quarta-feira, 6 de março de 2013


Geopolítica da crise europeia e o futuro de Portugal

Um País que deixou de ser uma Nação

Em termos simples, a geopolítica trata da influência que as características geográficas dos estados (extensão, configuração e posição) têm na natureza dos seus respectivos  interesses.

Citando o exemplo de Portugal, são seus interesses "permanentes" equilibrar eventuais pressões políticas provenientes do continente europeu com relações a ocidente (através do mar), assim como uma Península Luso-espanhola multipolar, em vez de bipolar.


A actual crise europeia é influenciada pelos efeitos de duas alterações geopolíticas recentes. A reunificação da Alemanha, na sequência do fim da Guerra Fria, que Mitterrand e Thatcher tentaram evitar com receio das suas repercussões geopolíticas; e a mudança substantiva dos centros de poder mundial provenientes da emergência de grandes potências do Sul e do Oriente, materializando-se na modificação do esforço estratégico dos EUA, retraindo forças militares da Europa e concentrando-as na Ásia/Pacífico.

A reunificação alemã reconstituiu a configuração geopolítica da segunda guerra mundial. A mudança do esforço norte-americano para a Ásia confere, dentro de limites precisos (os EUA querem manter o Atlântico Norte como "lago" norte-americano), certa liberdade de ação ao jogo de poder europeu.

Este regresso ao espaço geopolítico da segunda guerra mundial fez ressurgir os dois grandes centros de poder do Centro e do Leste do continente: Moscovo e Berlim. A Oeste, os EUA, como "potência europeia", continuam como único centro de poder capaz de colmatar as fragilidades dos países que foram centros de poder no passado, França e Reino Unido.

Enquanto o centro russo e alemão tenderão a polarizar os estados que mais lhes interessem, o centro norte-americano, enquanto não percepcionar uma ameaça na Europa, limitar-se-á a impedir que os principais estados europeus ribeirinhos assumam um posicionamento hostil aos seus interesses no Atlântico.

Entre os interesses permanentes da Rússia e da Alemanha conta-se a necessidade de fronteiras defensáveis. É este interesse que impulsiona Moscovo a manter o Cáucaso, a Sul, e a avançar para o Báltico e para o controlo da Ucrânia a Oeste.

A extensão da Rússia tem substituído linhas defensivas sólidas pela condução de manobras retardadoras que desgastam o adversário ao longo das linhas de comunicações, obrigando-o a retirar do território russo, o que aconteceu com Napoleão e Hitler.
Quanto a Berlim, na ausência de obstáculos naturais contínuos onde possa defender-se, sempre procurou avançar paras as costas marítimas europeias, manobra seguida na primeira e na segunda guerra mundiais, sem êxito.

Mesmo que Berlim não tenha tido a intenção de usar a crise das dívidas soberanas dos estados europeus do Sul - para já dos periféricos, eventualmente mais tarde dos outros -, para os submeter politicamente, a situação vem-lhe propiciando um quadro de decisões que têm funcionado nesse sentido.

Os métodos de apoio alemães aos países devedores têm exigido uma austeridade que se justifica, mas sem medidas claras de apoio ao crescimento económico, o que tem reforçado a dependência dos periféricos. Ou seja, a austeridade tem funcionado como instrumento estratégico de manutenção do poder sobre os países endividados, gerando reações negativas dos seus cidadãos.

Uma eventual alteração das orientações seguidas até agora - apoiando o crescimento económico da periferia europeia - proporcionaria uma melhoria de bem-estar à região, o que poderia alterar a natureza dos laços (e dependência) com Berlim, mas teria o risco de permitir situações de desenvolvimento económico que favorecessem o caminho para uma autonomia que desagradasse aos alemães.

 Os periféricos obedecerão ao centro europeu enquanto precisarem de dinheiro; ficam em condições de se subtrair ao seu domínio quando forem criadas alternativas ao financiamento de que necessitam.



