundo pensa, passado além da cidade de Cataio e da costa da Índia além do Ganges".

Os preparativos para o envio da segunda armada da Índia decorreram rapidamente e desenvolveram-se em várias frentes. A diplomacia lusitana encetou, com êxito, diligências junto de Roma no sentido de alcançar concessões apostólicas que permitissem desenvolver acções evangelizadoras, fundar conventos e organizar eclesiasticamente a Índia10. Paralelamente, D. Manuel I procurou obter em Castela até 1500 marcos de prata destinados à aquisição de produtos orientais.

Um documento de significativa importância - o "apontamento das coisas necessárias às naus da armada" - redigido entre meados de Setembro e 4 de Novembro de 1499, contém minuciosas recomendações destinadas à organização da viagem. O seu autor salienta a necessidade de se elaborarem os regimentos destinados às duas figuras chave da expedição - Vasco da Gama, então indigitado para o cargo de capitão-mor, e Bartolomeu Dias, responsável pela flotilha de caravelas destinada a Sofala - a vantagem de se nomear um sota-capitânia, de se designarem, com antecedência, os restantes capitães e os respectivos escrivães, mestres e pilotos, bem como de se elaborarem as instruções para os capitães, feitor e escrivães. Este memorando alude, também, à indicação dos clérigos, frades e bombardeiros, à dotação de cartas de marear para todas as embarcações, ao fornecimento de apetrechos, mantimentos, armas e munições destinados à esquadra e, ainda, ao envio de cartas e presentes aos reis de Calecut, Melinde e a outros soberanos não especificados.

Por Carta Régia de 15 de Fevereiro de 1500, o soberano nomeou para o cargo de comandante da frota Pedro Álvares de Gouveia (Cabral), secundogénito de Fernão Cabral, senhor de Belmonte e corregedor da Beira, embora anteriormente tivesse escolhido Vasco da Gama para exercer aquela função. A preparação da armada mereceu os maiores cuidados, tendo o escrivão António Carneiro ouvido o Almirante da Índia e registados os seus conselhos, que foram utilizados na elaboração do regimento real.

Quer o "borrão original" das ordens régias fornecidas a Cabral, quer os fragmentos da minuta do regimento da esquadra de 1500 denotam preocupações relacionadas com o estabelecimento de alianças com vários soberanos locais (em especial com os senhores de Calecut e Melinde), o ataque à navegação muçulmana no Índico, a participação no comércio das especiarias orientais, o estabelecimento de uma feitoria em Calecut e o desenvolvimento de actividade missionárias na Índia. Os referidos documentos estão, contudo, incompletos, não possuindo, curiosamente, os fólios iniciais referentes à travessia do Atlântico Sul que interessam directamente à questão do descobrimento do Brasil.

Não chegaram aos nossos dias os regimentos confiados aos capitães dos restantes navios, sabendo-se, todavia, que foram elaborados vários, designadamente o destinado a Bartolomeu Dias, conforme se deduz da leitura das notas apostas nas margens e no reverso do "borrão" das instruções adicionais entregues a Cabral. No entanto, conservaram-se as minutas integrais dos regimentos dados aos escrivães da receita (Martinho Neto e Afonso Furtado) e da despesa (Gonçalo Gil Barbosa e Pêro Vaz de Caminha) da feitoria que D. Manuel projectava estabelecer em Calecut e cuja direcção tinha sido atribuída a Aires Correia.

A 9 de Março de 1500 zarpou de Belém a segunda armada da Índia, constituída por 13 velas (9 naus, 3 caravelas e 1 naveta de mantimentos) capitaneadas por Cabral, Sancho de Tovar (que comandava a nau El-Rei, estando investido no cargo de sota-capitânia, ou seja, lugar-tenente, tendo por missão substituir o capitão-mor em caso de impedimento deste), Simão de Miranda de Azevedo, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, Nuno Leitão da Cunha, Vasco de Ataíde, Bartolomeu Dias, Diogo Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina e Pêro de Ataíde.

A esquadra transportava entre 1200 e 1500 homens, incluindo a tripulação, a gente de guerra, o feitor, os agentes comerciais e escrivães, o cosmógrafo mestre João, um vigário e oito sacerdotes seculares, oito religiosos franciscanos, os intérpretes, os indianos que tinham sido levados para Lisboa por Vasco da Gama e alguns degredados.

A 14 desse mês, a armada passou ao largo do arquipélago das Canárias e a 22 alcançou as ilhas de Cabo Verde, tendo o capitão-mor optado por não se deter nessas ilhas para efectuar a aguada prevista nas instruções. No dia seguinte, sem que tivesse ocorrido qualquer tempestade, desapareceu a nau de Vasco de Ataíde, resultando infrutíferas todas as tentativas para a encontrar. É provável que a intensa cerração que se faz sentir nessa região, conjugada com nuvens de poeira oriundas da costa sariana que provocam má visibilidade, possam ter estado na origem do naufrágio

Entre os dias 29 e 30, a esquadra encontrar-se-ia a 5º N, iniciando a penetração na zona das calmarias equatoriais - que levou dez dias a transpor - tendo a corrente equatorial sul afastado a sua rota cerca de noventa milhas para oeste. O 1º 1/4 a norte do Equador, a frota encontrou vento escasso, iniciando, então, de acordo com as recomendações do Gama, a volta pelo largo em busca do alísio de sueste, rumando muito provavelmente para sudoeste, devido ao regime de ventos que ocorre na região. Ultrapassada a linha equinocial, por volta de 10 de Abril, a rota terá sido corrigida para su-sudoeste, passando a frota a cerca de 210 milhas a ocidente do arquipélago de Fernando de Noronha.

Nessa época do ano - em que vigora a monção de sueste (Março a Setembro) no trecho da costa nordestina compreendido entre o cabo Calcanhar (5º 09' S) e o rio de São Francisco (10º 31' S) - atenua-se o efeito de arrastamento para oeste a partir da latitude do cabo de São Roque (5º 29' S) devido à divisão, nas imediações desse acidente geográfico, da corrente equatorial sul em dois ramos: a "corrente das guianas" - que prossegue para oeste e nas proximidades da orla marítima inflecte para noroeste - e a "corrente brasileira", que se dirige para o quadrante sudoeste, descendo ao longo da faixa litorânea com um afastamento da ordem das 120 a 150 milhas, permitindo, assim, um aumento da velocidade dos navios.

Rota da armada de Pedro Álvares Cabral entre Lisboa e o Brasil.
Por volta do dia 18, a armada encontrar-se-ia na altura da Bahia de Todos-os-Santos (13º S), área em que o vento se aproxima bastante de leste, favorecendo a busca de terra, pelo que a esquadra terá passado a navegar a um rumo próximo do sudoeste, fechando sempre sobre a costa.

Na terça-feira, 21, segundo o testemunho do célebre escrivão cabralino, os membros da tripulação encontraram alguns sinais de terra:
"muita quantidade d'ervas compridas a que os mareantes chamam botelho e assim outras, a que também chamam rabo d'asno".
Apesar de, nessa latitude (cerca de 17º S), dispor de vento favorável - que sopra francamente de leste - para atingir mais rapidamente o seu objectivo prioritário que era o de alcançar a monção do Índico, o capitão-mor alterou deliberadamente o rumo para oeste em busca de terra.

