terça-feira, 28 de março de 2017

Salvador Fernandes Zarco “Cristofõm Cólon”

O Alentejano que descobriu a América

Cinco séculos depois das viagens épicas começadas em 1492, estão descobertas evidências conclusivas sobre a nacionalidade de Salvador Fernandes Zarco, português de Cuba,  nasceu na Herdade de Columbaes, perto da vila de Cólos, actual concelho de Cuba, mais conhecido pelo seu pseudónimo de "Cristóvão Colombo".
Comecemos por perceber que as várias teorias quanto à origem do navegador são apenas um dos muitos pormenores que fazem parte da enorme teia de mentiras construída nesse período.

Trata-se de uma gigantesca trama histórica organizada com fins políticos bem definidos e com pleno êxito, como a extensa literatura sobre os factos demonstra quanto à redacção que a História acabou por ter.
O descobridor da América é considerado a segunda pessoa mais conhecida do mundo e também a segunda sobre quem mais se escreveu até hoje, logo a seguir a Cristo.
Envolto em mistérios, que incluíam a sua própria identidade e origem, o navegador foi polémico em vida, bateu o pé a monarcas e afrontou a própria Igreja, no debate do seu mais valioso tesouro: o conhecimento.
O primeiro testemunho registado pela História quanto à sua origem data de 1486, no livro de contas de Pedro Diaz de Toledo, que se refere a Colombo como "El Portugues".
Nunca foi considerado espanhol - aliás, os textos espanhóis classificam-no sempre como "um estrangeiro em Espanha" - mas tem-se tentado fazer crer que seria italiano, nascido em Génova, teoria ora desacreditada, com base em factos históricos não muito difíceis de assertar.

Factos

Dois factos contribuíram para que a confusão vingasse: razões de peso por parte do português para não tornar públicas as suas origens e o próprio nome, e as conspirações políticas de D. João II, incluindo os atentados de 1484 que fizeram a coroa não querer levantar ondas e serviram para esconder alianças estratégicas.
  •     O primeiro documento referindo Cristóvão Colombo em Espanha, é um documento de 5 Maio 1487 de um pagamento feito a Cristóvão Colombo estrangeiro
  •     Casou com uma fidalga portuguesa, algo pouco provável para um estrangeiro comerciante
  •     Revelou ter conhecimentos científicos, e falava mais que uma língua, algo pouco provável para um tecelão.
  •     Não apenas adquiriu esta sólida formação teórica, mas também participou em viagens secretas ao serviço da Coroa portuguesa por todo o Atlântico, tendo em pouco tempo acesso a informações secretas do Estado português, tornando-se amigo íntimo do rei. As próprias Tabelas que usou na sua 1ª. Viagens à América (1492-1493) tinham acabado de ser feitas em Portugal e constituem o mais avançado que o mundo possuía.
  •     Quando Bartolomeu Dias, em 1488, regressou da sua viagem ao cabo da Boa Esperança, embora estivesse há quatro anos em Espanha, desloca-se a Lisboa para assistir à sua chegada, falar com o rei, navegador, estudar légua a légua a rota seguida, etc. Esta viagem foi mantida em segredo pelos cronistas portugueses do tempo, o seu conhecimento ficou-se a dever ao próprio Colombo
  •     Colombo escrevia em português ou Castelhano (aportuguesado), nunca em italiano ou latim
  •     Em 21 anos que viveu em Castela/Espanha, NUNCA foi identificado como italiano ou genovês, o mesmo aconteceu com os dois irmãos.
  •     Cristóvão Colombo quando se dirigiu para Castela tinha como informador o cónego português Fernam Martins Toscanelli, em correspondência com Cristóvão Colombo, escreveu: Não me surpreende, pois, por estas e por muitas outras coisas que sobre o assunto poderiam ainda dizer-se, que tu, que és dotando de uma tão grande alma, e a muito nobre nação Portuguesa, em que todos os tempos tem sido sempre tão enobrecida pelos mais heroicos feitos de tantos homens ilustres, tenhais tão grande interesse em que essa viagem se realize
  •     Assinaturas de Cristóvão Colombo                                      
  •     Joan Lorosano júris consulto espanhol referiu-se a Colombo como um tal que afirmam ser lusitano
  •     O Pleyto de la Prioridad 1532, pelos filhos de Pinzón, duas testemunhas, Hernán Amacho e Alonso Belas referiram-se a Cristóvão Colombo como o infante de Portugal
  •     Presidente da Real Sociedad de Geografia (na altura) Ricardo Beltrán e Rózpide escreveu: el descobridor de América no nació en Genova y fué oriundo de algún lugar de tierra hispana situado en la banda ocidental de la Peninsula entre los cabos Ortegal y San Vicente
  •     Em correspondência trocada com D. João II, este refere-se a Colombo como: meu fiel amigo (um pouco estranho se D. João II tivesse recusado os seus intentos
  •     Em Castela, Cristovão Colombo sempre foi conhecido como português (nos pagamentos capitulo 2 do contador-mor Janeiro de 1486, este chamou português duas vezes, mas o nome foi deixado em branco
  •     A Condessa de Lemos escreveu numa carta que ele era seu sobrinho, carta reescrita por D Duarte de Almeida (Perestrelo) a João III
  •     Estadia demorada de Cristóvão Colombo em Portugal, para falar com tempo e dos pormenores da viagem, com João II, no seu regresso da América, aproveitando depois,para ver alguma da sua família. (passou vários dias em Portugal antes de comunicar a grande notícia aos reis de Castela)
  •     Vários nomes dados às terras descobertas por si, com origem portuguesa (de referir que Cuba só existia uma antes de Colombo realizar a viagem, a vila alentejana
  •     Títulos de Cristóvão Colombo foram dados, depois da morte, a descendentes da coroa portuguesa e nunca a italianos.
Um plebeu e um nobre, um ignorante e um sábio

Seria impensável considerar que um plebeu cardador de lãs de Génova pudesse ter a cultura fenomenal demonstrada pelo navegador, saber latim, grego, espanhol, português, hebraico, ser versado em filosofia, cartografia, cosmografia e navegação… ou vir a casar com uma nobre, como ele fez em 1479 ao desposar D. Filipa Moniz Perestrelo, filha de Bartolomeu Perestrelo, capitão donatário de Porto Santo, descendente de Egas Moniz e familiar de D. Nuno Álvares Pereira. era uma nobre portuguesa da ilha de Porto Santo , na Madeira , Portugal residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago desde a morte do pai, Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante D. Henrique, de ascendência presumivelmente italiana, de Placência, e um dos povoadores e primeiro capitão do donatário da ilha do Porto Santo.