Veremos se o aumento substancial e generalizado, já anunciado, dos salários dos trabalhadores alemães, fazendo aumentar o respetivo consumo, consegue dinamizar as exportações dos países em crise para a Alemanha, substituindo a dependência da periferia em relação ao núcleo por uma interdependência que solidifique as relações mútuas, o que satisfará o interesse alemão, alargando a sua influência e poder até às costas marítimas.

Entretanto, se a Europa for evoluindo para a constituição de um bloco de poder continental a partir da Alemanha, Berlim não consentirá em relações políticas ou económicas dos periféricos com potências extraeuropeias. Assumirá diretamente esse relacionamento, colocando-se como candidato a integrar o governo mundial, ao lado de Washington, Pequim, Moscovo, Nova Deli e Brasília.

A consolidação deste bloco de poder poderá criar imensos problemas aos países ribeirinhos do Atlântico que o integrem,
nomeadamente a Portugal, o que dependerá do posicionamento que uma Alemanha imperial adote em relação aos EUA,
cuja posição de potência marítima dominante tem todas as condições para perdurar. Precisarão de manter na sua órbita o triângulo estratégico português (Lisboa/Funchal/Ponta Delgada), assim como as posições chave que lhes permitam dominar as linhas de abordagem marítima ao continente.


Como estas posições terão igual importância estratégica para o bloco continental, será muito grande a probabilidade de elas serem disputadas entre os dois grandes poderes (marítimo e continental), o que colocará novamente Portugal no caminho dos conflitos.


Os erros da geopolítica de Portugal


A triste figura da política externa subserviente, pretensiosa e invejosa de um país com uma atávica mania de grandeza e baixa auto-estima.
Com o fracasso do éden global do Quinto Império, Portugal contenta-se agora em emular e desejar a “grandeza” de alguns, em vez de se unir ao Sul emergente, ao qual de fato pertence e ajudou a formar.
Opta pela miragem dos bárbaros do Norte .
A triste figura de Portugal e sua política externa subserviente, um país que, um dia, pretendeu fundar o V Império (o que é o “Quinto Império” ” no contexto do colonialismo e do processo de descolonização ).
Se queria realmente um papel de proeminência, era ao lado das ex-colónias, e do Sul de um modo geral, que tinha que se posicionar. Foi, mal ou bem, o berço de muitos países que hoje despontam para um papel mais importante na geopolítica mundial (por enquanto, Brasil à frente, disparado, mas, quem sabe mais tarde, Angola, Moçambique e outros).
Mas não, continua com a velha convicção megalomaníaca (sem nenhuma conexão com a realidade, desde há, no mínimo, quase 200 anos, mas poderíamos dizer até que há mais tempo) de que é tão grande quanto certos outros. É desses outros que deduz a “grandeza” que quer para si, e como nunca a alcança, segue-os como um carneirinho.
Ausência completa de noção, quiçá um caso de distúrbio colectivo de personalidade.
De frente para trás, alguns exemplos quixotescos recentes dessa subserviência patológica e da mania de grandeza atávica, que ainda persistem :
1) Portugal, com assento temporário no Conselho de Segurança da ONU, vota, ao lado de Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha contra a resolução que condena o uso de mercenários e empresas de segurança privada. (lembrando o papel importante que essas entidades tiveram na recente intervenção na Líbia)
2) Portugal, com assento temporário no Conselho de Segurança da ONU, vota, ao lado de Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha a favor de uma resolução exigindo da Síria “o fim imediato de toda a violência”; (resolução derrubada pelo inédito veto conjunto de Rússia e China)
3) Portugal, membro da OTAN, propondo, em 2010, que a organização ampliasse a sua presença no Atlântico Sul, onde o país lusitano teria papel de destaque dada a proximidade histórica, afectiva e linguística com importantes nações sul-atlânticas. Isto estava no contexto da discussão sobre o novo papel global da OTAN, que ampliaria o seu escopo inicial restrito à Europa para o mundo inteiro, o que acabou por ser ratificado e assinado na Convenção de Lisboa, em 2010 (o papel global da OTAN, não o papel ridículo de Portugal).
Portugal não existe


Sejamos realistas. Olhemos para este lugar com uma visão diferente e pensemos tudo de novo, porque Portugal não existe.