A 22 de Abril toparam, pela manhã,
"com aves, a que chamam fura-buchos... e, a horas de véspera [entre as 15 horas e o sol-posto]," tiveram "vista de terra, isto é, primeiramente d'um grande monte, mui alto e redondo, e d'outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz".

Após este achamento, a armada fundeou a cerca de 6 léguas (19 milhas) da costa. No dia imediato (quinta-feira, 23 de Abril), os navios mais ligeiros (caravelas), seguidos pelos de maior tonelagem (naus), procedendo cautelosamente a operações de sondagem, ancoraram a cerca de meia légua (milha e meia) da foz do posteriormente denominado rio do Frade. Foi, então, decidido enviar um batel a terra, comandado por Nicolau Coelho, para estabelecer relações com os indígenas que se encontravam na praia.

Os primeiros contactos entre os tripulantes da pequena embarcação e o grupo de 18 a 20 ameríndios foram dificultados pelo barulho ensurdecedor provocado pela rebentação que impediu tentativas mais prolongadas de entendimento. Contudo, ainda houve oportunidade para trocar um barrete vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto por "um sombreiro de penas d'aves, compridas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas, como de papagaio...e um ramal [colar] grande de continhas brancas, miúdas...

Rota provável de aproximação da armada ao litoral brasílico, da autoria de Max Justo Guedes
Na noite de quinta para sexta-feira, uma forte ventania de
"sueste, com chuvaceiros, que fez caçar [afastar do local onde estavam fundeadas] as naus, especialmente a capitânia",
Levou a que os capitães e os pilotos decidissem aproar para norte, ao amanhecer, em busca de um ancoradouro abrigado, onde pudessem verificar o estado de abastecimento da frota em água e lenha, com o objectivo de dispensar a aguada na costa de África.

Depois de percorrerem cerca de 10 léguas (quase 32 milhas), os pilotos ultrapassaram a barra do Buranhém, encontraram
"um arrecife [a Coroa Vermelha] com um porto dentro, muito bom e muito seguro [a baía Cabrália], com uma mui larga entrada", onde lançaram as âncoras, tendo as naus fundeado a cerca de uma légua do recife, por terem atingido o local pouco antes do pôr-do-sol. Afonso Lopes, piloto do capitão-mor, sondou o porto, tendo, no decurso dessa operação, capturado dois mancebos que se encontravam numa almadia e conduzido-os para a nau-capitânia com o objectivo de os interrogar.

No sábado, 25 de Abril, as embarcações de maior tonelagem penetraram na baía, aí fundeando. Concluídas as tarefas de marinharia, reuniram-se todos os comandantes na nau de Cabral, sendo Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias incumbidos pelo capitão-mor de devolver à liberdade, com presentes, os dois nativos aprisionados na véspera e de desembarcar o degredado Afonso Ribeiro, que tinha por missão obter informações mais detalhadas sobre os autóctones.
Na praia encontravam-se perto de 200 homens armados com arcos e flechas, tendo-os deposto a pedido dos seus companheiros que se encontravam nos batéis. 
A partir de então começaram progressivamente a estabelecer-se relações cordiais entre os marinheiros lusos e os tupiniquins traduzidas em trocas de objectos (carapuças, manilhas e guizos por arcos, flechas e adornos de penas) e na colaboração prestada pelos indígenas nas operações de abastecimento de água e lenha.

Os ameríndios não permitiram que o degredado ficasse entre eles, compelindo-o a regressar à armada. Na tarde do mesmo dia, uma parte da tripulação foi folgar e pescar no ilhéu, distante da praia, onde os nativos só tinham possibilidades de chegar a nado ou em canoa. Esta decisão foi tomada por Cabral como medida de segurança para evitar quaisquer hipóteses de ataques de surpresa de que, por exemplo, os tripulantes das expedições de Dias e Gama tinham sido alvo na costa africana.

No domingo, dia de Pascoela, o capitão-mor mandou armar, no ilhéu da Coroa Vermelha, um altar destinado à celebração da missa. A primeira cerimónia cristã no Brasil, à qual assistiram a tripulação e cerca de duzentos tupiniquins que se encontravam na praia fronteiriça, foi presidida por Frei Henrique de Coimbra, guardião dos franciscanos, que, num improvisado púlpito, também se encarregou da pregação, dissertando sobre o significado da quadra pascal e do descobrimento daquela terra.

No mesmo dia, o comandante reuniu em conselho na nau-capitânia todos os capitães da esquadra que concordaram com a sua proposta no sentido de mandar ao rei o navio auxiliar com a "nova do achamento" da Terra de Vera Cruz e, também, com a missão de a explorar mais detalhadamente na viagem de regresso. Foi ainda deliberado que se não tomasse nenhum indígena para o enviar ao reino, optando-se apenas por deixar dois degredados com a missão de aprender a língua e recolher informações. Terminada a reunião, o capitão-mor foi efectuar um reconhecimento das margens do rio Mutari, autorizando a tripulação a folgar, circunstância que foi aproveitada por Diogo Dias para organizar um baile, ao som de gaita, no qual participaram portugueses e ameríndios.

Nos dias imediatos procedeu-se à transferência da carga da naveta de mantimentos para as outras onze embarcações, à conclusão do aprovisionamento de água e lenha, à construção de uma grande cruz, à prossecução das tentativas para obter mais informações sobre os habitantes da terra e à criação de um clima de cordialidade com os tupiniquins, alguns dos quais foram convidados a tomar refeições e a pernoitar nas naus.

O cosmógrafo, bem como os pilotos das naus do capitão-mor e da sota-capitânia, respectivamente, Afonso Lopes e Pêro Escobar, aproveitaram a permanência em terra para armar na praia o grande astrolábio de pau - mais fiável do que os pequenos astrolábios de latão utilizados a bordo - com o objectivo de tomar a altura do Sol ao meio-dia, comparar os cálculos das léguas percorridas e estimar a distância a que se encontravam do cabo da Boa Esperança. A medição da latitude da baía Cabrália (que está actualmente fixada em 16º 21' S), efectuada a 27 de Abril por aqueles três técnicos, deu o resultado de 17º S, tendo, por conseguinte, uma margem de erro inferior a 40' por excesso.

Na carta que enviou a D. Manuel I, mestre João Faras, além de recomendações de natureza náutica, procede à primeira descrição e a um esboço de representação da Cruz, ou seja, da constelação austral. O cosmógrafo e físico régio acrescenta, ainda, uma passagem em que informa o monarca de que, para conhecer a localização da nova terra, bastaria consultar o mapa-múndi que se encontrava em Lisboa, na posse de Pêro Vaz da Cunha, o Bisagudo, onde a mesma estava desenhada.

No entanto, ressalva que se tratava de uma carta antiga, não indicando se a terra era ou não habitada. Esta referência a uma hipotética representação cartográfica da Terra do Brasil, anterior a Abril de 1500, tem suscitado acesa polémica devido às implicações decorrentes da sua interpretação apontarem ou não para a existência de precursores de Cabral naquela região brasílica.

Não são concordantes as opiniões dos autores dos três relatos sobre o descobrimento do Brasil relativamente à natureza da terra achada. Pêro Vaz de Caminha considera-a uma ilha, uma vez que no encerramento da Carta a D. Manuel data-a de "Porto Seguro, da vossa ilha da Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de Maio de 1500". O bacharel mestre João, por seu turno, refere que "...quase entendemos por acenos que esta era ilha, e que eram quatro, e que de outra ilha vêm aqui almadias...", endereçando a sua missiva de "Vera Cruz no primeiro de Maio de 500".