Da união nasceu um filho em 1480, Diogo Colombo. Ficou viúvo em 1485 a partir daí Cristóvão Colombo viveu em Castela, onde foi amante, em viúvo, de Beatriz Enríquez com quem teve um filho, em 1488, Fernando Colombo. Colombo ofereceu os seus serviços aos reis de Castela para alcançar terras do oriente por via oeste. Em 1492 Colombo chega às (Colombo havia chegado às ilhas das Caraíbas
isso era impossível no século XV. Impossível.
Para além disso, D. Filipa Moniz não poderia ter casado sem autorização do Rei – o que aconteceu, porque casou de facto: basta que um dia apareça a ordem régia, provavelmente na poeira de alguns arquivos religiosos guardados sem consulta posterior, para neles se encontrar... o nome verdadeiro do marido.
 Antes de casar-se era uma das doze elogiosas Comendadoras do Mosteiro de Todos os Santos em Lisboa da Ordem Militar de St. James, o que significa que ela tinha um comendário. Seus dois filhos, Ferdinand Columbus e Bartolomeu Colombo , descreveu-a como uma "nobre Comendadora", residente no Mosteiro de Todos os Santos.
A partir de 1485 Colombo reside em Castela. Chegando a Córdova com a corte, teve um caso amoroso, no Inverno de 1487-1488 com uma moça humilde por nome Beatriz Enríquez da qual nasceu, a 15 de agosto de 1488, Fernando Colombo. A esta moça deixa Colombo, no seu testamento, a renda anual de 10.000 maravedis, presumivelmente como compensação pelos danos causados à sua honra.

O Nome

Sabendo-se hoje que "Cristóvão Colombo" foi um pseudónimo, a verdade é que "Colombo" nunca ele se chamou, mas sim "Colon", como é referido em todos os documentos da época.
Uma das teorias mais populares é que terá ido para Castela como espião do Rei D. João II, mas então porque não se lhe conhece um nome "de facto" desde que nasceu?
Outro mistério: porque não se interessou Portugal pela proposta descobridora de Cristóvão, numa ocasião em que todas as suas prioridades estavam voltadas para os Descobrimentos e acabou o navegador por oferecer os seus serviços à coroa espanhola?
Outro ainda: porque se lhe sabem todos os passos desde que chegou a Espanha com o plano da viagem e até que a concretizou em 1492 - todos os documentos, todas as relações, até à sua morte em 20 de Maio de 1506… mas nada anterior a isso? Sabe-se que esteve em Portugal, mas não há registos... Porquê?

Data de nascimento

Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447. No Diário de Bordo da Santa Maria escreveu: "yo he andado veinte y três años en la mar, sin salir della tiempo que se haya de contar". Este assento data de 21 de Dezembro de 1492, durante a primeira viagem: 23 no mar mais 8 em Castela, mais 14 até à idade de poder navegar, tinha 45, portanto nasceu em 1447. Nove anos depois (teria portanto 54) numa carta aos reis católicos escrita em 1501, comenta assim a sua condição de navegador: "ya pasan de quarenta años que yo voy en este uso" - com os 14 de infância, aí estão os 54, em 1501 - logo, nascido em 1447. Duas referências pelo próprio.

Recuemos então meio século e olhemos para o Alentejo.
Era nesse tempo Duque de Beja o Infante D. Fernando, filho de D. Duarte, sobrinho do Infante D. Henrique, de quem foi nomeado herdeiro e de quem recebeu o título de Duque de Viseu.
Dos nove filhos que sua prima Beatriz lhe deu, Leonor viria a ser Rainha, por casamento com D. João II e Manuel viria a ser Rei, aquele que enviou Vasco da Gama para a Índia.

D. Fernando era, portanto, um nobre de cinco estrelas.
O rapaz prendeu-se de amores (ou de calores, não se sabe), para aí um ano antes da prima, com uma rapariguinha de boas famílias, filha de João Gonçalves Zarco, cavaleiro do reino e descobridor de Porto Santo e da Madeira… e zás, a moça engravida. Chamava-se Isabel Gonçalves Zarco.

O Dr. Manuel Luciano da Silva diz no seu livro que o produto dessa relação "foi baptizado" com o nome de Salvador Fernandes Zarco - suponho que tenha simplesmente usado uma conjugação do verbo "baptizar" com o significado de "dar um nome", uma vez que nesses tempos era muito complicado fazer o correspondente acto religioso a um filho ilegítimo.
Portanto, aqui estão as razões para ser discreto em relação ao nome e às origens: era bastardo.

Nestas circunstâncias, o Infante D. Fernando fez o que os nobres faziam: despachou a moça para "longe" de Beja para ter o rebento. Foi assim que ela foi parar 20 quilómetros mais a norte, a uma terra chamada Cuba, onde o rapaz nasceu…

E porquê Cuba? Nunca se saberá ao certo, mas há duas razões lógicas: para além da distância do burgo de D. Fernando, há indícios de que por aquelas paragens haveria familiares da jovem Isabel Zarco. Numa pequena aldeia a menos de 15 quilómetros de Cuba, chamada Albergaria dos Fusos, foi recentemente encontrada uma pedra tumular com o nome "Zarco" claramente inscrito.

Esta lápide está na Igreja de Nossa Senhora do Outeiro, cuja origem remonta ao Século XV e que pertenceu ao Convento de Santa Clara de Beja, terra de D. Fernando
Este Convento, por seu turno, deu origem ao Convento de Santa Clara no Funchal, Ilha da Madeira, fundado por João Gonçalves Zarco, pai da mãe do navegador, portanto seu avô.
Não serão demasiadas coincidências?

Quando, em 27 de Outubro de 1492, Colon descobriu a ilha a que chamou Cuba, disse que era "o lugar mais bonito do mundo" - será que foi só pela sua beleza ou cedeu à tradição portuguesa de chamar ao sítio onde nascemos "o mais bonito do mundo"?...

Quanto à legitimidade de berço, muitos bastardos chegaram a altas posições na monarquia portuguesa, uma vez que o seu sangue nobre não podia ser ignorado e era comum "dar a facada no matrimónio"

Não se sabe bem quando Salvador Fernandes Zarco passou a ser Cristóvão Colon, mas sabe-se que depois sempre assumiu ambos os nomes.
Para além de outros indícios que chegaram até nós.
Um deles é o monograma que colocou à esquerda da sigla em muitos documentos, como aqui ->
Sílvia Jorge da Silva descobriu, em 1989, que o monograma é feito a partir da junção das letras "S", "F" e "Z", como em Salvador Fernandes Zarco, assim:


Voltamos ao grego "Xpo" - Cristo é sempre referido como o "Salvador", portanto, nada mais transparente.

A seguir vem "ferens" - é uma forma frequentíssima, muito usada na idade média, de abreviar "Fernandes" ou "Fernandez".

Finalmente, repare-se no "S" final - tem uma forma estranha, mas que deixa de o ser se a invertermos: ficaremos perante a décima letra do alfabeto hebraico, "Lamed"… que significa "Membro, Falo, Zarco"
"Colon", em grego, significa também "Membro, Falo, Zarco"…
... e esta?

A propósito, como é sabido, "Fernandes" significa "filho de Fernando".
Nas situações como a do filho de Fernando e Isabel, era usual o varão tomar o apelido da mãe.
Portanto, cá está o Salvador Fernandes Zarco.
Muitas outras provas existem mas não vou enumerar mais.