Há três ou quatro anos atrás foi muito comentada uma sondagem em que 27% dos inquiridos era favorável ao desaparecimento de Portugal através da integração na Espanha. Entretanto, um estudo realizado pela Universidade de Salamanca concluiu que 1/3 dos espanhóis aceitaria a união dos dois países. Houve por aí um grande alarido. Espantaram-se uns, indignaram-se outros e a minoria sentiu-se decerto aliviada pelo facto de sermos bastante menos minoritários do que supúnhamos. Todavia, reina uma confusão quando se fala de Portugal, porque se está a dar o mesmo nome a duas coisas muito diferentes.
Uma coisa é o Portugal que terminou em 1580 ao integrar-se nos domínios de um Habsburgo do ramo ibérico; outra coisa é o Portugal onde sessenta anos depois, aproveitando a crise do império dos Filipes, uma pequena conspiração colocou no trono uma dinastia nativa.

Anónimo do séc. XV, Ecce Homo
Uma recente troca de comentários num artigo publicado neste site, em que eu perdi algum tempo a participar, recordou-me até que ponto a extrema-esquerda padece de uma indiferença à arte quando está fora do poder — porque quando obtém alguma influência sobre os acontecimentos logo descobre que os artistas são os piores inimigos se não forem úteis propagandistas. Mas eu, que considero as artes plásticas o assunto mais importante da vida e também o mais significativo, posso demonstrar rapidamente que se trata de dois Portugais distintos. 

Vejamos a linhagem da pintura que vai desde o Ecce Homo de um mestre desconhecido, desde Nuno Gonçalves, do mestre da Lourinhã, de Vasco Fernandes até chegar a Gregório Lopes, a Cristóvão de Figueiredo e a Cristóvão Morais. E o Domingos Vieira que em 1635 pintou aquele assombroso retrato de D. Isabel de Moura só se pode entender no contexto amplamente ibérico que o influenciou e formou, não no do Portugal estabelecido cinco anos depois, onde o rei João IV se faria retratar pelo artífice Avelar Rebelo a quem mesmo um fidalgo de província como ele deveria ter tido vergonha de recorrer. Depois do hiato na pintura portuguesa quem veio? Josefa de Óbidos! Não era o mesmo país. Era um país diferente, com o mesmo nome.


Domingos Vieira, Retrato de D. Isabel de Moura
O Portugal de antes de 1580 expandira-se por todo o lado, mas, em vez de lhe esgotar a seiva interna, isso como que o renovara. E a par das espoliações e das atrocidades restou uma cultura capaz de reflecti las, ao mesmo tempo elogiosa e criticamente. Houve Camões e também Fernão Mendes Pinto e a História Trágico-Marítima, e houve Diogo do Couto. Por isso aquele Portugal conta no mundo. Pelo facto de enviar a sua gente desde o Japão até ao Amazonas o país não deixara de existir no ocidente das Espanhas.

Mas o Portugal nascido em 1640, o país dos Braganças, da Josefa de Óbidos e da doçaria freirática, foi incapaz de criar dentro das suas fronteiras uma cultura própria. Enquanto a depauperação de Portugal era consagrada em 1703 com a assinatura do tratado dito de Methuen, o Brasil desenvolvia-se economicamente, e apesar de todo o ouro que João V de lá tirou, foi no Brasil e não em Mafra nem em Lisboa no Largo da Misericórdia que se edificou uma grande arquitectura barroca, foi lá que surgiu uma inventiva escultura barroca, foi lá que se fez ouvir uma corrente original de música barroca. Aliás, o pouco de bom como algum do mau dos edifícios barrocos portugueses foi a arquitectos estrangeiros que se deveu. Já capital económica do império, o Brasil depressa passara a ser também a sua capital cultural. Portugal tinha-se esvaziado de conteúdo, o que havia estava no Brasil. E quando a metrópole quis aproveitar simultaneamente Angola, apesar do engenho e da diligência de Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, foi incapaz de fazê-lo. Portugal não chegava para duas colónias ao mesmo tempo. Até que, fugindo a um general francês que nem marechal era, o monarca foi levado pelos britânicos para o Brasil. E a colónia, que já assumira a hegemonia económica e cultural, converteu-se na cabeça política do império.