O autor da vulgarmente designada Relação do Piloto Anónimo aborda a questão de forma mais dubitativa, indicando que a terra era "grande, porém não pudemos saber se era ilha ou terra firme", adiantando, contudo, que se inclinava para a "última opinião pelo seu tamanho".
Esta última testemunha não ficou, todavia, circunscrita ao litoral reconhecido até à baía Cabrália, tendo tido oportunidade, no prosseguimento da derrota rumo ao cabo da Boa Esperança, de avistar mais uma parcela da orla marítima, o que lhe permitiu adquirir uma visão mais próxima da realidade.

A 1 de Maio, sexta-feira, o capitão-mor procedeu à escolha do sítio onde deveria ser erguida a grande cruz construída em madeira da terra, de forma a, de acordo com o escrivão cabralino, "melhor ser vista". Este facto denota a preocupação em assinalar aquela excelente aguada para as armadas vindouras, tal como o havia feito Vasco da Gama na costa de África, em 1497, ao mandar carpinteirar uma cruz de um mastro grande para mais eficazmente sinalizar a angra de São Brás.
Pormenor do Planisfério anónimo português de 1502, dito de Cantino. Biblioteca Estense, Modena

Foi então organizada uma procissão que transportou a cruz, em que foram pregadas as armas e a divisa reais, até ao local selecionado, situado nas proximidades da foz do rio Mutari, que não é visível do mar, onde a implantaram, seguindo-se a celebração da segunda missa na Terra de Vera Cruz. Concluídas as cerimónias litúrgicas, o comandante da expedição ordenou a partida para Lisboa da naveta de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos, enviando ao rei papagaios, arcos, flechas e outros objectos fornecidos pelos tupiniquins, bem como as missivas dos capitães, do feitor, do cosmógrafo e do escrivão sobre o "achamento da terra nova".

No sábado, 2 de Maio, a esquadra cabralina zarpou do ancoradouro brasílico, deixando, todavia, em terra, dois grumetes que tinham desertado nas vésperas da partida e igual número de degredados

"os quais começaram a chorar, e foram animados pelos naturais do país que mostravam ter piedade deles".

O navio alvissareiro efetuou, na viagem de retorno a Lisboa, um reconhecimento do litoral brasílico compreendido entre Porto Seguro e o cabo de São Jorge - identificado com o actual cabo de Santo Agostinho - numa extensão superior a 150 léguas, o que permitiu obter a confirmação de que se tratava de um continente. O traçado geral da faixa costeira explorada, uma legenda alusiva ao descobrimento, os topónimos correspondentes às estremas atingidas, sendo que a do norte se encontra assinalada com uma bandeira das Quinas, foram, na sequência da expedição cabralina, inseridos no padrão cartográfico real.

D. Manuel I recebeu, provavelmente no decorrer do mês de Julho de 1500, Gaspar de Lemos, tomando conhecimento dos sucessos protagonizados pela segunda armada da Índia até 1 de Maio, inclusive, bem como da existência no poente de uma grandiosa terra firme austral. Na previsão de que a descoberta da Terra de Vera Cruz pudesse suscitar a eclosão de disputas com Castela acerca da esfera de influência em que o novo domínio se situava, o rei decidiu manter segredo sobre o assunto até obter informações sobre os respectivos limites.

Em data muito próxima da arribada ao Tejo da naveta de mantimentos chegaram a Lisboa as novas do falecimento de D. Miguel da Paz, ocorrido em Granada a 17 de Julho de 1500, o que não suscitou manifestações de pesar porquanto significava o fim da união ibérica que se concretizaria quando o príncipe subisse aos tronos de Castela, Aragão e Portugal. A sucessão dos dois primeiros reinos recaía automaticamente em D. Joana (futura Joana a Louca) e no varão que havia poucos meses dera à luz (o futuro Carlos I de Espanha e Carlos V do Sacro Império nascera a 24 de Fevereiro desse ano).

A morte de D. Miguel reabriu o problema da sucessão da Coroa de Portugal, uma vez que não havia um único descendente legítimo da dinastia de Avis. A inexistência de um herdeiro do trono conferiu grande premência ao casamento do rei, tendo D. Manuel iniciado rapidamente negociações com os Reis Católicos com vista a consorciar-se com a infanta D. Maria, terceira filha daqueles monarcas. O Venturoso não teve dificuldades em obter o assentimento de Isabel e Fernando, que também desejavam aquele enlace, tendo-se realizado os esponsais em Alcácer do Sal a 30 de Outubro de 1500.

Estes acontecimentos condicionaram o calendário político manuelino até finais do ano, pelo que não foram adoptadas iniciativas susceptíveis de criar atritos com Castela-Aragão, que pudessem dificultar ou inviabilizar a concretização do matrimónio régio. No início de 1501, ultrapassados os constrangimentos político-diplomáticos já referidos e encerrado o período de festividades inerentes ao evento, o rei de Portugal tomou decisões conducentes a integrar funcionalmente os domínios do Novo Mundo no contexto do Império.

A primeira consistiu em dar instruções a João da Nova, capitão-mor da terceira armada da Índia, para tomar refresco na Terra de Santa Cruz. Com efeito, a frota zarpou do Tejo na primeira quinzena de Março, iniciou a aproximação ao litoral brasílico por alturas do cabo de Santo Agostinho e efectuou a aguada na costa pernambucana.


Viagem de Nicolau Coelho (1501)

Passados apenas cerca de seis meses após o seu regresso da Índia, parte de novo com destino ao oriente na armada de Pedro Álvares Cabral. Chegada a armada ao Brasil, de novo foi confiado a Coelho o reconhecimento do litoral desse novo território, bem como o comando de um pequeno batel enviado a terra para estabelecer contacto com os indígenas que se encontravam na praia. Mais uma vez demonstrou Nicolau Coelho a sua experiência marinheira, bem como a facilidade de relacionamento com os novos povos contactados, qualidades que concorreram para que, ao lado de Sancho de Tovar e de Bartolomeu Dias, fosse um dos mais importantes capitães de Cabral.

Conhecida em Lisboa a notícia do achamento do Brasil pela armada de Cabral (notícia de que foi portador Gaspar de Lemos), foi desde logo preparada uma armada destinada a reconhecer o litoral da nova terra. Com efeito, era forçoso conhecer o que nela havia que se aproveitasse.

Pese embora o laconismo das fontes é possível afirmar que a primeira dessas expedições teve início em 1501 (terminando em 1502) e, segundo Vespúcio na sua Lettera, bem como o autor da Relação do Piloto Anónimo, seria constituída por três embarcações, provavelmente caravelas, ainda de acordo com uma carta de Giovanni Affaitati a Piero Pasqualigo. A identificação do seu capitão não é fácil, embora em obras portuguesas do século XVI surjam referências pouco claras a uma viagem comandada por Gonçalo Coelho (que, no entanto, fazem referência a 6 navios).

Mesmo a leitura dos textos de Vespúcio (único relato sobre a navegação) não traz luz ao problema na medida em que aquele omite referências que pudessem pôr em causa a sua primazia. Neste como noutros casos é o estudo cartográfico que permite avançar com algumas hipóteses interpretativas consistentes.
Com efeito, a identidade do capitão da armada enviada em 1501 às costas do Brasil é esclarecida pelo mapa de Maggiolo (datado de Fano, 8 de Junho de 1504) no qual se encontra inserida, sobre a representação do território brasileiro, a legenda Terra de Gonsalvo Coigo vocatur Santa Croxe.