Residência em Porto Santo


Terá Afonso Sanchez, nascido na vila de Cascais, onde tem uma rua com o seu nome, atingido o Brasil ou com maiores dúvidas a América do Norte, em 1486? Será este o piloto anónimo de Colombo?

Afonso Sanchez, que terá chegado ao arquipélago da Madeira com dois ou três tripulantes, todos muito enfermos, onde então se encontrava Cristóvão Colombo por ser casado com a filha do donatário da Ilha de Porto Santo, acabando por morrer com os seus companheiros na casa deste, que os acolheu. Este piloto, muitas vezes denominado Piloto Anónimo, terá por reconhecimento fornecido a Colombo todas as informações que possuía do achamento de terras para além do Grande Mar Oceano, fazendo com que o dito Colombo partisse de imediato para Castela, oferecendo os seus préstimos para a descoberta do caminho por Ocidente para as Índias.
O diário náutico de Afonso Sanches ficou na posse de Cristovão Colombo, que dele se aproveitou (e muito bem) para redescobrir a América em 1492, seguindo as indicações do navegador Cascalense.

Onde Aprendeu a Navegar

Em 1476: João Coelho visita algumas ilhas das Caraíbas; ia a bordo de um dos seus navios um marinheiro de nome, Salvador Fernandes Zarco, futuro Cristóvão Cólon, pseudónimo ou firma, utilizado ao serviço de Espanha a partir de 1492.
Era regra na altura dentro da Ordem de Cristo, que qualquer capitão ou Cavaleiro da Ordem teria que mostrar a sua bravura e Fidelidade a Ordem, em funções subalternas, antes de assumir qualquer função de comando.

As Bandeiras Pessoais do Cristóvão Colon

As Bandeiras de Salvador Fernandes Zarco, “ Cristofõm Cólon”.

A coroa por cima das siglas do nome pode significar a sua origem nobre, ou uma viagem Real.

Há em Portugal 74 Famílias Brasonadas, cada uma tem o seu Brasão específico a sua própria bandeira com os seus símbolos característicos. Conheço muito bem o Brasão do Navegador Cristóvão Colon (Colombo).

Será que o Cristóvão Colon teria alguma bandeira própria? Descobri que o Navegador usou duas
Bandeiras Verdes Pessoais em estandartes nas caravelas.
Como é que poderia encontrar um documento coevo, que desse a referência verdadeira sobre essas Bandeiras Verdes?
Depois de muito procurar, por muita sorte, encontrei uma referência extraordinária.

O Diário de Bordo da primeira viagem que o Navegador fez, dá- nos a descrição do desembarque na Ilha de São Salvador, no dia 12 de Outubro de1492.
Cristóvão Colon relata-nos o episódio.
As suas próprias palavras em espanhol no Diário de Bordo:

“Y el Almirante salió a tierra en la barca armada, y Martín Alonso Pinzon y Vicente Anes su hermano, que era capitán de la Niña. Saco el Amirante la bandera real y los capitanes con dos banderas de lacruz verde, que llevava el Almirante en todos los navios por seña, comuna F y una Y; encima de cada letra su corona, una de un cabo de lacruz e outra de outro”.

Tradução em Português:

“E o Almirante desembarcou numa barca armada e Martin Alonso Pizon e Vicente Anes, seu irmão, que era o capitão da caravela Niña. O Almirante exibiu a Bandeira Real e os capitães eriçaram os estandartes com as duas Bandeiras Verdes que o Almirante levava em todos os navios como suas insígnias, com a letra F e com a letra Y; em cima de cada letra havia uma coroa, uma dum lado da cruz e a outra do outro lado da cruz.”
Eis as duas Bandeiras Verdes Pessoais do Cristóvão Colon:

     Que tipo de Cruzes são estas Cruzes?
Qual é a análise das letras nos lados de ambas as cruzes?
Quais são os significados das letras F e Antes de respondermos a estas perguntas
temos primeiro que fazer uma revisão das Cruzes que existiam em Espanha e
Portugal na época dos Descobrimentos.

A Conspiração

Eram tempos conturbados, em 1483 houve uma conspiração para matar o Rei, organizada pelas Casas de Bragança e Viseu com o apoio dos reis católicos e fidalgos portugueses, entre os quais o próprio Colon. D. João II resolveu a coisa, mandou executar os conspiradores, o Duque de Bragança foi degolado em Évora e o rei apunhalou pessoalmente o irmão da rainha.

Quem conseguiu, fugiu para Espanha, incluindo o nosso Cristóvão, em 1484.
Por volta de 1484, enquanto Colombo negociava com D. João II, a realização de uma expedição à India, o rei resolveu secretamente enviar uma caravela à explorar a rota marítima que este lhe indicou. Colombo terá ficado furioso com esta traição do rei, e esta terá sido a causa porque foi para Castela.
Mas D. João II teria, anda assim, um papel para ele.

"VOLTA QUE ESTÁS PERDOADO..."

Desiludido com as recusas dos reis espanhóis em aceitar o seu plano, o navegador escreveu ao monarca português a pedir perdão e este aproveitou de imediato e respondeu-lhe para Sevilha, perdoando-lhe, convidando-o a voltar e garantindo-lhe a segurança. Chamou-lhe 
"xpovam collon, nosso espicial amigo en sevilla" e esclareceu: "porque por ventura terees algum reçeo das nossas justiças por razam de algumas cousas a que sejaaes obligado, nós por esta nossa carta vos seguramos polla vinda, estada, e tornada, que não sejaaes preso, reteudo, acusado, citado, nem demandado por nenhuma cousa ora que seja civil ou crime, de qualquer qualidade".
Em 1488, Cristóvão vem a Lisboa e encontra-se com o Rei, mas descobre, com surpresa, que ele não o apoiará numa expedição para ocidente, embora não lhe explique porquê, mas… outra surpresa, promete-lhe todo o apoio, em segredo, para convencer os reis católicos a contratá-lo...

Os reis espanhóis eram consideravelmente ignorantes, comparados com a cultura portuguesa. D. João II achou que eram fáceis de enganar… e conseguiu-o, com Colon como peão.

Dizer que ele foi um espião ao serviço do rei não explica bem as coisas, ele foi um agente, sim, um instrumento usado pela coroa portuguesa, mas sem saber como nem porquê. Ele queria concretizar um plano, e o rei proporcionou-lho, intervindo com a influência e ajuda necessárias para que os espanhóis embarcassem na aventura. Portanto, agarrou a oportunidade, sem nunca ter percebido as razões.

Foi nessa ocasião que Bartolomeu Dias regressou a Lisboa com a notícia de ter dobrado o Cabo da Boa Esperança, o que confirmou o que o rei já sabia: que era por aí que chegaria à Índia. Mas sucedeu uma coisa estranha: isto foi em 1488 e Portugal só enviou Vasco da Gama dez anos depois... porquê?

A resposta explica porque D. João II precisava de Colon.

Donde veio o dinheiro?