Avelar Rebelo, Retrato de D. João IV
Aliás, a propósito da fuga de João VI vale a pena reflectir em algo a que geralmente não se presta atenção. Também a Espanha se encontrava sem família real, que Napoleão atraíra a uma cilada e fizera prender. E isto não impediu que toda a população espanhola se erguesse maciçamente contra o ocupante francês numa guerrilha indomável e pertinaz. Os historiadores meditam por vezes, sem resultado, sobre as razões que fizeram o povo espanhol revoltar-se enquanto as nações de língua alemã permaneceram submissas a Napoleão e deixaram os seus improvisados chefes guerrilheiros sem apoio e quase sem seguidores, só tardiamente se sublevando alguns estados alemães. Mas a minha interrogação é outra, e eu gostaria de saber por que motivo os portugueses, aqui, ao lado da Espanha, não fizeram contra os invasores o mesmo que os espanhóis?

Retomo o fio da minha reflexão, com João VI já no Rio de Janeiro. Alguns anos depois, rezam os manuais, o Brasil tornou-se independente. Mas isto é falso, quem se tornou independente em 1822, ou melhor, quem foi tornado independente contra a sua vontade, foi Portugal. No Brasil o herdeiro da coroa fez o que todos eles gostam de fazer quando podem, apressou um pouco a data do acesso ao trono, e na perfeita continuidade dinástica declarou que o Brasil dispensava a metrópole. Numa carta enviada ao pai em Junho de 1822 o príncipe Pedro, nas vésperas de se arvorar em imperador, definiu como «estados independentes» «os que de nada carecem, como o Brasil», e pondo os pontos nos is acrescentou: «Portugal é hoje em dia um estado de quarta ordem e necessitado, por consequência dependente».

Josefa de Óbidos, O Menino Jesus Salvador do Mundo

Quando em Portugal as Cortes souberam que haviam ficado sem o Brasil enviaram uma missiva ao poder executivo perguntando quantas e quais eram as colónias portuguesas e, mais especificamente, se Timor e Solor pertenciam ou não a Portugal. E note-se que os deputados daquela época eram o escol da nação, os principais negociantes, os juízes mais cultos, os burocratas mais instruídos, os oficiais do exército que sabiam matemática. Aquela interrogação é duplamente curiosa, por um lado porque mostra a verdadeira dimensão do império colonial. O que realmente contava para o Portugal gerado em 1640 era uma metrópole colada como adesivo ao Brasil. Por outro lado, mais interessante ainda me parece ser a reacção da elite política, económica e militar, que logo que soube que ficara sem colónia a ocidente se lembrou de que existiam outras a sul e no oriente. A elite portuguesa, reunida nas Cortes liberais, não pensou na possibilidade de construir alguma coisa dentro das fronteiras do reino.
Com efeito, será o mais lúcido dos herdeiros do liberalismo vintista quem irá orientar Portugal e os portugueses para África. A imperturbável coragem física de Sá da Bandeira só tinha equivalente na sua enorme curiosidade intelectual, e ambas alicerçaram uma notável inteligência prática. Mas ao mandar os portugueses caminharem a partir das costas africanas, onde até então se haviam localizado os seus empórios comerciais, para ocuparem espaços de colonização no interior do continente e «construir outro Brasil em África», Sá da Bandeira desencadeou um processo que forneceu a ocasião, quando não só o pretexto, para um movimento idêntico por parte de metrópoles muitíssimo mais poderosas. O tratado de Berlim e depois o ultimatum britânico, que cercearam as aspirações africanas dos liberais portugueses, foram a consequência última, e de todo imprevisível, do arrojo com que Sá da Bandeira havia reconhecido a impossibilidade de dar nova vida a Portugal só nas fronteiras ibéricas.