Com efeito, parte dos topónimos evidenciados demonstram que a expedição percorreu território do que viria a ser o Brasil, atribuindo-lhes designações de raiz portuguesa (pormenor a destacar é o facto de, novamente de acordo com as informações presentes nas cartas do florentino, os navios da expedição se terem cruzado, nos primeiros dias de Junho, ao largo de Cabo Verde, com algumas das embarcações da armada de Cabral, já no regresso da Índia.

 A chegada ao Brasil terá tido lugar na região do Rio Grande do Norte, devendo a armada ter continuado a sua navegação até à Ilha de Cananeia, onde cessa a toponímia da costa e os respectivos desenho nos documentos cartográficos coevos.

 A partir desse ponto da costa a navegação terá deixado de ser costeira prosseguindo para Sul até uma latitude que não deverá ter ultrapassado o 26º. Determinado o regresso a Lisboa dirigiram-se para a Serra Leoa, fazendo ainda escala nos Açores. Percorrendo tão larga extensão de costa para Sul fica explicado que, a partir de 1502, começasse a ganhar crédito a suspeita de que se estava no que “se crê ser terra firme”, conforme se lê numa legenda da carta de Cantino, e não numa ilha.

A crónica de D. Manuel de Damião de Góis dá-nos notícia de uma segunda armada capitaneada por Gonçalo Coelho (que terá partido a 10 de Junho de 1503 e regressado em 1504), composta por seis navios, da qual quatro não regressariam e identificável com uma expedição a que Vespúcio se reporta nas Quatuor Americi Vesputti Navigationes de 1507.

 A frota ter-se-á dirigido a Cabo Verde, e atingiria depois a ilha de Fernando de Noronha, a 10 de Agosto, onde naufragaria a capitânia. Aí se separariam os navios restantes não voltando Vespúcio, segundo a sua Lettera, a rever o capitão no decurso da expedição. Vespúcio e outro capitão teriam rumado a Sul durante cinco meses podendo ter atingido Cabo Frio onde, em 1511, ano de realização da viagem da nau “Bretoa”, existiria uma feitoria. Nesse ponto da costa (ou em Porto Seguro) teriam então construído uma feitoria-fortaleza onde ficaram 24 homens. Os outros navios da frota terão descoberto a Ilha da Trindade.

Atendendo aos elementos que acima se expõe é possível atribuir a Nicolau Coelho um papel extremamente importante no reconhecimento da costa brasileira, o que se terá traduzido no aperfeiçoamento dos conhecimentos cartográficos, condições de navegabilidade e atribuição de topónimos potenciadores de uma navegabilidade e estabelecimento posterior com bases mais seguras.
Todavia, a “presença de Vespúcio” é que lhe confere especial relevo fora de Portugal, mediante as suas cartas remetidas a Florença e daí divulgadas pela Europa.

Viagem de Gonçalo Coelho (1501-1502) 


A segunda - e mais importante - foi a de armar uma flotilha de três caravelas, cujo comando confiou a Gonçalo Coelho, com a missão de determinar os limites da terra firme descoberta por Cabral. É muito provável que entre os objectivos cometidos à expedição de 1501-1502 se encontrasse o de efectuar um levantamento das potencialidades económicas da Terra de Santa Cruz, facto indiciado pela participação de dois destacados florentinos que se encontravam intimamente associados a empreendimentos marítimos e comerciais nas "Índias de Castela".


Um dos italianos era Gerardo Verde, irmão de um grande mercador originário da Toscana, Simão Verde, que fundara uma companhia comercial solidamente implantada na Andaluzia.

A concordância em aceitar os serviços do florentino poderá, também, ter ficado a dever-se ao facto do Venturoso pretender agir cautelosamente na definição da soberania portuguesa no hemisfério ocidental, utilizando um estrangeiro neutral que tinha participado na expedição de Ojeda aos territórios americanos pertencentes à Coroa de Castela e que poderia, no caso de ocorrer um conflito luso-castelhano sobre a soberania ou os limites do Brasil, testemunhar que a viagem organizada por Portugal se destinava a terras desconhecidas, incluídas na sua área de jurisdição, não constituindo qualquer violação do Tratado de Tordesilhas.

A prudente actuação de D. Manuel I destinar-se-ia a garantir que a implantação da presença lusitana na Terra de Santa Cruz não suscitasse a hostilidade dos Reis Católicos de forma a permitir-lhe concentrar prioritariamente os meios disponíveis na cruzada anti-muçulmana no Oriente, no Norte de África e no Mediterrâneo, o que pode ser ilustrado com a partida, a 15 de Junho de 1501, de uma grande armada (30 naus, navios e caravelas), comandada por D. João de Meneses, conde de Tarouca, com o objectivo de socorrer os venezianos e conter a ameaça turca.

Os navios de Gonçalo Coelho zarparam de Lisboa entre 10 e 14 de Maio de 1501, dirigindo-se a Bezeguiche (Senegal) para tomar refresco. No final do mês encontraram surtas nesse porto duas naus da armada de Cabral que regressavam da Índia, tendo-se efectuado importantes conciliábulos entre alguns membros de ambas as tripulações que permitiram a Vespúcio chegar à conclusão de que a Terra de Santa Cruz pertencia ao mesmo continente que ele havia visitado no decurso da expedição de Ojeda, situando-se, todavia, na região meridional.
Apesar de todas estas movimentações, não transpiraram notícias sobre a descoberta efectuada pela esquadra de Cabral nas paragens ocidentais, o que revela a existência de um calendário político para a sua divulgação. O argumento de que a inexistência de informações sobre o assunto se teria ficado a dever à pouca importância atribuída por D. Manuel I ao achamento do Brasil é infirmado pela tomada das decisões já referidas que apontam no sentido contrário ao dessa hipótese.

Na noite de 23 para 24 de Junho de 1501 chegou ao Tejo a nau Anunciada, pertencente à sociedade constituída entre D. Álvaro e os mercadores italianos, comandada por Nuno Leitão da Cunha, primeira unidade da segunda armada da Índia a regressar do Oriente. A partir de 26 desse mês, as missivas de italianos residentes em Portugal e Castela (Affaitadi, Cretico, Marchioni, Pisani e Trevisano) vão aludir constantemente ao descobrimento da Terra dos Papagaios - designação que lhe foi atribuída por esses diplomatas e mercadores -, pondo em relevo o encontro de uma terra desconhecida, a existência de populações caracterizadas pela nudez e a abundância e variedade de papagaios. No mês de Julho, verificou-se o gradual retorno dos restantes navios cabralinos, incluindo a nau-capitânia.

Somente a 28 de Agosto de 1501, o Venturoso escreveu aos sogros dando-lhes novas dos sucessos da expedição de 1500 e referindo o achamento da Terra de Santa Cruz, o que desmente a ideia generalizada de que D. Manuel I comunicou rapidamente aos Reis Católicos o descobrimento do Brasil, asserção que não corresponde à realidade dos factos, conforme comprova a análise cuidada da cronologia.