Não foi fácil, no entanto, mas D. João II empenhou-se em que Colon desse o rebuçado a Castela.
Para começar, Isabel a Católica não tinha dinheiro que chegasse para a aventura, participou com um milhão de maravedis, mas não era suficiente.
Cristóvão contribuiu com os 250.000 que faltavam!
Bom, onde é que ele arranjou esse dinheiro?

Constou que banqueiros o financiaram, mas então porque é que nunca nenhum apareceu depois a reclamar os lucros?

Por outras palavras, só pode ter sido o rei português a fornecer os fundos em falta, para garantir o plano… mas não existem provas disso, é claro.

Existem, sim, provas do grande empenhamento do monarca na concretização da viagem, ao ponto de ter enviado a Cristóvão, no dia 1 de agosto, dois dias antes da partida da expedição, um precioso instrumento científico de navegação em hebraico, o "Roteiro Calendário", ou "Tábuas de Declinação do Sol".

Parece generosidade a mais... a menos que houvesse um motivo forte...
Mas D. João II morreu em 1495 e já só foi D. Manuel que enviou Vasco da Gama para Oriente, em 8 de julho de 1497. Finalmente, Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia, onde chegou a 17 de abril de 1498.

Também, então o Brasil já podia ser "descoberto", o que Pedro Álvares Cabral fez em 22 de abril de 1500, aproveitando a segunda viagem marítima para a Índia.

Mas então donde vem este misterioso personagem, sem uma identidade clara e origens assumidas, que no entanto tem acesso à corte, à nobreza e aos mais altos círculos da nação?...

Viagem de Regresso Novo Mundo

Aqui fica um relato interessantíssimo e muito pouco conhecido.

Depois da tão almejada descoberta do Mundo Novo, na viagem de regresso, seria natural supor que o almirante estivesse ansioso por dar as boas novas aos reis espanhóis.
  • ·       No entanto, ao invés de rumar directo a Castela, apanha uma tempestade que o leva para os Açores.
  • ·       Logo a seguir, nova tempestade e… quem diria, vai parar a Lisboa!
  • ·       Chega ao Restelo a 4 de Março de 1493 e pede para falar com o Rei, que só o recebeu cinco dias depois, porque estava na Azambuja, fugido da peste.
  • ·       Passou três dias com D. João II.
  • ·       Quando partiu, a 11 de Novembro, não regressou à nau, foi até Vila Franca de Xira visitar a Rainha, com quem esteve até à noite.
  • ·       Depois disso, foi dormir a Alhandra.
  • ·       Voltou a embarcar no dia 13.

Nova etapa… desta vez até Faro, onde esteve até à noite do dia 14, isto com uma tripulação espanhola ansiosa por regressar a casa e desconfiada destas andanças, os reis católicos à espera de saber que o Novo Mundo tinha sido descoberto e lhes pertencia… e ele a passear-se por Portugal!

Estranho, não é verdade?...

A ÍNDIA DESEJADA

Os interesses comerciais da Europa viravam-se todos então para as riquezas da Índia - mas o Império Otomano tinha imposto um bloqueio aos países cristãos e só Génova e Veneza podiam ir buscar as especiarias e outros bens ao Oriente através dos territórios muçulmanos.

Essa a razão porque Portugal queria descobrir o caminho marítimo para a Índia: para furar o bloqueio turco-egípcio.

No entanto, Cristóvão queria precisamente chegar à Índia, mas viajando para Ocidente… porque não se interessou D. João II por essa proposta?
Muito simples.

Porque já sabia que existiam terras a ocidente e que estas não eram a Índia das riquezas mas apenas um belo continente de povos seminus, muita vegetação e pouco ouro.

E como sabia?

Porque conhecia viagens anteriores às Américas, feitas em segredo.

Vigorava então uma política de sigilo, para não despertar as cobiças da concorrência espanhola. 68 anos antes da descoberta de Colon, a Carta Náutica de 1424, de Zuanne Pizzigano, mostrava as "Antilhas", com nomes portugueses: Antília, Satanazes, Soya e Ymana - Manuel Luciano da Silva veio a descobrir em 1986 que estas "Antilhas" são de facto a Nova Escócia, Terra Nova, Península de Avalon e Ilha Prince Edward.


Para sul, acredita-se que a "descoberta" do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500 tenha sido apenas a "descoberta oficial" de uma terra já antes visitada em segredo por portugueses.
Existem testemunhos da presença portuguesa na América do Sul em 1493 (Estêvão Fróis em carta dirigida a D. Manuel) e mesmo cerca de 1480 (testemunho de colonos pioneiros ao francês Jean de Léry)

Vitória da experiência em Tordesilhas

Na volta da viagem à América, em 1493, Cristóvão Colombo fez uma escala em Lisboa para visitar o rei de Portugal, D. João II. Um gesto corajoso. O soberano estava dividido entre dois conselhos: prender o genovês ou reclamar do papa direitos sobre as terras descobertas.

Para sorte de Colombo, decidiu pela segunda alternativa. Como a reivindicação não foi atendida, acabou sendo obrigado a enviar os melhores cartógrafos e navegadores da Ordem de Cristo, liderados pelo experiente Duarte Pacheco Pereira, a Tordesilhas, na Espanha, para tentar um tratado definitivo, mediado pelo Vaticano, com os espanhóis. Apesar de toda a contestação a seus atos, a Santa Sé ainda era o único poder transnacional na Europa do século XV. Só ela podia mediar e legitimar negociações entre países.

O cronista espanhol das negociações, frei Bartolomeu de las Casas, invejou a competência da missão portuguesa. No livro História de las Indias, escreveu: "Ao que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos das coisas do mar, que as nossas gentes". Sem a menor dúvida. Era a vantagem dada pela estrutura secreta da Ordem.

Não deu outra. Portugal saiu-se bem no acordo. Pelas bulas Inter Caetera, os espanhóis tinham direito às terras situadas mais de 100 léguas a oeste e sul da ilha dos Açores e Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória imaginária, que ia do pólo norte ao pólo sul, foi esticada para 370 léguas, reservando tudo que estivesse a leste desse limite para os portugueses - o Brasil inclusive.

O verdadeiro Cristóvão Cólon!

Diz-se que assentamos nos ombros de gigantes quando se trata de novas descobertas e trabalhos científicos no mundo. No livro “Cristóvão Colon (Colombo) era Português”, de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, pode ler-se e ver-se o quanto os dados recolhidos durante mais de 40 anos são irrefutáveis.

Toda a evidência histórica coligida pelos autores ao longo desse período aponta para o facto de que Colombo não é originário de Génova, como se tem acreditado até hoje, mas sim de Portugal, que foi autor da maior parte das descobertas de novas terras nos séculos XIV e XV.