E foi o ultimatum britânico que ditou a falência da monarquia, mostrando que os Braganças eram incapazes de levar a cabo a regeneração do país pelo colonialismo, uma vocação que Eça de Queiroz enunciou simbolicamente através da regeneração da casa ilustre de Ramires. Tornada patente e pública a inépcia da coroa nas questões coloniais, o Partido Republicano, que até à data do ultimato fora visto como um clube de lunáticos, adquiriu um crescente apoio popular, que lhe possibilitaria vinte anos depois espantar o rei para a Ericeira e após dois dias de canhoneio na capital proclamar a república. Logicamente, o Partido Democrático não poderia senão precipitar o país na primeira guerra mundial, para que Portugal se sentasse ao lado dos vencedores aquando da distribuição dos despojos, e já que decerto não receberia nada — ninguém contava com isso — pelo menos que não perdesse o que tinha.
Salazar foi, nesta perspectiva, inteiramente lúcido quando, em Março de 1961, proclamou «para Angola, e em força». Os «ventos da mudança» de que os outros falavam não sopravam aqui, porque a Grã-Bretanha pôde ver as suas colónias emanciparem-se sem que houvesse quaisquer riscos de perda de identidade da metrópole. Nem a França, ou mais exactamente Paris, deixou de ser o que era pelo facto de a África Ocidental e Equatorial Francesa, Madagáscar e a Indochina terem deixado de ser o que haviam sido. Até a pequenina Holanda soube ser um país estritamente europeu, próspero na economia e modelar na cultura, sem as suas Índias Orientais. Mas Portugal?

O golpe militar de 25 de Abril de 1974, todos sabemos, não se destinou originariamente a acabar com o fascismo, mas a demitir um governo que não queria pôr cobro à guerra em três colónias, embora os oficiais e os soldados sentissem que era impossível vencer. O derrube do fascismo veio por acréscimo, uma espécie de brinde que obtivemos dos movimentos de libertação africanos. Mas merecemos-lo, porque durante um ano e meio fizemos qualquer coisa de inédito, que nunca havia sido experimentado no Portugal nascido em 1640, tentámos inventar um país dentro das fronteiras portuguesas. De uma maneira ou de outra, ou de várias maneiras ao mesmo tempo, a extrema-esquerda procurou em 1974 e 1975 criar um Portugal inteiramente novo, económica e socialmente, e que fosse um país original no mundo, capaz de trazer soluções diferentes, que ninguém tivesse feito nem visto. E fomos derrotados.
Não creio que a esquerda anti capitalista  apesar de contar já dois séculos de derrotas sucessivas — e, naturalmente, no combate ao capitalismo só poderá haver uma vitória, que é a última — se tenha apercebido até que ponto as derrotas são profundas quando são impostas no plano social mais do que no político. No plano social as derrotas consistem na verdadeira desorganização e reorganização da classe trabalhadora, na destruição dos seus elos mais fortes de solidariedade, na dissolução dos seus centros de resistência tradicionais, no apagamento da sua memória e numa re-hierarquização interna, que é a condição da submissão aos exploradores. E assim, fracassada a tentativa de 1974 e 1975, voltámos plenamente ao Portugal de 1640, incapaz de existir nas suas fronteiras próprias porque é desprovido de tudo, e já sem lugar para onde ir além dos mares.