A conclusão a retirar não pode, pois, deixar de ser a de que o rei de Portugal propositadamente demorou mais de um ano (de Julho de 1500 a Agosto de 1501) a dar conta a Isabel e Fernando das descobertas efectuadas pelos seus navios na região austral.
Fê-lo, ainda assim, nessa data, devido à insistência de Pêro Lopez de Padilla, representante dos Reis Católicos na corte de Lisboa, apresentando a desculpa diplomática de não os ter notificado mais cedo porque quisera aguardar primeiramente pelo regresso do capitão-mor e depois pelo dos restantes navios, preparando-se para o fazer quando o embaixador lhe transmitira os seus desejos de receber notícias sobre os sucessos daquela armada.

Em suma, o Venturoso tinha conhecimento há mais de um ano do "achamento da terra nova" quando comunicou o acontecimento aos reis de Castela e Aragão que, a partir de então, tomaram conhecimento de que teriam de passar a partilhar de facto com Portugal a terra firme ocidental.

O comportamento de D. Manuel I relativamente à divulgação dos resultados obtidos pela esquadra de Cabral foi diametralmente oposto àquele que adoptou aquando do descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia.
 Neste último caso, o monarca, dois dias após a entrada do primeiro navio da armada de Vasco da Gama na barra do Tejo, apressou-se a escrever aos Reis Católicos, transmitindo-lhes euforicamente o feliz sucesso da empresa, não esperando sequer pelo retorno do comandante da expedição. Relativamente à descoberta do Brasil, o soberano não só não deu qualquer informação sobre o regresso da naveta de mantimentos com os vários relatos sobre o "achamento da terra nova", como retardou o mais possível a sua participação, fazendo-o num tom de "prudência e júbilo moderado"54. Importa, pois, procurar encontrar os motivos que permitam interpretar uma tão significativa diferença de atitudes em relação às duas situações.

Ao receber as notícias sobre a descoberta da grande terra firme austral - cujas estremas setentrional e meridional eram desconhecidas - D. Manuel apercebeu-se que, para além de ter batido os Reis Católicos na corrida pela chegada ao Oriente (1499), acabava de abrir uma nova frente de competição com Castela, desta vez no hemisfério ocidental (1500). Terá considerado, então, mais adequado, devido às prioridades em assegurar a sucessão do trono (negociações para o seu casamento com a infanta D. Maria) e em ampliar militarmente a presença portuguesa no Oriente e no Norte de África, não permitir a divulgação de notícias sobre o assunto até se encontrar na posse de informações precisas sobre os limites da Terra de Santa Cruz, para o que mandou aparelhar a esquadrilha que confiou a Gonçalo Coelho. No entanto, o regresso do Índico dos navios cabralinos, o primeiro dos quais pertencia a particulares, tornou pública a descoberta daquela terra.

Os Reis Católicos - alertados pelos rumores que circulavam sobre o achamento, por navios lusos, de terras no poente que poderiam estar situadas no seu hemisfério de influência - deram instruções ao seu representante em Portugal para que insistisse junto do "dilecto filho" no sentido de lhes dar conta dos resultados obtidos pela segunda armada da Índia.

O monarca lusitano, pressionado pelo embaixador dos sogros, enviou-lhes uma missiva (28 de Agosto de 1501), redigida em linguagem muito cautelosa e ambígua, em que atribui a descoberta feita por Cabral a um "milagre divino", sublinhando que a mesma era muito conveniente e necessária para a navegação da Índia. Omite, todavia, os dados sobre a posição geográfica da Terra de Vera Cruz, bem como os resultados das medições de latitude efectuadas em Porto Seguro e não faz a mínima referência ao envio da expedição de Coelho que havia partido de Lisboa em Maio.

O selo de secretismo com que o Venturoso rodeou os resultados náuticos da expedição de Cabral encontra-se bem patente numa missiva, datada de 10 de Agosto desse ano, em que Ângelo Trevisano, secretário do embaixador veneziano (Domenico Pisani) junto de Isabel e Fernando, informava o analista Malapiero que não tinha sido possível obter uma carta de marear da referida viagem,

"porque o rei impôs a pena de morte a quem a mandar para fora".

Gonçalo Coelho, em Maio de 1501 é enviado numa expedição para as costas do Brasil, constituída por três embarcações, provavelmente caravelas. Comandou uma nova expedição entre Junho de 1503 e 1504, com seis navios, quatro nunca regressariam.

A frota dirigiu-se para as ilhas de Cabo Verde, e atingiu ilha de Fernando de Noronha, onde naufragou o navio de comando. Um grupo de navios prosseguiu o rumo para Sul durante cinco meses atingido o Cabo Frio, onde construíram uma feitoria. O mapa de Maiolo (Fano, Itália, 1504) identifica o Brasil como "Terra de Gonçalo Coelho".

Estas viagens foram durante muito tempo objecto de enorme polémica, até que foi descoberta uma acta notarial de Valentim Fernandes de Moravia, datada de 20/5/1503, integrada no códice de Peutinger, na Biblioteca de Esturgarda, nas quais se confirma que Gonçalo Coelho chegou à altura do polo Antártico, a 53 graus, "tendo encontrado grandes frios no mar". Terá também chegado ao arquipélago das Maldivas ou Falkand.

É possível que não só tenha chegado ao extremo Sul do continente, como é evidente pela análise do mapa de Waldseemuller de 1507, como tenha inclusive navegado na costa ocidental da América do Sul. Há vários relatos que testemunham que quando Fernão de Magalhães, em Outubro de 1520, chegou ao estreito que actualmente tem o seu nome, tinha consigo um mapa da região.
O piloto genovês António Pigafetta nos relatos da 1ª viagem à volta do mundo refere..." este [Fernão de Magalhães], tão hábil como valente, sabia que era preciso passar por um estreito muito oculto, que tinha visto representado numa carta feita pelo excelente cosmógrafo Martin da Boémia, que o rei de Portugal D. Manuel I guardava na sua tesouraria."  

Américo Vespúcio
Um espião ou aventureiro mentiroso?

*    Américo Vespúcio afirma que, após ter sido impedido de embarcar na expedição de Vélez de Mendoza devido às recentes disposições régias proibindo a participação de estrangeiros nos navios castelhanos com destino ao poente, foi aliciado, segundo o seu testemunho, pelos "nossos florentinos de Lisboa" no sentido de se transferir para Portugal. O facto de Vespúcio ter desempenhado as funções de feitor de Juanoto Berardi, que havia sido correspondente na Andaluzia de Bartolomeu Marchioni, terá contribuído para que D. Manuel I resolvesse incorporá-lo na expedição chefiada por Coelho com a finalidade de efectuar uma prospecção dos produtos com interesse comercial existentes na Terra de Santa Cruz.

*    Que quando regressou da viagem de Gonçalo Coelho 1503-1504, D. Manuel I confiscou-lhe os documentos de cariz náutico que estavam em sua posse, nunca tendo procedido à sua devolução. Na sequência do retorno do florentino a Castela, foi promulgado o Alvará de 13 de Novembro de 1504 que proibia os cartógrafos, sob pena de perda dos bens, de representarem a costa a partir do rio de Manicongo, facto que demonstra a preocupação régia em impedir "a divulgação de qualquer notícia sobre a costa recentemente descoberta

*    Américo Vespúcio viveu em Portugal entre 1499 e 1505, nos seus escritos divulgados por toda a Europa afirma que participou nestas expedições de Gonçalo Coelho a mando do D. Manuel I. Nunca foi encontrado qualquer registo da sua participação nas mesmas. As suas alegadas descobertas, com as quais pretendeu ocultar os feitos de Colon, foram elaboradas com base em relatos dos marinheiros portugueses, com quem contactou durante os 5 anos que viveu em Lisboa.