Para começar, o navegador nunca assinou o seu nome como “Colombo”, mas sim como “Cristofõm (Cristóvão) Colon”. Duas Bulas Papais do Papa Alexandre VI (1492-1503), em Roma, mostram claramente o nome “Cristofõm Colon”.
Foi uma antiga tradução a partir de latim, que substitui “Colon” por “Colombo”, que deu origem a toda a confusão. Além do mais, Colombo (Colon) usou uma bênção críptica, o seu monograma, uma cifra das suas iniciais, e a sua própria Sigla, a sua “marca registada”, em toda a correspondência que trocou com o filho Diogo, para encobrir a sua verdadeira identidade.

Também, todas as ilhas descobertas por si e para Espanha foram bautizadas com nomes portugueses.

A rigorosa investigação levada a cabo por Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, verificando com rigor todos os factos, em Roma, Portugal e noutros países, e a comunicação que manteve com diversas pessoas ao longo desses anos, prova não só que o navegador era português, mas que Portugal descobriu a maior parte das ilhas e terras durante a era dos descobrimentos, incluindo o continente americano pelo português Miguel Corte Real em 1502, com as famosas inscrições na Pedra de Dighton em 1511, no estado de Massachusetts.

Resta agora que todos os historiadores, epigrafistas e arqueólogos reconheçam a evidência e os factos contidos no livro “Cristóvão Colon (Colombo) era Português”  a incluam nas suas publicações científicas, como uma “Bula” de que Cristóvão Colon era Português!

CIÊNCIA: O ADN

Provada que está a nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon, o Dr. Manuel Luciano da Silva, médico de profissão, propôs que se fizesse ainda uma espécie de "prova dos nove", de natureza científica: um teste de ADN.
O processo científico é relativamente simples.
A raça humana possui 46 cromossomas dispostos em 23 pares, contidos em cada célula.
O mais pequeno desses pares, o 23, determina o sexo da pessoa, na mulher é XX, no homem XY.
Os cromossomas são compostos por moléculas de ácido desoxirribonucleico, ou ADN, que a ciência é capaz de analisar.
O curioso é que o cromossoma Y do par 23 não se modifica JAMAIS, de geração em geração, ao longo de milhares de anos.
Portanto, através da análise do ADN de um parente masculino de Cristóvão Colon, pode fazer-se uma comparação com análise semelhante dos portugueses que se acredita serem seus familiares - se o cromossoma Y for igual, bingo!

Colón não era italiano, nem francês nem espanhol

Esse "Y" foi já extraído das ossadas do filho Fernando e do irmão Bartolomeu do navegador, sepultados na Catedral de Sevilha, pelo professor de medicina legal José Lorente, da Universidade de Granada, que anunciou o facto no canal Discovery, em Maio de 2005, confirmando que os "Y" de ambos são, de facto, iguais.
Começaram então a aparecer pessoas que se diziam descendestes de Colon, vindas da Catalunha, Valência, Baleares, sul de França, Lombardia, Ligúria e Piemonte - um total de 477 pessoas.
O professor Lorent fez colheitas e análises de TODOS os candidatos.
Conclusão: 477 resultados negativos. Nenhum era parente do navegador.
Está cientificamente provado que Cristóvão Colon não era italiano, nem francês, nem espanhol
Será de perguntar... Que seria então?
Mesmo para além de todas as provas documentais que existem, a resposta salta aos olhos, não é verdade?
Formou-se uma equipa em Portugal, dirigida pela professora Eugénia Guedes da Cunha, antropologista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e pelo professor Francisco Corte Real, do Instituto de Medicina Legal. Essa equipa integra técnicos nacionais e antropologistas da Universidade de Granada, que pretendem analisar restos mortais de nobres portugueses.
Com a aprovação do Arcebispo de Coimbra, a Delegação do Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) autorizou o projecto, mas um grupo de cientistas que integrava o antropólogo forense Miguel Botella, de Granada, foi impedida de o concretizar.
A Universidade de Coimbra apresentou ao governo um novo pedido, mas foi bloqueado pela direção nacional do IPPAR e pela Ministra da Cultura, sem resultados até ao momento, segundo declarações do Dr. Manuel Luciano da Silva, há poucos dias, por telefone, que desabafou: "Nenhum governo pode bloquear o avanço da ciência e a pesquisa da História!"

Visitas a Portugal

Colombo saiu de Portugal para Espanha, em  1485, mas voltou ao país várias vezes. Nunca deixou de o visitar, nem de manter uma forte ligação com o mesmo. A documentação existente regista algumas destas visitas, e a forma cordial como foi recebido. 

1485: Um ano depois de sair de Portugal regressa para se encontrar com o próprio rei (D. João II), assistindo à apresentação na Corte dos resultados obtidos pelo físico e astrólogo mestre José Vizinho das medições da altura do sol feitas na Guiné. Não existe qualquer sinal de conflito entre ele e o rei.
1488: Está de novo em Lisboa, para assistir à chegada de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança (África do Sul). Terá ido depois a Beja, para assistir na presença do rei à apresentação dos cálculos que foram nela efectuados. D. João II trata-o nesta altura por "especial amigo", o que revela a intima ligação entre eles. 
1493: No regresso da sua primeira viagem à América, em Março de 1493, dirige-se para os Açores, permanecendo vários dias na Ilha de Santa Maria. Depois veio directamente para Lisboa, onde ficou durante 10 dias, tendo mantido conversações com D. João II. Antes de chegar ainda fez escala em Faro (Algarve). A sua prioridade foi informar o rei de Portugal e receber as suas instruções.  
1496: No regresso da 2ª. Viagem às Indias dirigiu-se para os Açores, e depois para a costa do Alentejo, onde chegou a 8 de Junho 1496. Aportou em Odemira, mais precisamente em Vila Nova de Milfontes. A direcção escolhida foi intencional, como faz questão de referir Hernando Colón (Hist. Colón, cap. LXIV), tendo inclusive anunciada na véspera. Permaneceu em Odemira dois ou três dias, pois só chegou a Cádiz no dia 11/6/1496. Ignora-se os contactos que aqui teve, assim como a razão da escolha desta vila alentejana. 
1498: Após ter jurado fidelidade a D. Manuel I em Toledo partiu para a sua 3ª. Viagem. Dirigiu-se primeiro para a Ilha da Madeira, onde foi recebido como um herói. Depois de afastar alguns dos seus inimigos rumou para Cabo Verde, e a partir daí foi finalmente ao continente americano, para ver as terras que D. João II lhe havia falado.  
1502. No fim da vida, quando sabe que portugueses estavam cercados por mouros em Arzila (Marrocos), adia a sua partida para a 4ª. Viagem à América de modo a preparar-se convenientemente para os ir defender. Dirigiu-se depois para Arzila, fazendo questão de ser o primeiro (português) a fazê-lo. Só depois é que se dirigiu para o seu destino.  
1504: Colombo e o seu filho ocultaram a rota que tomaram no seu regresso, na última viagem às Indias. Não existem registo que tivesse aportado nas Canárias. O mais certo é que tivesse tomado a rota que seguiu na 1ª. e 2ª. viagem, dirigindo-se para o mar dos Açores (Santa Maria) e depois para as Costas de Portugal (Odemira, Vila Nova de Mil Fontes, pertencente à Ordem de Santiago de Espada). 