A adesão de Portugal à Comunidade Europeia foi um logro para os outros países europeus, que pensaram que tinham adquirido alguma coisa e afinal ficaram só com um terminal de camiões TIR e umas dezenas de centros comerciais e de estádios de futebol. Um país sem economia, e sem vida autónoma nem identidade cultural também.
Tudo o que a esquerda portuguesa consegue hoje fazer é reclamar ao primeiro-ministro que adopte outra política, como se Lisboa fosse um centro soberano e o governo pudesse escolher. 
A soberania das principais nações entrou em declínio desde que as grandes companhias industriais e de serviços adquiriram uma dimensão trans nacional e puderam iludir as determinações dos governos, e desde que os grandes bancos e as grandes companhias financeiras se tornaram igualmente trans nacionais e deixaram de ser fiscalizados nos espaços nacionais. 

Para um país como Portugal, cuja economia é responsável por apenas 1,8% do Produto Interno Bruto da zona do euro, não é sequer de declínio da soberania que se deve falar, mas de extinção. O governo, quem quer que seja o primeiro-ministro, não pode adoptar outra política além da ditada em Bruxelas e no Banco Central Europeu. E como considerar o recente interesse pela eleição de um presidente da República senão como um exercício de futilidade? O governo não existe. E existe Portugal? O Portugal de 1640 só conseguiu subsistir projectado em espaços coloniais. E o Portugal de 1974 e 1975 desapareceu até da memória dos que o tentaram construir. Agora a extrema-esquerda portuguesa, ou aquilo que aqui passa por extrema-esquerda, reclama que a Confederação Geral do Trabalho faça uma revolução que os sindicatos não querem fazer e que nós somos impotentes para prosseguir. 

Sejamos realistas. Olhemos para este lugar com uma visão diferente e pensemos tudo de novo, porque Portugal não existe.

PORTUGAL e a LUSOFONIA será este o nosso Futuro?

Sobre a forma como a “Europa do Norte” olha para a Europa do Sul e da falta de um “Sentimento Europeu”

Todas estas notícias que agora abundam em meios anglo-saxónicos e germânicos sobre a situação financeira nos países do sul da Europa e, sobretudo, de Portugal, resulta em grande medida de um acumular de preconceitos que têm muito de racistas. É isso que acaba por dizer o embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa, num artigo publicado recentemente no jornal “La Tribune”.

Estes preconceitos contra Portugal sempre inquinaram a opinião dos países do norte da Europa contra Portugal e contagiaram agora as agências de rating e até os elementos mais imbecis da “Comissão Barroso”.

O embaixador recorda que Portugal – ao contrário da Grécia – nunca falsificou orçamentos nem contas públicas e que – ao contrário de muitos países – nunca deixou de honrar todas as suas obrigações internacionais e financeiras. Seixas da Costa recorda que os europeus do norte que na década de oitenta diziam que Portugal não tinha condições para se juntar à CEE e que na década de 90 alegavam que o país não se devia juntar ao euro, são agora os mesmos que o comparam à Grécia e a Espanha…

Um destes cépticos foi Jacques Chirac que terá confessado achar que os portugueses eram todos “analfabetos”. Ora se esta é a gente que domina a União Europeia, agora que no Tratado de Lisboa, assume uma forma mais federalista do que nunca, então será que devemos continuar a olhar para estes europeus do norte como verdadeiros parceiros?

A Europa do Norte nunca foi capaz de olhar para a Europa do Sul com verdadeiros sentimentos de comunhão e comunidade e não o fará nunca. E se assim é, nunca haverá uma verdadeira “União Europeia”, mas uma “Federação Europeia” dominada pelo diretório dos Grandes do Norte da Europa.

 E desta “Europa”, Portugal não deve fazer parte… Abrindo assim pensamento, estratégia e motivação para buscar outras vias. Nomeadamente na Lusofonia.


Portugal na estratégia Alemã, aproximação a Lusofonia

Estratégia da Alemanha, por conseguinte, ainda está bloqueado no paradigma da UE. No entanto, se o paradigma UE se tornar insuportável, então outras estratégias terão de ser encontradas. A relação russo-alemão já existe e está se aprofundando. Alemanha pensa da mesma no contexto da União Europeia, mas, se a União Europeia se enfraquecer, a Rússia se torne alternativa natural da Alemanha.