*    O mais que Vespúcio fez, foi aproveitar-se (deixando-se aproveitar...) de tudo quanto os outros fizeram, inclusive de boa parte do conhecimento de navegação e instrumentos náuticos. A sua fama assenta nisso, e nada mais!...

Brazil of Portugal

No "Magagion" do ano de 1376,R. of Taliensen, XII, 144), consta "...and Brazil of Portugal" . Portanto, essa era a expressão inglesa para definir essa área das terras da grande placa continental sul-americana que os portugueses colonizaram mais tarde : "... o Brasil de Portugal!".
Raquel de Souza cita ainda navegadores que deixaram referências escritas sobre a existência do Brasil:

Em 1375, um cartógrafo de Maiorca foi enviado ao Vaticano pelo rei Carlos V, da França, com a missão de copiar, corrigir e ampliar o mapa português original, de acordo com alterações feitas entre 1343 e 1375. Essa carta geográfica encontra-se na Biblioteca Nacional de Paris (vidé Etnografia, 11, 132.c.XVI) podendo nela ser vista a ilha de Brasil, sua formação e localização geográfica na América do Sul. No British Museum, em Londres, encontra-se o mapa-múndi de Ranuulf Nyggeder, datado de 1360, onde consta já inscrita essa "Ilha do Brazil". Sua posição é idêntica à do mapa do rei de França, Carlos V. O Brasil também é mencionado em outras três cartas geográficas: a de Andreia Bianco; a de Becchario e a de Nicolo Zeno.

No século XIV, os planisfério dos cartógrafos Solleri, Mediceu Branco e Pinelli já mostravam uma ilha Brasil, situada sempre a ocidente do arquipélago dos Açores. O renomado historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda era de opinião que a origem de tal nome é uma lenda céltica que fazia referência a uma "terra de delícias" envolvida em núvens. Mas a primeira carta geográfica onde aparecem referências inequívocas ao Brasil real é o mapa de Cantino, no qual se podem ver papagaios, florestas e o contorno do litoral brasileiro - terra de Pindorama, como era denominada pelos índios - , desde o norte ao sudeste.

Um cartógrafo português, cuja traição foi descoberta tardiamente mas punida com a pena capital e seu sobrenome e o de todos os seus descendentes condenados ao perpétuo olvido, tê-lo-ia vendido em 1502 ao espião italiano Alberto Cantino, o qual o enviou secretamente ao seu senhor, o duque de Ferrara, que por esse documentou pagou uma soma muito avultada.

Oficialmente, porém, as únicas viagens de espanhóis e portugueses ao Brasil até áquele ano haviam sido as de Vicente Pinzón, ao estuário do Amazonas, e a de Pedro Álvares "Cabral" (que apenas por concessão real assim era chamado pois não sendo ele filho primogênito, na verdade o direito consuetudinário a tal não autorizava nesse tempo) até onde hoje é a Bahia. Como explicar, então, esse minucioso desenho do litoral brasileiro desde Cabo Frio até ao Amazonas?!

Consequentemente, já existia então um conhecimento seguro da configuração litorânea dessas terras a oeste do Atlântico. Além de 4 000 quilômetros do litoral brasileiro aparecem nesse mapa a Flórida, a Terra Nova (hoje Canadá) e a Groenlândia.

Historiadores portugueses dos nossos dias como Luciano Pereira da Silva e Jorge Couto são de opinião que Duarte Pacheco Pereira, o mesmo que tinha sido negociador do Tratado de Tordesilhas e autor do "Esmeraldo de Situ Orbis"(1505) deixou indícios de que estivera no Brasil cuja costa do Maranhão e a foz do rio Amazonas teria visitado quatro anos após a assinatura do tratado, ou seja, em 1498. Ele (que foi um dos capitães da expedição comandada por Pedro Álvares Cabral) teria recebido a incumbência real de explorar a Ilha do Brasil identificando suas coordenadas astronômicas.
No "Esmeraldo do Situ Orbis", Pacheco afirma que

"é achada e navegada uma tão grande terra firme com muitas grandes ilhas adjacentes a ela que se estende a setenta graus de ladeza da linha equinocial, contra o pólo ártico".
Entre essa versão e o facto guardavam rigoroso sigilo os sucessores dos monges cavaleiros Templários, ou melhor, os cavaleiros da Ordem de Cristo, financiadores e patrocinadores dessas expedições que deram sumiço aos documentos comprometedores.

A eles se ficou, afinal, devendo, sob o comando do grão-mestre Infante D.Henrique, a grande gesta ultramarina lusitana, em sua épica arrancada. Por isso, as caravelas e as naus exibiam em suas velas redondas a Cruz dita "de Cristo", símbolo da extinta Ordem primeva... cujos sobreviventes da "grande queima" da Inquisição que, sob a acusação de heresia, em Paris assassinou 500 monges cavaleiros num só dia; portadores de uma parte do tesouro da Ordem, teria eles sido acolhido e protegido pelo genial rei D.Dinis que providenciou a criação da nova face da instituição, alojando-a no Castelo de Tomar, com o beneplácito do Papa de Roma a quem o monarca português devia obediência.

Um outro personagem que não pode nem deve ser esquecido no meio deste imbróglio ainda não esclarecido, é o célebre Mestre João... Se Pero Vaz de Caminha foi o cronista da célebre CARTA, Mestre João foi o cartógrafo e o primeiro a descrever a navegação, por meio de instrumentos, e a dizer onde estava o Brasil.

Ao crepúsculo de 1º de Maio de 1500, sob a luz bruxuleante de uma candeia, ele pegou a pena e redigiu o seu relato, breve e conciso, que viria a ser a única prova da sua participação na aventura. A certidão de nascimento do Brasil, escrita por Pero Vaz de Caminha, ficaria perdida até Fevereiro de 1773, ano em que foi redescoberta pelo guarda-mor da Torre do Tombo, José Seabra da Silva.

Mas a carta de Mestre João, essa, só seria encontrada em 1843 pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagem, também no meio da papelada imensa da Torre do Tombo. Desde essa altura iniciou-se uma pesquisa polémica em torno desse tal Mestre João... Quem fora ele? Por que escreveu essa carta em espanhol e não em português? Seu nome era João ou Juan? Seria ele um tal mestre João Menelau citado em outras crônicas quinhentistas?

O historiador português Sousa Viterbo chegou à conclusão de que Mestre João era Joam Farás, bacharel em artes e medicina, físico e cirurgião particular do rei D. Manoel I, O Venturoso. Esse Joam Farás era um judeu converso natural da Galiza, em Espanha, e crê-se que tenha se fixado em Portugal por volta de 1485, tendo sido o tradutor do livro De Situ Orbis (Uma Descrição do Mundo) escrito em latim clássico, no século I d.C., pelo geógrafo romano Pompônio Mela, nascido na Península Ibérica. Foi devido a essa tradução que Sousa Viterbo conseguiu identificar Mestre João, também astrônomo de D. Manoel que diariamente queria saber o que lhe revelavam os astros... Mas, qual é, afinal, a relação existente entre esse Mestre João e a "descoberta" do Brasil? É que ele, na tal carta que enviou ao rei D. Manoel, escreveu o seguinte:

" Mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá V.ª ver o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica se esta terra é habitada ou não; é mapa antigo e ali achará Vossa Alteza escrita também a (fortaleza da) Mina".