Análise documental

Os autores portugueses instalam Colombo, com provas exaustivas, precisamente na citada herdade alentejana. O próprio Paolo Toscanelli, célebre cosmógrafo italiano que se correspondeu com Cristóvão Colombo, em carta dirigida de Génova a Lisboa, datada de 1474, exalta Portugal entusiasticamente e trata o almirante por português. Diz:

 «Não me surpreende, pois, por estas e muitas outras coisas que sobre o assunto poderiam ainda dizer-se, que tu, que és dotado de uma tão grande alma, e a mui nobre Nação Portuguesa, que em todos os tempos tem sido sempre enobrecida pelos mais heroicos feitos de tantos homens ilustres, tenhais tão grande interesse em que essa viagem se realize».

Já o seu filho, Hernan Colon, isto é, Fernando Colombo, radicado em Espanha, manifesta o estranhíssimo do desconhecimento absoluto da naturalidade de seu pai, e tem as seguintes palavras flagrantes na sua obra biográfica Vida del Almirante:

«Ele quis que fosse desconhecida e incerta a sua origem e pátria».

Após a chegada ao continente americano por Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, nos séculos XV-XVI, essas terras passaram a ser denominadas de Índias Ocidentais, contrapondo-as às Orientais, mas sempre realçando o designativo de Ásia, tanto com o sentido imediato de território longínquo e exótico, para o viajante europeu, como, principalmente, com o de Assiah ou “Mundo”, cuja conquista espiritual teve a primazia da Gesta Dei Per Portucalensis.
  
O professor Mascarenhas Barreto – assim como os seus seguidores portugueses, o último Manuel da Silva Rosa em parceria com Eric J. Steele  – acredita no seu livro, que é a sua tese, ter sido Salvador Gonçalves Zarco um espião português de D. João II posto ao serviço dos reis católicos de Espanha. Não penso assim, pois nem os acontecimentos da época, com cronologia provada e documentada, e nem tampouco o direito canónico me permitem admitir essa ideia. Porque se Colombo pertencia à Ordem de Cristo, só o Geral da mesma poderia decidir sobre o aprazar ou emprestar a prazo o navegador à Coroa, mas nunca o rei, pelo menos legitimamente, pelo que os conhecimentos detidos pelo almirante à Ordem os devia e à Ordem, na pessoa do seu Geral, devia prestar contas detalhadas, ou sejam os relatórios com todos os pormenores, e nunca à pessoa do monarca: este ficaria a par do indispensável, a fim de saber se o seu «investimento» corria ou não bem, e pouco mais.
Foi sempre assim ao longo do processo das descobertas Marítimas, pelo que esta posição de independente de Cristóvão Colombo ante a Coroa não era excepcional. Por isso tive ocasião de dizer algures: todos sabiam que a Escola de Sagres sabia, mas nem todos sabiam o que a Escola de Sagres sabia.

Mesmo assim se sabe que essa legitimidade do Instituto Militar de Cavalaria e Religião sujeito, por um lado, ao Governador e Mestre Geral, que era quem se correspondia directamente com o Rei, e por outro lado à Mesa Bispal e logo ao Papa, veio a ser ostensivamente anulada e apropriada por D. João II, quando assassinou nos paços de Setúbal D. Diogo, Mestre da Ordem de Cristo e 4.º duque de Viseu, por pertencer ao partido da Casa de Bragança, que o rei detestava e acabou extinguindo (só sendo restaurada no reinado D. João IV), e por ambicionar o domínio da Ordem, então senhora dos mares e terras conhecidos, o que significava um incomensurável poder e uma indiscritível riqueza exclusivos à sua real pessoa.

Decepando a linhagem bragantina que conduzia até ao primeiro rei de Portugal, ordenando a execução em 1483 do duque de Bragança, e levando à fuga do marquês de Montemor, do conde de Faro e de outros acusados; amordaçando o clero que se opunha a tal política de “quero, posso e mando”, ficando como exemplo geral a decapitação pública do bispo de Évora, D. Garcia de Meneses, em 1484, e executados, presos ou mandados para o degredo muitos outros; dominada a Ordem de Cristo pelo assassinato do seu Mestre e Governador, também em 1484, o qual também era irmão da mulher do rei, D. Leonor, declaradamente favorável ao partido da Casa de Bragança, ficava assim D. João II com o terreno político-social livre de opositores, inteiramente aberto para o que quisesse fazer e como entendesse... e com tudo isso não se livrou a morrer de forma estranha, diz-se, por envenenamento.
             
Foi nesse ambiente que se encetaram as negociações entre Cristóvão Colombo e D. João II, as quais continuaram depois de ele já estar aprazado aos reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Estou mais em crer que terá havido uma concordata sobre o empréstimo do almirante português aos reis do país vizinho, negociações essas levadas a cabo com a ingerência directa, ainda assim discreta, das Ordens de Cristo e de Montesa, cujos embaixadores negociavam em nome dos seus Administradores, e cuja ambição maior, secreta mas que se apercebe em várias partes dos escritos do almirante, seria a realização do velho sonho sinárquico dos antigos Templários, de quem eram descendentes directo: o de unir o Oriente ao Ocidente e neste edificar o Templo ou Casa da Jerusalém Celeste, visão propícia à III Idade, e o espaço da sua inauguração só podia ser numa terra virgem, livre e desconhecendo o que fosse mal e pecado, logo num continente novo, e a tanto ficou destinado o quinto continente – a América.

Aliás, ainda em Baza o almirante teria assegurado a Fernando e a Isabel que a sua façanha seria consagrada «à reconstrução do Templo» 16. Adianta mais na sua obra muito curiosa, que deixou inédita, intitulada Libro de las Profecias, em que se jacta de ter sido o escolhido do Céu para descobrir o Novo Mundo. Nesse livro de revelação divina escrito por Colombo há períodos interessantíssimos, como, por exemplo, os dois seguintes que traduzo do castelhano para português: 

«Quem duvida que este lume não foi do Espírito Santo, assim como de mim, o qual com raios de claridade maravilhosa consolou com a sua santa e sacra Escritura a voz muito alta e clara com 44 livros do Velho Testamento, e 4 Evangelhos com 23 Epístolas daqueles bem-aventurados Apóstolos, avivando-me a que eu prosseguisse, e de contínuo sem cessar um momento me avivam com grande pressa?» – «... e digo que não somente o Espírito Santo revela as coisas por vir às criaturas racionais, mas que no-las mostra por sinais do céu, do ar e das bestas quando lhe apraz.»
             
Face a quanto disse até aqui, não deixa de opor-se o que será o busílis da questão: se Cristóvão Colombo era português, por que optou por Espanha em vez, como seria natural, do seu próprio país?
             