A África é a próxima meta da OTAN que oculta os pretextos da expansão global dos E.U.A.
Martin Schulz, eurodeputado alemão que é o novo presidente do Parlamento Europeu, teorizou sobre o “declínio de Portugal” e criticou as suas relações com Angola, mas a sua chanceler privilegia relações com o Estado Angolano.

A senhora Merkel tornou-se a primeira chefe de um governo alemão a visitar Angola à frente de uma comitiva de 110 pessoas. A chanceler, que se deslocou igualmente ao Quénia e à Nigéria já no âmbito de uma estratégia organizada em relação a África, prosseguiu desta maneira a reativação das relações especiais políticas, económicas e comerciais entre Berlim e Luanda que foram perturbadas pela crise de 2008 mas já vinham registando avanços desde a visita oficial de José Eduardo dos Santos a Angola em 2009. Essa foi também a primeira visita de um chefe de Estado angolano a Berlim.

Embora estando ainda no período inicial da sua presidência do Parlamento Europeu, o eurodeputado alemão social democrata Martin Schulz considera que Portugal deveria privilegiar mais as suas relações no espaço europeu e não tanto com países de outros continentes, designadamente com Angola.

No entanto, a visita da sua chanceler a Angola decorreu apenas um mês depois de Berlim ter aprovado uma “estratégia para África” após um longo trabalho de reflexão que envolveu todos os ministérios federais, os grupos parlamentares, associações do sector privado, fundações, organizações não governamentais, agentes culturais, igrejas, sindicatos e especialistas. Angola foi o país escolhido para o início da aplicação desta nova estratégia alemã.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, “a estratégia para África deve assegurar sobretudo a coerência da política do Governo Federal” em relação ao continente e “projecção da Alemanha em África de uma maneira uniforme”.

O ministro considera ainda que em África “presenciamos talvez a confirmação mais fascinante de um mundo em mudança”, pelo que “queremos abrir um novo capítulo nas relações com o continente vizinho” num espírito de parceria. Peter Hintze, secretário de Estado parlamentar do Ministério da Economia, definiu este objectivo como “uma parceria justa” na qual “questões económicas e recursos energéticos e naturais desempenham um papel central no nosso conceito de África”.

Na sua visita a Angola, a chefe do governo alemão avistou-se com o presidente José Eduardo dos Santos e assinou um Memorando de Entendimento e uma Declaração de Intenções dos dois governos nos domínios da política, economia, educação, ciência e tecnologia. Avistou-se também com representantes da sociedade civil e com o presidente da UNITA, Isaías Samakuva.

Deputados da delegação encontraram-se com o presidente da Assembleia Nacional e com representantes de todos os grupos parlamentares nela representados.
Angola é o terceiro parceiro comercial da Alemanha na África Subsariana  a seguir à África do Sul e à Nigéria.

Empresas industriais alemãs estão cada vez mais interessadas em investir em Angola e os dois países têm igualmente relações muito activas no domínio da Agricultura. O ministro angolano da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, Paulo Canga, visitou Berlim em Janeiro último e discutiu com representantes alemães a cooperação futura no domínio agrícola numa perspectiva da diversificação da economia de Angola e da criação de postos de trabalho nas zonas rurais.


Perante os cenários atrás expostos poucas alternativas restam a PORTUGAL.

  1.   A EU em declínio com a Alemanha com um pé  um pé lá (EEUU).
  2.  Os países Mediterrânicos pouco interessados em Portugal
  3. A possível saída da Inglaterra da EU
  4.   A crise económica e a queda do EURO
  5.   A Nossa localização muito longe do centro da Europa e da nova EEUU
  6. A ultima reunião do Club Med (Espanha, Itália, Grécia) em que Portugal não foi convidado

Aonde as nossas pseudo elites nos levaram

Talvez a solução passe por meter uma cunha ao Senhor para mandar o D. Dinis o pai da nacionalidade, para reorganizar estes País novamente que deixou de ser uma Nação.



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