O historiador português Carlos Malheiro Dias, em 1921, descobriu em velhos documentos um Pero Vaz da Cunha " d´alcunha Bisagudo, capitão-mor da armada de vinte galés enviadas

"com muita e luzidia gente, assim d´armas como oficiais, para a construção da fortaleza da Mina".

Embora Bisagudo haja realmente existido, ignora-se que mapa era esse ao qual o Mestre João se referiu, sabendo-se apenas que a cartografia da época mostrava usualmente dezenas de ilhas misteriosas e lendárias, sendo uma dessas, havida como uma espécie de "paraíso perdido", chamada de Hy Brasil., que já aparecera noutros mapas importantes como os atrás destacados, um dos quais do genovês Andréa Bianco, em 1448, e ainda outros como o do médico e astrônomo florentino Paolo Toscanelli, em 1474 - que inspirou Colombo, ao que parece também judeu português, Colon, e não genovês, a buscar as Índias pela rota do oeste.

O mapa do almirante turco Piri Reis, idem, e no primeiro globo idealizado, em 1484, pelo alemão Martim Behaim, outro judeu, como quase todos eles o eram, o Brazil não foi esquecido...
Em Outubro de 1969, em Viena de Áustria, aonde nos deslocáramos em visita oficial, a convite do governo federal e da Prefeitura Municipal da capital austríaca, tivemos a companhia do então jovem catedrático Prof. Doutor Günther Hamann, ao tempo director do Centro de Estudos Históricos da Universidade de Viena, que acabara de editar a sua monumental obra, em alemão, jamais traduzida para a língua portuguesa, dedicada aos Descobrimentos Ibéricos e em particular aos dos Portugueses que aquele renomado historiador admirava em particular chegando ao ponto de considerar que esses feitos só encontraram paralelo na recente conquista da Lua por astronautas da NASA e que se alguma vez seu país viesse a ser de novo anexado por uma potência estrangeira, a nacionalidade que ele desejaria adotar seria... a Portuguesa. O Prof. Hamann referiu-se-nos também à redescoberta do Brasil observando que esse feito de Cabral simbolizara somente a oficialização política do que já fôra descoberto de facto, vários anos antes, por navegadores lusitanos... Destacou a política de "segredo" que então se praticava e a espionagem que genoveses e espanhóis tinham organizado em Lisboa.

Cronologia de algumas viagens conhecidas.