Certamente em razão das ideias egocêntricas e das atitudes repressivas de D. João II e à maior aceitação do seu projecto por parte dos reis católicos, principalmente de D. Isabel, os quais certamente queriam tomar parte na diáspora marítima que até então tinha Portugal como único donatário universal. De maneira que a concordata de ceder Cristóvão Colombo a Espanha só podia ser feita em primeira mão pelas Ordens de Cristo e de Montesa , vindo depois as Coroas interessadas. Assim se refrearia também a desmurada ambição de D. João II e se abriria caminho para firmar, como esse acto legítimo, a posterior partilha do Mundo entre Portugal e Espanha pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Tanto assim é que, após a chegada de Cristóvão Colombo às Antilhas em 1492, no ano seguinte iniciam-se de imediato conversações em Madrid sobre o domínio dos mares, requeridas pela Coroa portuguesa.
             
De acordo com Manuel J. Gandra , o conflito entre Colombo e D. João II deveu-se ao facto deste soberano entender controlar e orientar todo o processo para o seu próprio proveito. O reinado cesarista deste “Príncipe Perfeito”, como o alcunhou a História, ainda assim não deixando de ser assassino, e quanto no seu reinado e brilhou como luzes de Cultura e Conquista, não sendo tanto mérito seu mas mais da iniciativa dos da sua corte, é exclusivamente o resultado das ideias “humanistas e iluministas” provindas de Itália, abrindo a Renascença, entradas em Portugal reinava ainda D. Afonso V.
             
As represálias contra a nobreza que se lhe opunha, paralelamente à supressão dos concelhos e à espoliação da Ordem de Cristo, que se transforma no centro de reação anti principesca, de cujas caravelas as suas insígnias são substituídas pelas armas reais – das quais já eliminara também a cruz de Avis –, enfraqueceram substancialmente as energias nacionais.
           
 D. João II não entendeu o simbolismo expresso nas Armas portuguesas, determinando a modificação da disposição dos escudetes, dentro do Escudo de Armas de Portugal, na denominada “Operação de endireitar o Escudo”, efectuada em 1485.
            
O monarca deseja que Cristóvão Colombo o sirva incondicionalmente; sabe da sua sabedoria de mar e que, ademais, é conterrâneo alentejano pertencente à melhor cepa da árvore genealógica nacional. Isto mesmo explicita ele em carta ao almirante:«Cristóbal Colon.

             «Nós D. João [...] vos enviamos muito saudar. [...] E quanto à vossa vinda cá, certo, assim pelo que apontais como por outros respeitos para que vossa indústria e bom engenho Nos será necessário e prazer nos há muito de virdes porque o que a vós toca se dará tal forma de que vós deveis ser contente. [...] E por tanto vos rogamos e encomendamos que vossa vinda seja logo e para isso não tenhais pejo algum e vos agradeceremos e teremos muito em serviço.
Avis, 20 de Março de 1488.
 A Cristóvam Colom nosso especial amigo em Sevilha.»
            
 O certo é que Cristóvão Colombo (grafado na carta de dois modos diferentes, o último notoriamente português arcaico) não atendeu ao pedido do monarca, pois ao dirigir-se a D. João II, escreveu-lhe:

«Vós recebestes a Cristóvão Colombo, como amigo, desejastes vê-lo, e o agasalhastes no princípio com muita humanidade. Depois disto não cometeu delito algum, e deliberais sobre tirar-lhe a vida: proceder assim é faltar ao direito das gentes, e querer atropelar sem pejo as leis mais santas da sociedade»

(carta transcrita por D. Diogo de Souza em sua História de Portugal, p. 697, Lisboa, 1852). Referindo-se a este rei, Colombo já afirmara antes:

 «[...] digo milagrosamente, porque fui ter a Portugal, cujo rei entendia de descobrimentos mais do que nenhum outro: Ele (Deus) lhe atalhou a vista, ouvidos e todos os sentidos, que quase em 14 anos não lhe pude fazer compreender o que digo».

Contudo também não foi fácil ao navegador tornar aceites os seus projectos na corte de Castela, como desabafa numa carta endereçada aos monarcas castelhanos:

 «Já sabem vossas Altezas que andei sete anos em vossa corte importunando-vos por isto; nunca em todo esse tempo se achou piloto nem marinheiro, nem filósofo, nem de outra ciência que todos não dissessem que a empresa era falsa; que nunca eu encontrei ajuda de ninguém salvo de Frei António de Marchena, depois daquela de Deus eterno».
             
Esse Frei António de Marchena professaria no mosteiro de La Rabida da Ordem Terceira de São Francisco na Província de Espanha, sendo português de nação, cujo nome nos documentos mais recentes não condiz com o nos mais antigos, que confirmam o na carta de Colombo, como demonstra com todo o rigor a resposta que lhe deu Isabel, a Católica:

«Parece-nos que seria bom que levásseis convosco um bom astrólogo e parece-nos que seria bom para isso Frei António de Marchena, porque é bom astrólogo, e sempre nos pareceu que se conformava com o vosso parecer».

 Por seu turno, Las Casas também diz:

             «Segundo parece por algumas cartas de Cristóbal Colon escritas por sua mão (que eu tive nas minhas) aos Reis desta Isla Espaniola, um religioso que tinha por nome Frei António de Marchena foi quem muito o ajudou, para que a Rainha se persuadisse e aceitasse a petição. Nunca soube a que Ordem pertenceu, mas creio que fosse a de São Francisco, por conhecer que Cristóbal Colon, depois de Almirante, sempre foi devoto daquela Ordem. Tampouco consegui saber quando, nem em que ponto, nem como o favoreceu ou que entrada teve com os Reis o já dito Padre Frei António de Marchena.»

É muito natural que o consignado autor desconheça que tipo de intervenção exerceu o religioso português junto da corte castelhana. Para também não será de admirar que fosse ele o intermediário nas negociações do aprazamento de Cristóvão Colombo entre a Ordem de Cristo, o rei português e os reis de Aragão e Castela.

A verdade é que ele acompanhou sempre o almirante nas suas viagens ao Novo Mundo. Na primeira, e pela lista incompleta da equipagem que chegou até aos nossos dias, também figuravam os nomes de dois grumetes portugueses: «João Arias, filho de Lopo Arias, de Tavira, e Bernaldim, criado de Afonso, marinheiro do piloto João Rodrigues, de Mafra». Também a transação comercial com os naturais fez-se em moeda portuguesa, como relata Colombo aos soberanos espanhóis: «Vi dar 16 novelos de algodão por três ceotis de Portugal, que é uma branca de Castela...» O ceotil (nome derivado de Ceuta) foi mandado cunhar por D. João I, em comemoração exclusiva da primeira empresa marítima dos portugueses em África no ano de 1415, de que resultou a conquista dessa praça africana para o domínio português. Ademais, nos escritos que deixou à posteridade, em latim e castelhano, verifica-se nos escritos do almirante nessa última língua, bastando uma análise muito superficial, que a ortografia castelhana é arrevesada e a maioria dos termos são portugueses ou, então, aportuguesados, pois que muitos vocábulos pertencem, a rigor, à língua portuguesa, e a construção sintáxica, como era na época, é, positivamente, lusitana.
            