1336: Primeira expedição portuguesa às ilhas Canárias; houve mais duas expedições em 1340 e 1341
1342: Viagem do Capitão Sancho Brandão a ilha do Brasil (Fez referencia as ilhas dos Açores)
1343: Portugal Anuncia ao Papa a "Descoberta" da Ilha do Brasil Oficialmente
1408: tentativa de passagem do “Cabo Não”, por António Calaforro e Lopo de Santarém.
1409: tentativa de passagem do “Cabo Não”, por Jacob de Navarra e Pedro de Maiorca.
1410: Passagem do “Cabo Não”, por Lopo de Santarém.
1412: Primeiras expedições ao litoral africano e “Ilhas Canárias” ordenadas pelo Infante D. Henrique.
1424 - Expedição militar às Canárias sob o comando de D. Fernando de Castro.
1424: Os portugueses atingiram a costa Americana as verdadeiras "Antilhas", reconhecendo sucessivamente as ilhas "Saya" Península Avelon, "Satanazes" Terra Nova, "Antília" Nova Escócia, "Ymana" Ilha Príncipe Eduardo, como pode ser comprovado pela Carta Náutica de 1424 onde estão gravadas nitidamente a data de 22 de Agosto de 1424 e o nome do seu autor, Zuane Pizzigano, um cartógrafo italiano de Veneza. Apesar do mapa ter sido feito por um italiano os nomes das quatro ilhas — Antília, Satanazes, Soya, e Ymana — estão escritos em português a testemunhar, portanto, a ida e volta de navegadores portugueses a Terras da América do Norte, antes de 1424! Esta descoberta das verdadeiras Antilhas, deve-se ao Dr. Manuel Luciano da Silva.
1427: Descoberta dos "Açores". No regresso de uma viagem pelo mar largo, o piloto Diogo de Silves desembarca na ilha de "Santa Maria", cuja colonização e povoamento se inicia em 1431 por Gonçalo Velho Cabral.
1452 Diogo de Teive e seu filho João descobrem a ilha das Flores e chegam à latitude da terra do Lavrador, não desembarcando pelo mau tempo no local.
1455: Vicente Dias a descoberta da ilha de S. Cristóvão (Boavista) do arquipélago de Cabo Verde,
1459: Diogo Gomes e António Noli (da Nola) Descobre da ilha de Santiago do arquipélago de Cabo verde
1460: Diogo Gomes e António de Noli descobrem mais algumas ilhas do arquipélago de "Cabo Verde".
1461: Diogo Afonso descobriu as ilhas ocidentais de "Cabo Verde".
1462, João Vogado requer a Afonso V os direitos de donatário das ilhas do Lobo e Caprária, que tinha avistado numa anterior viagem e que pretendia procurar de novo, para delas tomar posse. O rei concedeu-lhe o requerido mas as ilhas nunca apareceram.
1471 A descoberta do Brasil foi concluída. A partir deste ano sucedem-se os relatos de viagens de exploração da costa brasileira.
1471: João de Santarém e Pero Escobar ultrapassam o Equador e descobrem as ilhas de São Tomé e Príncipe e Ano Bom. Iniciaram também a navegação pelo Cruzeiro do Sul.
1472- João Vaz Corte Real Descobre a Terra de João Vaz, ou Terra Nova, ou Terra dos Bacalhaus, na América do Norte. O verdadeiro "descobridor da América Norte".
1472: Viagem à Groenlândia e Terra Nova, ou Terra dos Bacalhaus; a expedição é chefiada por, João Vaz Corte-Real e Álvaro Martins Homem.
1473: chegou em Lisboa o açoriense Fernando Telles, mostrou o seu roteiro e apresentou o mapa duma longa costa, com muitas ilhas, furos e rios, declarando que essa costa pertencia à grande ilha das sete cidades. Era a costa do Norte do Brasil, entre Maranhão e Ceará, com o delta do rio Parnaíba.
1473 Lopo Gonçalves (cujo nome se transmitiu ao Cabo Lopo Gonçalves, hoje conhecido por Cabo Lopez) ultrapassou o Equador.
1474, Navegador cruzado João Vaz da Corte Real Exploro Ilha de Antília o Caribe e foi até a Terra Nova (o Canadá).
1476: João Coelho visita algumas ilhas das Caraíbas; dirige-se para Ocidente, visitou algumas ilhas das Antilhas (sendo elas as actuais Antilhas ou ilhas mais a norte na costa sul-americana) ia a bordo de um dos seus navios um marinheiro de nome, Salvador Fernandes Zarco, futuro Cristóvão Cólon, pseudónimo ou firma, utilizado ao serviço de Espanha a partir de 1492.
1479 - Tratado de Alcáçovas, confirmado no ano seguinte em Toledo.
148? Nicolau Coelho viagem ao Brasil. Pero Vaz de Caminha descrever a primeira missa em solo brasileiro, diz que Nicolau Coelho trouxe muitas cruzes, com crucifixos que "haviam ficado da outra vinda".
1487 Viagem à América de Fernão Dulmo e João Afonso Estreito, acompanhados de Martim Behaim, que registou, depois, no globo terrestre que construiu e no mapa do erário real português, a existência da península da Florida, das Antilhas e do golfo do México.
1487 Pedro Vaz da Cunha, o Bizagudo, partindo de São Jorge da Mina no Gana - dirigiu-se para a costa do Brasil, onde terá feito o primeiro mapa das suas costas.
1487 João Fernandes Andrade fez idêntica viagem. 
1487/1488 João Coelho de Lisboa, comandou uma expedição ao Senegal, na ida ou na vinda terá aportado às Índias. A afirmação é de Estevão Fróis, em 1513, que foi preso pelos espanhóis no Haiti (Hispaniola), território que segundo o Tratado de Tordesilhas pertenceria a Espanha.
1489/92: Os portugueses realizam viagens de exploração no Atlântico Sul com vista a descobrir o regime de ventos, Duarte Pacheco Pereira é pioneiro.
1490: Partida de Salvador Fernandes Zarco “Colon” para Espanha saindo de Portugal como agente secreto do monarca português. D. João II, com o objectivo de desviar as atenções da descoberta do caminho marítimo para Índia que os Portugueses há muito procuravam.
1492: Salvador Fernandes Zarco “Cólon”., numa tentativa de chegar à Índia pelo Ocidente atingiu oficialmente as "Ilhas das Caraíbas", região que ficou na posse da coroa espanhola, ilhas que já conhecia quando navegou com João Coelho em 1476.
1492 João Fernandes e Pedro de Barcellos descobrem, entre 30 de Janeiro e 14 de Abril, a terra do Lavrador.
1492: Salvador Fernandes Zarco “Cólon”, numa tentativa de chegar à India pelo Ocidente atinge as Caraíbas, região que ficou na posse da coroa espanhola, ilhas que já conhecia quando navegou com João Coelho em 1476.
1493: 6 De Março de Chegada de Salvador Fernandes Zarco Colon a Lisboa no regresso da viagem onde se encontra com D. João II.
1493. 25 De Setembro Início da segunda viagem de Salvador Fernandes Zarco Colon.
1494: 7 de Junho de “Tratado de Tordesilhas". Depois de mediação papal, Portugal e Espanha dividem entre si os territórios recém descobertos. A linha divisória era o meridiano que passava 370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde, ou seja 46º 37' W, ficando Portugal com todas as terras descobertas ou a descobrir a Oeste desse meridiano, excerto as ilhas Canárias.
1494: Duarte Pacheco Pereira, um dos negociadores do "Tratado de Tordesilhas", calcula, com erro inferior a 4%, o comprimento do grau do meridiano em 18 léguas, ou seja 106,56 Km ou 57,5 milhas marítimas. O grau de meridiano são 111 Km e 111 metros.
1494 Afonso Gonçalves, piloto, em Novembro de 1494, zarpou na direcção do Brasil, tendo sido recompensado por carta régia de 11.6.1497
1495: Viagem dos navegadores João Fernandes, o Lavrador e Pêro de Barcelos à Groenlândia e Terra de Lavrador
1496: Regresso de Salvador Fernandes Zarco Colon a Espanha no final da sua segunda viagem
1497 Vasco da Gama, caminho da India
1497: partida de Lisboa da armada de Vasco da Gama que se destinou à descoberta do caminho marítimo para a Índia. Faz escala no Brasil
1498: 20 de Maio Vasco da Gama completou o descobrimento do caminho marítimo para a "Índia", contornando o Sul do continente africano, chegando a "Calecute".
1498 Duarte Pacheco Pereira, fez uma longa viagem de exploração não apenas pelas costas do Brasil, mas também pela da Venezuela, deixando-nos um relato preciso do facto.
1498 Dezembro a Maio de 1499 explorou profundamente o Amazonas,
1498: Partida de Salvador Fernandes Zarco Colon, da sua terceira viagem com destino às Caraíbas.
1498: Agosto Salvador Fernandes Zarco Colon é preso e deportado para Espanha devido a abusos por parte de seu irmão Bartolomeu Colon.
1499 D. Manuel faz a doação a João Fernandes Lavrador da capitania da ilha ou ilhas que elle descobrir ou achar novamente. Não tendo meios para custear a expedição, João Fernandes Lavrador associou-se a Francisco Fernandes e João Gonçalves, escudeiros, naturais dos Açores, e com tres negociantes ingleses de Bristol, os quaes, provavelmente, forneceram o capital preciso, e com elles obteve do rei Henrique VII da Inglaterra nova carta de doação das terras que descobrisse.    
Ora, João Fernandes Lavrador, quando organizou a expedição, já sabia da existência da terra que _ia achar_ porque nella estivera com Pedro de Barcellos de Janeiro a Abril de 1492, e o fim de sua expedição com os negociantes de Bristol não era outro senão tomar posse da terra anteriormente achada.
1500: Fevereiro Ao chegar a Cádiz, Colon é imediatamente libertado, assim terminando a sua terceira viagem.
1500 Pedro Álvares Cabral, em 1500, largou de Lisboa com destino à Índia, mas também com a missão primordial de oficializar a descoberta do Brasil,
1501 e 1502.Viagens à Terra Nova dos irmãos Gaspar e Miguel Corte-Real que desaparecem respectivamente ,  Miguel ainda se encontra vivo em 1511, conforme se poderá concluir pelas inscrições da Pedra de Dighton.
1501 João da Nova, capitão-mor da terceira armada da Índia, passa pelo Brasil para tomar refresco na Terra de Santa Cruz.
1501 5 de Maio. Fernão de Noronha descobriu a ilha que tem o seu nome, "Ilha Fernão de Noronha".
1501 A ilha de Santa Helena e Ascensão foram descobertas pelo navegador João da Nova, João da Nova dirigia-se à Índia
1502: Início da quarta viagem de Salvador Fernandes Zarco Colon.
1503 Gonçalo Coelho chegou à altura do polo Antártico, a 53 graus, "tendo encontrado grandes frios no mar". Terá também chegado ao arquipélago das Maldivas ou Falkand.
1503: De regresso da Índia, Estevão da Gama descobriu a ilha de Santa Helena.
1504: várias viagens efectuadas por Manuel e Pedro Barcelos, da casa de Barcelos para a costa Atlântica do Canadá, onde colonizaram  a ilha de Sable ou de Barcelona, de ovelhas, cabras, bois, porcos e cavalos
1505. Afonso de Albuquerque descobre a ilha de Ascensão, Portugal nunca colonizou a ilha, só vindo a ser ocupada em 1815 pela marinha britânica.
1506 Tristão da Cunha. O arquipélago foi descoberto pelo navegador português Tristão da Cunha, que deu o seu nome à ilha, mas que não pôde atracar devido aos penhascos de mais de 600 metros de altura. Tristão da Cunha foi mais tarde anglicizado para Tristan da Cunha, nome oficial da ilha em todas as línguas, excetuando-se o português.
1514: João de Lisboa descobriu o “Rio Prata” na costa da América do Sul.
1516-1519 – Expedições guarda-costas portuguesas, para combater espanhóis e franceses.
1519: Saiu do porto de San Lucar de Barrameda a frota de Fernão de Magalhães rumando ao Novo Mundo e que iria efectuar a primeira viagem de circum-navegação do Globo por Fernão de Magalhães e Juan Sebastian Elcano. Dos 5 navios que iniciaram a viagem apenas um regressou; Magalhães morreu na ilha de Matan, nas Filipinas, num combate com os indígenas.