  Ainda que tenha oferecido a Espanha a glória inigualável da descoberta do caminho marítimo para a América, assim iniciando um novo ciclo da Civilização, contudo os louros da vitória foram depostos na cabeça do mercador italiano Américo Vespúcio, que afinal nem sequer deu o seu nome, Américo, ao continente descoberto, América, porque o seu nome verdadeiro era Alberico 23, e os naturais da costa americana onde Colombo chegou, os Amariques. Mas o poder do vil metal agitado pela política viciosa de sempre, fez cair o justo e levantar o injusto!... De maneira que Vespúcio nada teve a ver com o processo marítimo, apenas o secundou ou menos que isso, se levar-se em conta que mesmo antes de Colombo os Portugueses da Escola Naval de Sagres já haviam chegado à Terra Nova e ao Labrador 24. Vespúcio não era português nem de Sagres, mas Colombo era, e aí recolheu as informações necessárias ao sucesso da sua empresa.

O italiano genovês (a quem alguns historiadores posteriores deram-lhe gratuitamente parentesco com Cristóvão Colombo, ponto de partida da ideia in substanciada do almirante ter sido genovês) não passou de um comerciante fretador de navios, para ir sacar o que não lhe pertencia, perseguindo de longe a esquadra expedicionária, como também fez com a de Pedro Álvares Cabral. Como homem de negócios num país governado pelo papado, convinha aos reinos vassalos de Roma manter com esta as melhores relações político-económicas. O mais que Vespúcio fez, foi aproveitar-se (deixando-se aproveitar...) de tudo quanto os outros fizeram, inclusive de boa parte do conhecimento de navegação e instrumentos náuticos. A sua fama assenta nisso, e nada mais!... Cristóvão Colombo, por sua vez, foi votado ao ostracismo e à miséria, que geralmente é a recompensa dada aos Grandes Homens pelos pobres de espírito cujo agradecimento nunca vai além do interesse imediato, e é assim que consigna, no seu Diário, esta frase dolorida, referindo-se a si próprio:

 «O que te está sucedendo agora é a recompensa dos serviços que prestaste a outros amos».

Outros amos são os reis de Aragão e Castela, o que desmente formalmente a origem espanhola de Colombo, porque o seu verdadeiro amo era o rei de Portugal.
 Rei de Portugal, repressor e narcisista, portanto, tirano e egocêntrico, cuja última fase da repressão foi preparada pelo Concílio de Tentro e executada pelos “cães de fila” da ortodoxia oficial cesarista, os dominicanos (domini canes) através da Inquisição.

  A carta do monarca português ao que seria almirante, citada anteriormente, era um “salvo-conduto” para ele entrar no reino sem «que sejais preso, retido, acusado, citado, nem demandado por nenhuma causa ora cível ora crime de qualquer qualidade». Isto demonstra que Colombo não andaria nas melhores relações tanto com D. João II como nas boas graças do Santo Ofício, talvez por suspeita de partidário da Casa de Bragança, e talvez também por suspeita de heresia por simpatia às ideias cabalísticas dos sefarditas judeus.

Seja como for, o certo e que ele não atendeu ao convite do rei e ficou-se por Sevilha. Tudo isso leva-me a deduzir que terá sido com grande contrariedade que D. João II foi forçado a ceder “Cólon-Zarco” ao reino vizinho, só o tendo feito talvez por motivos político-sociais que as leis diplomáticas impunham, assim não podendo dispor do almirante para espantalho dos seus «espalhafatos de navegação», ele que não era da Ordem de Cristo e tampouco alguma vez fora ao mar. «Só o estar em Sintra e sentir o cheiro do mar, causa-me náuseas», confessou uma vez quando, por razões de Estado, contrariado teve que ir aos paços de Sintra, pois que a detestava...

Pela leitura esotérica, antes, teosófica da sua sigla, Cristóvão Colombo desvela-se o Adepto Real que foi. Os três S da sua assinatura criptográfica são os mesmos do culto pentecostal do Paracleto, que tanto os Cátaros como os Templários e os descendentes destes, os Cavaleiros de Cristo, evocavam como Sanctus Spiritus Salvatorem, que inscreviam em listeis e representavam por três S. Esse culto esteve ligado à Ordem Livery Collar, sediada no País de Gales, colar esse formado por 18 letras S, numa sequência senária das iniciais do lema Templário Sanctus Spiritus Salvatorem. Foi introduzida em Portugal pelo príncipe plantageneta John of Gaunt, ou João de Gante . O primeiro português a granjear a distinção do Livery Collar foi D. Afonso Furtado de Mendonça, em pleno reinado de D. João I.

Essa Milícia gália era para os ingleses o que a de Cristo era para nós, portugueses, e a de Montesa para os espanhóis. E tanto uma como as outras possuíam raízes Joaquimitas, logo, Parúsicas ou vocacionadas ao Advento.
 Outra Ordem, da mesma natureza e também gália, era a Rose Collar, colar esse constituído por 24 letras S, numa sequência senária do mesmo lema Templário, tendo suspensa a “Rosa de cinco pétalas” (dobradas) à qual os ingleses chamam “Tudor”. Foi Grão-mestre desta Ordem Sir Thomas Moore , que ainda viveu no mesmo século de Cristóvão Colombo, este que, ao colaborar com a Coroa espanhola, salvou a Aliança Luso-Britânica de dissolver-se, num subtil jogo diplomático, ao interferir junto da Coroa britânica por intermédio dos reis espanhóis, evitando assim que D. João II causasse mal maior ainda à harmonia política ibérica e europeia, e Portugal pudesse ter parte activa e a “parte de leão” na “partilha do Mundo”, que foi o resultado do Tratado de Tordesilhas entre os monarcas ibéricos.

O emprendiento marítima de Colombo foi, pois, planeado em Portugal e encetado em Espanha. Ele uniu a Península Ibérica e foi seu pontífice ante a América, o quinto continente, sob o signo de Aquarius, anunciando já o Ex Occidens Lux pelo prenúncio do Ex Oriens Umbra!

Igualmente é comum acreditar-se, nos meios historiográficos, que Cristóvão Colombo foi um converso judeu aventureiro, um marrano, castiço ou “cristão-novo”, por causa da sua documentação conhecida estar recheada de elementos mais judaicos que cristãos, de notórias características messiânicas, pelo que, sem nenhuma outra análise, o remetem ao cabralismo sefardita.

Está provado que no sangue de Salvador Gonçalves Zarco corria a fina essência da Nobreza de Portugal, e também os factos dos judeus terem tido uma importância inquestionável nos vectores cultural, religioso, político e económico da Idade Média e da Renascença. A tradição rabínica, patrística, era o elo de ligação entre a Sinagoga e a Igreja, entre as Escrituras Velha e Nova, como também o assento do Cognoscio Secretum que era a Tradição Iniciático Ocidental: a Kaballah, acasalada indissociavelmente com a Gnose, assim sendo o “espírito encoberto” tanto do dogma e magistério eclesial como sinagogal.



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